sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

MUSEUS E PATRIMÓNIO

Para que se tenha uma pequena ideia de como era tratada a cultura em Cuba até ao triunfo da Revolução em 1959, basta apenas lembrar que apenas existiam sete Museus em todo o país e a maioria deles privados, fazendo parte de um património particular só acessível às elites da época, onde a população não podia usufruir de um importante espólio histórico e cultural que deveria ser acessível a todos.

Hoje o panorama é bem diferente, existindo cerca de 250 entre nacionais e municipais, fruto de algumas aquisições, mas principalmente das doações voluntárias da população, destacando-se o Museu da Revolução, o Museu da Cidade, o Museu da Alfabetização, o Museu de Belas Artes e o Museu Napoleónico, considerado o 2.º mais importante do mundo a seguir ao de Paris.

Mas existem muitos outros que pelas suas particularidades também são de realçar, como o Museu Indocubano que conta com mais de 22.000 peças pré-coloniais, o Museu San Severino em Matanzas designado pela UNESCO como parte da Rota dos Escravos, assim como o Museu da Pirataria em Santiago de Cuba, instalado no “Castillo del Morro”.

Para além dos Museus, é de salientar que a UNESCO tem distinguido vários locais de Cuba como Património da Humanidade, tais como, entre outros, o Centro Histórico de Havana Velha e o seu Sistema de Fortificações Coloniais (1982), a Cidade de Trinidad e o Vale dos Engenhos (1988), o Parque Nacional do Desembarque do Granma (1999), o Centro Histórico da Cidade de Cienfuegos (2005) e o Centro Histórico da Cidade de Camaguey (2008).

Um aspecto a destacar desta riqueza nacional é a interligação que existe com o sector da Educação, pois não se trata apenas de exibir valiosas peças museológicas ou preservar os locais para turista ver, como também de contribuir para o desenvolvimento do saber e do pensamento do povo, incutindo-lhe o gosto pelos aspectos históricos e culturais. Por isso e de modo continuado são realizadas visitas escolares dos vários graus de ensino, bem como organizadas conferências e exposições temporárias, resultando num dinamismo constante daqueles espaços.

Como reconhecimento desta demonstração efectiva da rede cultural, do seu funcionamento e do seu equilíbrio, foi atribuído recentemente pelos países Europeus o Prémio “Eureka” à “Oficina do Historiador da Cidade” pelo excelente trabalho de recuperação de um património que é de todos e que tem de ser preservado.

Só a Cidade de Havana tem mais de duas centenas de edifícios coloniais classificados, pelo que considero imprescindível e recomendo a quem estuda arquitectura, urbanismo ou história de arte, que reserve algum tempo para uma visita de carácter educativo quando forem passar férias a Cuba.

Como muitas vezes tenho afirmado, Cuba não é só sol, praia e rum. Cuba tem muitos outros aspectos importantes a explorar e quem o faz, fica sempre com vontade de voltar.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 17/02/2012)

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