sábado, 24 de março de 2012

PAPA BENTO XVI EM CUBA

Com a aproximação dos dias em que se irá realizar a visita Papal, que terá início no próximo dia 26 de Março em Santiago de Cuba, têm vindo a intensificar-se algumas acções provocatórias organizadas pelos auto-denominados “dissidentes” pagos por uma potência estrangeira e ao seu serviço, com o objectivo de desvalorizar esta importante peregrinação para todos os católicos cubanos.

Foi assim que um pequeno grupo de 13 cidadãos, bem conhecidos pelas suas actividades mercenárias e intitulando-se representantes de um desconhecido Partido Republicano de Cuba com sede em Miami (onde mais poderia ser?) ocuparam sem autorização durante mais de 48 horas a Basílica de Nossa Senhora da Caridade, em Havana, não acatando o pedido das autoridades eclesiásticas para que abandonassem o local, até porque estavam impedindo o normal funcionamento das cerimónias litúrgicas que ali se realizam diariamente.

Não obstante os inúmeros esforços da hierarquia da Igreja para pôr fim a esta situação, que descreveu como “uma acção cujo propósito é criar situações críticas à medida que se aproxima a visita do Papa Bento XVI a Cuba”, a resposta dos ocupantes foi sempre negativa, levando a que o Cardeal D. Jaime Ortega solicitasse às autoridades governamentais a reposição da ordem, o que foi feito pacificamente e apenas com a passagem por uma delegação policial a fim de identificar formalmente os prevaricadores, sem qualquer outra consequência a pedido da Igreja.

Sabe-se entretanto, que os grupelhos de Miami se preparam para navegar com os seus iates até ao limite das águas territoriais cubanas no dia em que o Papa está em Havana, para se manifestarem contra a sua visita e em oposição à condenação do Vaticano ao criminoso bloqueio económico e financeiro praticado pelos EUA contra Cuba há mais de 50 anos, considerando a Santa Sé que “o embargo é algo que faz com que as pessoas sofram as consequências do mesmo, não se alcançando qualquer objectivo de um bem maior para o povo”.

Ao contrário do que muitas vezes é apregoado, em Cuba pratica-se uma ampla liberdade religiosa que se expressa tanto em documentos de força legal, como na existência de um diversificado universo religioso em que os cubanos praticam e organizam as suas crenças através de variadas instituições e organizações religiosas.

A Constituição da República de Cuba, aprovada por plebiscito popular em 1976 com os votos favoráveis de 97,7% do eleitorado, estabelece em cinco dos seus artigos a separação entre a Igreja e o Estado, garantindo a igualdade de todas as manifestações religiosas perante a Lei e o direito de todos os cidadãos a professar o culto religioso da sua preferência, a mudar a sua crença ou até a não ter nenhuma.

O Estado não subvenciona nenhuma instituição religiosa nem interfere no seu funcionamento interno, sendo estas as proprietárias e administradoras dos seus bens móveis e imóveis, incluindo os templos e outros edifícios.

A República de Cuba e o Estado do Vaticano mantêm relações diplomáticas ao nível de Embaixada e de Nunciatura Apostólica desde 1935 sem qualquer interrupção, possuindo a Igreja Católica em Cuba um Cardeal e quinze Bispos, distribuídos pelo dobro das dioceses que existiam antes do triunfo da Revolução, o que revela bem a total independência e liberdade com que se tem desenvolvido por todo o país com mais de 600 templos em pleno funcionamento, de onde sobressaiem a Catedral de Havana, a Catedral de Santiago de Cuba e o Santuário Nacional de “Nuestra Señora de la Virgen de la Caridad del Cobre” onde se encontra a imagem encontrada em 1512 na Baía de Nipe e considerada por muitos cubanos Patrona do país.


(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 23/03/2012)

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