TRANSFORMAÇÕES
EM CUBA
No contexto
de uma vez mais alguns órgãos de comunicação social reproduzirem aquilo que
lhes chega através das agências internacionais de intoxicação sobre a mudança
da presidência em Cuba, difundindo títulos como “o fim da dinastia dos Castro”
e tantas outras palermices, cujas intenções são sobejamente conhecidas com o objectivo
de menosprezar o sistema eleitoral e especulando sobre a legitimidade de quem
conduziu os destinos do país desde a Revolução em 1959.
Já várias
vezes tenho escrito e afirmado que o Presidente Raul Castro assumiu as
responsabilidades que lhe foram exigidas e confiadas pelas suas qualidades e não
por ser irmão de quem era. Muitos não sabem ou querem omitir, que Raul com
apenas 22 anos participou no assalto ao Quartel Moncada, sendo um dos
revolucionários julgado sumariamente e deportado para a Ilha da Juventude onde
esteve preso com todos os outros que sobreviveram à heróica acção que deu início
à luta armada para derrubar a ditadura existente no país.
Pela
intervenção na clandestinidade do Movimento 26 de Julho e pela pressão popular
sobre o poder instituído, todos beneficiaram de uma amnistia presidencial,
exilando-se no México e preparando a expedição do iate Granma que os levaria até
à Sierra Maestra.
Durante o período
da luta armada, Raul foi elevado ao posto de Comandante, tendo liderado uma das
colunas de guerrilheiros que cruzando toda a antiga província do Oriente, abriu
a “Frente Este Frank Pais” até ao nordeste, revelando toda a sua capacidade militar
e de dirigente político.
Após o triunfo
da Revolução Raul Castro foi Ministro da Defesa e vice-primeiro-ministro até
ser chamado a assumir outras responsabilidades, não por se chamar Castro, mas
sim pelo reconhecimento da sua personalidade e dos relevantes serviços
prestados à Nação.
Nas funções
que agora irá terminar, e será bom recordar que foi por sua proposta a aprovação
na Assembleia Nacional do limite de até dois mandatos de cinco anos para todos
os cargos políticos, revelando um desprendimento total pelo poder e dando
oportunidade a que as novas gerações assumam os destinos do país.
Durante os últimos
anos que exerceu a presidência, deve-se a Raul a tentativa de melhorar e
desenvolver as relações com os EUA, agora num impasse devido ao ocupante da
Casa Branca em Washington, às reformas migratórias em que eliminou todo um
processo burocrático que restringia a entrada e saída de cubanos do país, à
autorização do trabalho por conta própria e ao desenvolvimento de negócios
privados, maiores facilidades para o investimento estrangeiro com a implantação
de empresas que se queiram instalar no território, compra e venda de
propriedades por parte dos nacionais ou residentes, desenvolvimento das telecomunicações
e internet, para além de muitas outras transformações que por serem consideradas
normais, ninguém já fala delas ou as valoriza.
Raul Castro
foi um grande Presidente e certamente que será substituído nessas funções por
alguém que irá dar continuidade aos princípios revolucionários e conquistados com
muitos sacrifícios, tendo sempre em mente os ensinamentos de Marti e a elevada
visão de Fidel.
(Celino Cunha
Vieira – Cubainformación)