sábado, 24 de março de 2012

PAPA BENTO XVI EM CUBA

Com a aproximação dos dias em que se irá realizar a visita Papal, que terá início no próximo dia 26 de Março em Santiago de Cuba, têm vindo a intensificar-se algumas acções provocatórias organizadas pelos auto-denominados “dissidentes” pagos por uma potência estrangeira e ao seu serviço, com o objectivo de desvalorizar esta importante peregrinação para todos os católicos cubanos.

Foi assim que um pequeno grupo de 13 cidadãos, bem conhecidos pelas suas actividades mercenárias e intitulando-se representantes de um desconhecido Partido Republicano de Cuba com sede em Miami (onde mais poderia ser?) ocuparam sem autorização durante mais de 48 horas a Basílica de Nossa Senhora da Caridade, em Havana, não acatando o pedido das autoridades eclesiásticas para que abandonassem o local, até porque estavam impedindo o normal funcionamento das cerimónias litúrgicas que ali se realizam diariamente.

Não obstante os inúmeros esforços da hierarquia da Igreja para pôr fim a esta situação, que descreveu como “uma acção cujo propósito é criar situações críticas à medida que se aproxima a visita do Papa Bento XVI a Cuba”, a resposta dos ocupantes foi sempre negativa, levando a que o Cardeal D. Jaime Ortega solicitasse às autoridades governamentais a reposição da ordem, o que foi feito pacificamente e apenas com a passagem por uma delegação policial a fim de identificar formalmente os prevaricadores, sem qualquer outra consequência a pedido da Igreja.

Sabe-se entretanto, que os grupelhos de Miami se preparam para navegar com os seus iates até ao limite das águas territoriais cubanas no dia em que o Papa está em Havana, para se manifestarem contra a sua visita e em oposição à condenação do Vaticano ao criminoso bloqueio económico e financeiro praticado pelos EUA contra Cuba há mais de 50 anos, considerando a Santa Sé que “o embargo é algo que faz com que as pessoas sofram as consequências do mesmo, não se alcançando qualquer objectivo de um bem maior para o povo”.

Ao contrário do que muitas vezes é apregoado, em Cuba pratica-se uma ampla liberdade religiosa que se expressa tanto em documentos de força legal, como na existência de um diversificado universo religioso em que os cubanos praticam e organizam as suas crenças através de variadas instituições e organizações religiosas.

A Constituição da República de Cuba, aprovada por plebiscito popular em 1976 com os votos favoráveis de 97,7% do eleitorado, estabelece em cinco dos seus artigos a separação entre a Igreja e o Estado, garantindo a igualdade de todas as manifestações religiosas perante a Lei e o direito de todos os cidadãos a professar o culto religioso da sua preferência, a mudar a sua crença ou até a não ter nenhuma.

O Estado não subvenciona nenhuma instituição religiosa nem interfere no seu funcionamento interno, sendo estas as proprietárias e administradoras dos seus bens móveis e imóveis, incluindo os templos e outros edifícios.

A República de Cuba e o Estado do Vaticano mantêm relações diplomáticas ao nível de Embaixada e de Nunciatura Apostólica desde 1935 sem qualquer interrupção, possuindo a Igreja Católica em Cuba um Cardeal e quinze Bispos, distribuídos pelo dobro das dioceses que existiam antes do triunfo da Revolução, o que revela bem a total independência e liberdade com que se tem desenvolvido por todo o país com mais de 600 templos em pleno funcionamento, de onde sobressaiem a Catedral de Havana, a Catedral de Santiago de Cuba e o Santuário Nacional de “Nuestra Señora de la Virgen de la Caridad del Cobre” onde se encontra a imagem encontrada em 1512 na Baía de Nipe e considerada por muitos cubanos Patrona do país.


(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 23/03/2012)

domingo, 18 de março de 2012

13 de Março de 1957

A riquíssima história cubana contém factos reais que por vezes passam despercebidos ante alguns acontecimentos de maior relevância ocorridos na mesma época, mas que foram de extraordinária importância para a concretização dos objectivos que concertadamente foram delineados pelas organizações envolvidas.

É assim que em 1956 teve lugar no México uma reunião entre alguns dirigentes do Movimento 26 de Julho liderado por Fidel Castro e o Directório Revolucionário representado por José António Echeverria, com o objectivo de coordenar os planos de acção de ambas as organizações em relação à luta armada que se iniciaria a partir desse momento, com vista ao derrube do governo fantoche de Batista, dando lugar à “Carta de México”, um pacto que constituiu um passo importante na unificação das forças revolucionárias.

Com base na estratégia delineada e já com os combatentes do Movimento 26 de Julho instalados na Sierra Maestra, são intensificadas várias acções por todo o país que geralmente culminam em choques sangrentos com a polícia do regime. É assim que no dia 13 de Março de 1957 (fez esta semana 55 anos) um grupo de estudantes universitários inseridos no Directório Revolucionário e comandados por José António Echeverria empreendeu o assalto ao Palácio Presidencial, em Havana, de onde viria a resultar a morte deste lutador pela liberdade e independência com apenas 24 anos de idade.

Hoje, esta acção, é vista aos olhos do povo cubano como exemplo de heroísmo sem limites, de valor a toda a prova e de entrega absoluta no cumprimento do dever para com a Pátria.

Tal como dizia José Marti: “Se caímos, que o nosso sangue assinale o caminho da liberdade. Porque tenha ou não a nossa acção o êxito que esperamos, a comoção que originará nos fará avançar na senda do triunfo. Mas é a acção do povo a que será decisiva para o alcançar”.

Ao longo de todo o período da luta armada muitos foram os que caíram em combate ou que depois de presos foram assassinados, mas isso não desmotivou os verdadeiros revolucionários que aspiravam por um futuro melhor para as gerações vindouras, sacrificando inclusive a sua própria vida tal como já o haviam feito os heróis pela independência no século passado.

O triunfo da luta armada e o assumir do poder só foi possível com o apoio do povo, mas a Revolução é dinâmica e faz-se no dia a dia com todos e para todos, porque só assim terá razão de ser e só assim prestará a verdadeira homenagem a todos os que se bateram por ela.

NOTA: Na passada semana e por razões que só a tecnologia justifica, o endereço de Email para onde podem pedir informações sobre as Brigadas de Solidariedade saiu com um pequeno erro. O correcto é:
associacaojosemarti@gmail.com



(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 16/03/2012)

sexta-feira, 9 de março de 2012

ICAP

Com o objectivo de promover as relações de solidariedade universal suscitadas pela Revolução Cubana em todo o mundo e assim viabilizar o interesse de vários sectores populares em visitar o país e conhecer de perto as transformações sociais, políticas e económicas operadas pela Revolução, foi criado em 30 de Dezembro de 1960 o ICAP – Instituto Cubano de Amizade com os Povos.

Daí para cá foi-se desenvolvendo um árduo trabalho, sendo implantadas delegações do Instituto em todas as províncias, prestando o ICAP todo o apoio às pessoas, grupos ou instituições que elevam a sua voz solidária para condenar o criminoso bloqueio imposto a Cuba pelos sucessivos governos dos EUA que não respeitam a independência e o direito da livre autodeterminação dos povos.

O ICAP organiza anualmente em conjunto com o Movimento Mundial de Solidariedade com Cuba as Brigadas Internacionais de Trabalho Voluntário que chegam a Cuba oriundas de praticamente todo o mundo e que são acolhidas no Acampamento Internacional Julio António Mella, situado a cerca de 40 quilómetros de Havana.

O ICAP participa também na atenção a milhares de jovens bolsistas estrangeiros provenientes dos países do Terceiro Mundo que chegam a Cuba para realizarem a sua formação académica, ajudando à sua completa integração nas várias universidades espalhadas pelo país.

Mas o ICAP não é somente um veículo para fazer chegar ao povo cubano os bens materiais da solidariedade mundial, como também, como todo o povo cubano, tem orgulho e satisfação em a retribuir, segundo o princípio de que a solidariedade não só beneficia quem a recebe, como também enobrece quem a pratica.

É assim que para o corrente ano o ICAP tem já programadas três importantes Brigadas, nomeadamente a “VI Brigada Internacional 1.º de Maio”, de 22 de Abril a 6 de Maio, cujo ponto alto será a participação no desfile do Dia do Trabalhador, o “41.º Contingente da Brigada Internacional de Trabalho José Marti”, de 2 a 20 de Julho, que conta com um vasto programa social e a “Brigada Internacional pelos Caminhos do Che”, de 30 de Setembro a 14 de Outubro, assinalando o 45.º aniversário do assassinato do Comandante Che Guevara.

Todas as Brigadas têm uma forte componente social, cultural e lúdica, para além do franco convívio que sempre se estabelece entre cubanos e brigadistas que se deslocam de todo o mundo, numa mescla de saberes e experiências que fraternalmente são intercambiados durante estes dias que são passados em comum, iniciando-se aí fortes amizades sinceras e duradoras.

Porque a descrição completa dos programas não cabem nestas curtas linhas, os interessados em mais informações sobre as Brigadas ou sobre a organização de quaisquer outras viagens de carácter social a Cuba poderão solicitá-las através do mail: associacaojosemarti@gmail.com.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 09/03/2012)

segunda-feira, 5 de março de 2012

FEIRA DO LIVRO E BTL

Com a visita de mais de 270.000 pessoas e vendas superiores a 600.000 exemplares, encerrou-se a primeira fase da 21.ª Feira Internacional do Livro de Cuba que se realizou na antiga “Fortaleza de San Carlos de la Cabaña” em Havana, seguindo agora por mais oito Províncias e terminando no próximo mês de Março em Santiago de Cuba.

Nesta edição dedicada às culturas do Caribe com o lema “Ler é Crescer” participam cerca de 260 escritores, artistas e intelectuais convidados e oriundos de 41 países, entre eles o escultor argentino Adolfo Pérez Esquível, Prémio Nobel da Paz em 1980, o escritor mexicano Sérgio Pitol, Prémio Cervantes 2005, o jornalista hispano-francês Ignacio Ramonet e o cantor portorriquenho Danny Rivera, contando com uma oferta de 840 novidades editoriais e prevendo-se que as vendas atinjam mais de 4,5 milhões de exemplares. Para o próximo ano estará em destaque a literatura angolana.

Com o triunfo da Revolução deu-se início à Campanha de Alfabetização e ao estabelecimento de uma verdadeira e universal política educacional, a qual deu origem à criação da Imprensa Nacional e mais tarde Instituto do Livro, provocando um progressivo interesse do povo pela leitura e favorecendo o desenvolvimento da indústria editorial cubana.

É assim que, criadas as condições, surge em 1982 a primeira Feira Internacional do Livro de Cuba com o lema “O livro fonte de amizade entre os povos” e com uma periodicidade bianual, passando a partir de 1998 a anual, concebido como um espaço de diálogo entre as literaturas da América Latina, Europa e as provenientes de outras culturas que habitualmente participam no evento.

Mas esta Feira não é apenas um espaço de exposição e venda de livros, pois conta também com um vasto programa de actividades paralelas que incluem a animação cultural, colóquios, mesas redondas, conferências, exposições de artes plásticas, obras de teatro, mostras de cinema, dança e concertos de música clássica e popular, constituindo um importante encontro cultural da população que acorre massivamente a este certame.

Foi assim que, aproveitando a ocasião, o Comandante-em-Chefe Fidel Castro fez uma visita surpresa, tendo-se reunido durante nove horas com intelectuais de 22 países, debatendo com uma energia impressionante os mais variados temas da actualidade, pedindo aos presentes para que “lutem pela paz sem se deixarem vencer pelo pessimismo”.

E por falar em Feiras, quero lembrar que a Bolsa de Turismo de Lisboa teve início na quarta-feira e que se prolongará até domingo dia 4 de Março, podendo todos os interessados passar pelo “stand” de Cuba para poderem esclarecer qualquer dúvida sobre este excelente destino turístico, bem como desfrutar da animação e até de um “mojito” que com todo o prazer a delegação cubana terá à disposição para oferecer. Eu estarei por lá e espero a vossa visita.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 02/03/2012)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

MUSEUS E PATRIMÓNIO

Para que se tenha uma pequena ideia de como era tratada a cultura em Cuba até ao triunfo da Revolução em 1959, basta apenas lembrar que apenas existiam sete Museus em todo o país e a maioria deles privados, fazendo parte de um património particular só acessível às elites da época, onde a população não podia usufruir de um importante espólio histórico e cultural que deveria ser acessível a todos.

Hoje o panorama é bem diferente, existindo cerca de 250 entre nacionais e municipais, fruto de algumas aquisições, mas principalmente das doações voluntárias da população, destacando-se o Museu da Revolução, o Museu da Cidade, o Museu da Alfabetização, o Museu de Belas Artes e o Museu Napoleónico, considerado o 2.º mais importante do mundo a seguir ao de Paris.

Mas existem muitos outros que pelas suas particularidades também são de realçar, como o Museu Indocubano que conta com mais de 22.000 peças pré-coloniais, o Museu San Severino em Matanzas designado pela UNESCO como parte da Rota dos Escravos, assim como o Museu da Pirataria em Santiago de Cuba, instalado no “Castillo del Morro”.

Para além dos Museus, é de salientar que a UNESCO tem distinguido vários locais de Cuba como Património da Humanidade, tais como, entre outros, o Centro Histórico de Havana Velha e o seu Sistema de Fortificações Coloniais (1982), a Cidade de Trinidad e o Vale dos Engenhos (1988), o Parque Nacional do Desembarque do Granma (1999), o Centro Histórico da Cidade de Cienfuegos (2005) e o Centro Histórico da Cidade de Camaguey (2008).

Um aspecto a destacar desta riqueza nacional é a interligação que existe com o sector da Educação, pois não se trata apenas de exibir valiosas peças museológicas ou preservar os locais para turista ver, como também de contribuir para o desenvolvimento do saber e do pensamento do povo, incutindo-lhe o gosto pelos aspectos históricos e culturais. Por isso e de modo continuado são realizadas visitas escolares dos vários graus de ensino, bem como organizadas conferências e exposições temporárias, resultando num dinamismo constante daqueles espaços.

Como reconhecimento desta demonstração efectiva da rede cultural, do seu funcionamento e do seu equilíbrio, foi atribuído recentemente pelos países Europeus o Prémio “Eureka” à “Oficina do Historiador da Cidade” pelo excelente trabalho de recuperação de um património que é de todos e que tem de ser preservado.

Só a Cidade de Havana tem mais de duas centenas de edifícios coloniais classificados, pelo que considero imprescindível e recomendo a quem estuda arquitectura, urbanismo ou história de arte, que reserve algum tempo para uma visita de carácter educativo quando forem passar férias a Cuba.

Como muitas vezes tenho afirmado, Cuba não é só sol, praia e rum. Cuba tem muitos outros aspectos importantes a explorar e quem o faz, fica sempre com vontade de voltar.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 17/02/2012)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

MENOS JÓVENS

Ultimamente muito se tem falado em Portugal sobre os idosos que morrem sós em suas casas e que pelo abandono a que estão sujeitos, só ao fim de dias, semanas, meses e até anos, são descobertos os seus corpos já em decomposição. As instituições, desde Governo e Câmaras Municipais a Misericórdias e Associações, desdobram-se agora em encontrar soluções para minorar esta fatalidade de quem envelhece e fica entregue à sua triste condição.


Perguntaram-me há dias se isto também se passava em Cuba ou como era encarado por lá o problema.

Pelo que conheço, dificilmente poderão ocorrer situações semelhantes em Cuba, atendendo ao enorme respeito que toda a sociedade tem pelos menos jovens, devido à sua educação, cultura e estrutura familiar baseada na entreajuda de cada núcleo.

Lembro-me até de ter sido mal interpretado – porque era um comentário de apreciação positiva - quando em determinada ocasião comparei os cubanos à etnia cigana que acompanha de forma exuberante os seus entes mais chegados quando estes estão hospitalizados.


Por outro lado, os médicos de família têm a responsabilidade de acompanhar e vigiar permanentemente a saúde dos cidadãos que lhes estão atribuídos e monitorizados (entre 400 a 600 a cada um), sabendo-se a cada momento qual a situação em que se encontram e se necessitam de cuidados especiais.

Também os CDR (Comités de Defesa da Revolução) que abarcam pequenas zonas de intervenção têm um importante papel na observação local das condições de cada morador, lançando o alerta sempre que seja notada a ausência prolongada e sem justificação de qualquer um.

A atenção em Cuba à chamada terceira idade passa também pelo reforço de alimentação em determinados produtos (leite, por exemplo) e em actividades lúdicas e físicas de acordo com a sua mobilidade. É frequente ver-se às primeiras horas da manhã em parques e jardins alguns grupos de idosos a praticarem exercícios acompanhados por monitores especializados, destacados para os acompanharem e ajudarem nestas práticas quotidianas que lhes proporcionam maior mobilidade.

Mas existem também milhares de “Círculos de Abuelos” espalhados por todo o país e que não são mais do que instituições idênticas às dos “Círculos Infantis” onde os familiares deixam os seus idosos pela manhã e os recolhem depois do seu dia de trabalho.

Não quero com isto dizer que não possa existir alguma ocorrência, principalmente em locais mais remotos, mas se atendermos a que a expectativa de vida em Cuba era de apenas 59 anos antes do triunfo da Revolução e que hoje ultrapassa já os 77 anos, temos de concluir que muito se tem feito nesta área, dando-se grande importância às especialidades médicas da Gerontologia e da Geriatria, pois envelhecer de forma saudável é também um indicador de desenvolvimento e de respeito pelos Direitos humanos.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 10/02/2012)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

TELEMÓVEIS

Ao contrário do que muitos vaticinavam, principalmente aqueles que sempre estão contra qualquer medida que seja tomada pelo governo cubano, as linhas de orientação para o desenvolvimento da economia têm vindo a ser cumpridas passo a passo, não obstante as dificuldades que sempre existem quando se pretendem implantar reformas estruturais, modificando conceitos já ultrapassados por um mundo inevitavelmente globalizado. Revolução é fazer aquilo que tem de ser feito e nisto Cuba está no bom caminho para proporcionar a todos as oportunidades a que têm direito, sem nunca descurar as principais conquistas da Revolução nem esquecer os ensinamentos de José Marti.

Embora possamos considerar que o uso das comunicações móveis não seja um bem de primeira necessidade ou até em determinados casos que seja um bem supérfluo quando existem outras carências, o que é certo é que em Cuba os telemóveis de uso pessoal tiveram no último ano um incremento superior a 30% cifrando-se hoje em mais de um milhão e duzentos mil equipamentos registados e com tendência para que este serviço se generalize à maioria da população.

Graças às novas tecnologias entretanto implantadas no país, foi possível diminuir substancialmente os tarifários que se praticavam, os quais entraram em vigor no dia 1 de Fevereiro, podendo prever-se que dentro de pouco tempo se possa atingir um número de utilizadores idêntico ao de outros países ditos desenvolvidos.

Ao nível das comunicações Cuba continuará a fazer um esforço para se modernizar, crescendo também dia a dia a utilização dos meios informáticos e de acesso à Internet, na medida em que um povo culto e informado nunca se deixará manipular por quem quer que seja.

É fácil criticar quando não se conhece a realidade ou quando por razões mentais se tenta denegrir um sistema que dura há mais de 60 anos com todas as dificuldades que lhe são impostas do exterior, dizendo-se que os cubanos não podem sair do seu país nem contactar com o mundo que o rodeia, quando isso não passa de mais uma falsidade que de tanto apregoada, até parece verdadeira para os mais distraídos.


Porque aquilo que não se diz – ou é omitido – é da dificuldade que os cubanos têm na obtenção de vistos junto das Embaixadas dos países para onde pretendem viajar, sem os quais não podem sair, em especial para os EUA cujo governo se comprometeu a conceder 20.000 vistos anuais e que dificilmente tem chegado aos 5.000, porque não está interessado em acolher gente séria e honesta, mas apenas aqueles que possam engrossar os grupelhos de Miami que actuam contra Cuba.


Em Portugal vivem e trabalham legalmente cerca de 1.200 cubanos perfeitamente integrados na nossa sociedade e que contribuem para o seu país da maneira que podem, ajudando com o seu esforço – mesmo que à distância – a que a Revolução progrida e cumpra os seus objectivos, sendo merecedores do nosso respeito e consideração por lutarem por um mundo melhor longe da Pátria e dos seus familiares.


(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 03/02/2012)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

MAIS UMA CAMPANHA


Aproveitando o lamentável falecimento de um preso de delito comum, a imprensa internacional voltou a unir-se numa campanha mediática para fazer crer ao mundo que em Cuba existe uma repressão feroz aos “pseudo-dissidentes”, inventando factos inexistentes e transformando agressores em simples prevaricadores de delito de opinião.

O denominado “preso politico” que faleceu há dias, cumpria uma pena de privação da liberdade por 4 anos após ter sido julgado em Tribunal com todos os direitos que a Constituição e as Leis lhe conferem, acusado de ter agredido violentamente a sua própria esposa, provocando-lhe graves lesões no corpo e em especial no rosto, tendo a sua sogra pedido a intervenção das autoridades às quais resistiu e também agrediu, nunca tendo feito qualquer greve de fome antes ou depois da sua detenção.

Este cidadão morreu por falência de múltiplos órgãos, associada a um grave processo respiratório séptico, apesar de ter recebido toda a atenção médica especializada na sala de cuidados intensivos do principal centro hospitalar de Santiago de Cuba, onde os seus familiares foram sendo informados de todos os procedimentos médicos, reconhecendo e agradecendo o esforço que foi feito para o salvar.

Após ter cometido o delito pelo qual foi processado e ainda em liberdade, estabeleceu contactos com grupelhos mercenários que o convenceram – tal como a muitos outros – a dizer-se “opositor político” para assim tentar furtar-se à acção da justiça.

Estes métodos são já bem conhecidos e ciclicamente manipulados e convertidos em notícias de repercussão internacional por quem não se preocupa com os 3.222 reclusos que esperam a sua execução no corredor da morte em cadeias de alta segurança dos EUA.




Não foi em Cuba que no último ano foram executados 90 prisioneiros e que já este ano teve lugar nos EUA a 1ª execução, reprimindo o seu governo sem qualquer tipo de contemplações quem se atreve a denunciar a injustiça do sistema.

Há que lembrar que é o governo dos EUA que pratica a tortura e as execuções extrajudiciais nos países que ocupa e que usa a brutalidade policial contra a sua própria população.

Não é em Cuba que se prendem pessoas por combaterem o terrorismo, mas sim nos EUA que se fazem julgamentos fantoches para injustamente manterem 5 heróis cubanos nas suas prisões, impedidos até de receberem visitas dos seus familiares mais próximos.



É sim em território cubano que os EUA se recusam a devolver, que existe a prisão de Guantánamo - para que estejam longe dos olhares da “Pátria das Liberdades” - onde são mantidas há largos anos pessoas sem qualquer culpa formada nem julgamento, pese embora todas as recomendações e decisões em contrário de vários organismos internacionais e da promessa feita pelo Nobel da Paz, Barack Obama.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 27/01/2012)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

DESTINO RECOMENDADO


Por paradoxo que pareça, já que o governo dos EUA mantém o bloqueio económico e financeiro a Cuba, o diário “The New York Times” acaba de publicar uma lista de 45 destinos do mundo como os lugares que recomenda para visitar em 2012, figurando em 10.º lugar a cidade de Havana em Cuba.



De acordo com o diário, que valoriza em particular as ofertas culturais e os serviços prestados ao turista, “a capital cubana está, uma vez mais ao alcance dos estadounidenses”, assegurando que “apenas os separam das ruas da sensual Havana o Estreito da Florida”, isto por que, a administração Obama ampliou o tipo de viagens permitidas, havendo mais voos a sair de um maior número de cidades dos EUA com destino a Cuba.


A recomendação do jornal conclui que os programas turísticos podem incluir inúmeras visitas, para além de reuniões com historiadores, artistas plásticos ou agricultores, usufruindo o turista dos novos restaurantes instalados em magníficas casas coloniais que surgiram no último ano. De resto e no plano cultural, Havana prepara já a sua XXI Feira Internacional do Livro a realizar em Fevereiro e a 11.ª Bienal que decorrerá entre 11 de Maio e 11 de Junho, contando com a participação de mais de uma centena de artistas nacionais e estrangeiros.
De referir que os jornalistas especializados em turismo elegeram um total de 45 destinos, aparecendo o Algarve na 28.ª posição sem qualquer referência especial a não ser a gastronomia e a praia.


O esforço que Cuba tem feito na promoção turística é bem patente pelas presenças nas principais feiras do sector, onde operadores e público em geral podem conhecer um pouco melhor este excelente destino e as muitas iniciativas de carácter científico, cultural e desportivo que ao longo do ano se vão realizando, resultando esse trabalho num aumento anual de visitantes.


Neste momento decorre a Feira de Turismo de Madrid, onde Cuba está representada através das principais empresas receptivas e hoteleiras, seguindo-se a Bolsa de Turismo de Lisboa, no final de Fevereiro.


Para 2012, entre muitos outros eventos, destaca-se a visita do Papa Bento XVI a Santiago e a Havana já em Março, o Campeonato Mundial de Fotografia Subaquática em Cayo Largo, o Torneio Internacional de Pesca Desportiva Ernest Hemingway, os Carnavais de Verão em toda a Ilha, o Festival Internacional de Ballet de Havana sob a direcção da mundialmente famosa bailarina cubana Alicia Alonso, a Maratona Internacional de Havana em Novembro e para o final do ano a Feira Internacional de Artesanato.



Como se pode constatar a oferta é vastíssima, para além dos museus e exposições permanentes ou temporárias que estão à disposição de todos os visitantes, tornando uma viagem a Cuba muito mais importante que apenas o sol ou a praia.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 20/01/2012)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

NOVOS MÉDICOS NA GUINÉ



Superando todas as expectativas e vaticínios, comemorou-se no passado dia 1 de Janeiro o 53.º aniversário do Triunfo da Revolução Cubana, a qual ao longo dos anos se tem vindo a aperfeiçoar e a consolidar, enfrentando e resistindo aos cobardes ataques de forças poderosíssimas no plano económico e militar.

Mas o povo cubano sabe que nada nem ninguém pode derrotar a estatura moral que detém e que a Revolução, por muitos erros que em seu nome tenham sido cometidos, jamais deixará de evoluir para um mundo mais justo de paz e de solidariedade.

Por isso e mesmo com as dificuldades por que tem passado, nunca esqueceu nem virou as costas a quem mais precisa, desdobrando-se em acções internacionalistas de carácter humanitário, ajudando outros povos mais necessitados. Assim e com o objectivo de minimizar uma das maiores carências dos países do chamado terceiro mundo, o Comandante Fidel Castro transformou em 1999 uma antiga instalação militar na Escola Latino-Americana de Medicina, com vista à formação gratuita de jovens oriundos dos mais variados recantos do mundo.

Desde 2005, data da 1.ª formatura, todos os anos saiem desta Escola cerca de 1.500 novos médicos que vão dar assistência nos seus respectivos países, contribuindo para a melhoria das condições de vida das populações mais carenciadas de cuidados de saúde.

Mas o ensino da medicina a estudantes estrangeiros não se cinge só à Escola em Havana, estendendo-se também à colaboração docente que é prestada pelos componentes das brigadas médicas cubanas nalguns países, sendo um deles a Guiné-Bissau, onde se realizou no passado dia 17 de Dezembro na sala magna da sede do Governo a cerimónia de entrega de diplomas aos 88 novos médicos guineenses que terminaram a sua formação que decorreu durante seis anos, integrados no novo projecto de ensino ministrado por Cuba em terras africanas.

Em ambiente festivo e onde os novos graduados e suas famílias não escondiam a alegria do momento, foram entregues os 88 títulos pelo Primeiro-ministro e outros Ministros da Guiné-Bissau, pelo Vice-ministro da Saúde de Cuba, pelo Comandante Victor Dreke e pelo Embaixador de Cuba em Bissau, na presença de muitas outras individualidades e Corpo Diplomático acreditado no país.

Na ocasião o Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior expressou o seu agradecimento a Fidel, a Raul e à Revolução, lembrando os Cinco Heróis Cubanos que permanecem injustamente presos nos EUA por combaterem o terrorismo e condenando o criminoso bloqueio que os sucessivos governos norte-americanos impõem a Cuba desde há mais de 50 anos.

Enquanto as grandes potências enviam forças militares para ocuparem outros países, Cuba envia médicos e enfermeiros que para além de desempenharem a sua principal função, ainda têm tempo para formarem novos profissionais que tanta falta fazem nesses países.

Se outros motivos não houvesse, só por isto já teria valido a pena o triunfo da Revolução no 1.º de Janeiro de 1959.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 06/01/2012)