terça-feira, 27 de março de 2018


TRANSFORMAÇÕES EM CUBA

No contexto de uma vez mais alguns órgãos de comunicação social reproduzirem aquilo que lhes chega através das agências internacionais de intoxicação sobre a mudança da presidência em Cuba, difundindo títulos como “o fim da dinastia dos Castro” e tantas outras palermices, cujas intenções são sobejamente conhecidas com o objectivo de menosprezar o sistema eleitoral e especulando sobre a legitimidade de quem conduziu os destinos do país desde a Revolução em 1959.

Já várias vezes tenho escrito e afirmado que o Presidente Raul Castro assumiu as responsabilidades que lhe foram exigidas e confiadas pelas suas qualidades e não por ser irmão de quem era. Muitos não sabem ou querem omitir, que Raul com apenas 22 anos participou no assalto ao Quartel Moncada, sendo um dos revolucionários julgado sumariamente e deportado para a Ilha da Juventude onde esteve preso com todos os outros que sobreviveram à heróica acção que deu início à luta armada para derrubar a ditadura existente no país.

Pela intervenção na clandestinidade do Movimento 26 de Julho e pela pressão popular sobre o poder instituído, todos beneficiaram de uma amnistia presidencial, exilando-se no México e preparando a expedição do iate Granma que os levaria até à Sierra Maestra.

Durante o período da luta armada, Raul foi elevado ao posto de Comandante, tendo liderado uma das colunas de guerrilheiros que cruzando toda a antiga província do Oriente, abriu a “Frente Este Frank Pais” até ao nordeste, revelando toda a sua capacidade militar e de dirigente político.

Após o triunfo da Revolução Raul Castro foi Ministro da Defesa e vice-primeiro-ministro até ser chamado a assumir outras responsabilidades, não por se chamar Castro, mas sim pelo reconhecimento da sua personalidade e dos relevantes serviços prestados à Nação.

Nas funções que agora irá terminar, e será bom recordar que foi por sua proposta a aprovação na Assembleia Nacional do limite de até dois mandatos de cinco anos para todos os cargos políticos, revelando um desprendimento total pelo poder e dando oportunidade a que as novas gerações assumam os destinos do país.

Durante os últimos anos que exerceu a presidência, deve-se a Raul a tentativa de melhorar e desenvolver as relações com os EUA, agora num impasse devido ao ocupante da Casa Branca em Washington, às reformas migratórias em que eliminou todo um processo burocrático que restringia a entrada e saída de cubanos do país, à autorização do trabalho por conta própria e ao desenvolvimento de negócios privados, maiores facilidades para o investimento estrangeiro com a implantação de empresas que se queiram instalar no território, compra e venda de propriedades por parte dos nacionais ou residentes, desenvolvimento das telecomunicações e internet, para além de muitas outras transformações que por serem consideradas normais, ninguém já fala delas ou as valoriza.

Raul Castro foi um grande Presidente e certamente que será substituído nessas funções por alguém que irá dar continuidade aos princípios revolucionários e conquistados com muitos sacrifícios, tendo sempre em mente os ensinamentos de Marti e a elevada visão de Fidel.

(Celino Cunha Vieira – Cubainformación)