segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

RELATÓRIO DA UNICEF

No último balanço do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) pode ler-se que actualmente existem no mundo 146 milhões de crianças menores de 5 anos com graves problemas de desnutrição. De acordo com este documento, 28% são de África, 17% do Médio Oriente, 15% da Ásia, 7% da América Latina e Caribe, 5% da Europa e 27% de outros países em desenvolvimento.

O relatório é inequívoco e informa que Cuba já não tem este problema, sendo o único país da América Latina que eliminou definitivamente a desnutrição infantil e que tudo tem feito para melhorar a alimentação, especialmente nos grupos mais vulneráveis. A própria Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) reconhece Cuba como a nação com mais avanços neste capítulo em toda a América Latina.

Isto deve-se fundamentalmente a que o Estado Cubano garante uma cesta básica alimentar e promove os benefícios da lactância materna, complementando-a com outros alimentos até aos seis meses e fazendo a entrega diária de um litro de leite para todas as crianças dos zero aos sete anos de idade, em conjunto com outros alimentos como compotas, frutas e legumes, os quais são distribuídos de forma equitativa.

Em Cuba a saúde é garantida a todas as crianças mesmo antes de nascerem com o controle materno-infantil, não existindo crianças desprotegidas e a viverem na rua. Em Cuba todas as crianças constituem uma prioridade e por isso não sofrem as carências de outras espalhadas por várias partes do mundo onde são abandonadas ou exploradas.

Quer nos círculos infantis (creches) quer nas escolas primárias, as crianças cubanas têm vindo a beneficiar do contínuo melhoramento da sua alimentação quanto a componentes dietéticos, lácteos e proteicos, que são repartidos gratuitamente em todo o país.

A Organização das Nações Unidas (ONU) situa Cuba na vanguarda do cumprimento material do desenvolvimento humano, considerando que até 2015 será completamente eliminada a pobreza e garantida a sustentabilidade ambiental, isto apesar das dificuldades ao longo dos mais de 50 anos de bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos sucessivos governos dos Estados Unidos da América.

Embora a verdade confirmada pelas várias instituições internacionais de reconhecida credibilidade e mérito custe a muita gente, pode assim afirmar-se que DOS 146 MILHÕES DE CRIANÇAS DESNUTRIDAS EM TODO O MUNDO, NENHUMA DELAS É
CUBANA!

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 19/12/2011)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

OS OITO ESTUDANTES DE MEDICINA

Cumpriram-se 140 anos sobre a data histórica de 27 de Novembro de 1871 em que oito jovens estudantes de medicina foram injustamente fuzilados pelo poder colonial, sob a simples acusação de terem profanado o túmulo de um cidadão espanhol. Claro que o principal motivo não foi este, mas sim o do incómodo que o movimento estudantil provocava ao apoiar o levantamento do herói nacional Carlos Manuel de Céspedes na luta pela independência de Cuba que se iniciara três anos antes na antiga província de Oriente.

A partir do momento em que numerosos estudantes universitários abandonaram as suas aulas em Havana e organizaram várias expedições armadas para se juntarem aos independentistas, as hostilidades do governo colonial espanhol face à Universidade foi sendo incrementada e à medida que aumentava o apoio dos estudantes à luta dos patriotas cubanos a repressão agudizou-se. Em lugares públicos frequentados por estudantes ocorreram uma série de distúrbios que se saldaram em mortos e feridos, chegando-se a tais extremos que em determinado momento a Universidade chegou a ser encerrada temporariamente.

Neste contexto, um grupo de 45 estudantes do curso de medicina foram presos infundadamente por um acto que não cometeram, ao serem acusados de terem partido um vidro do mausoléu do jornalista espanhol Gonzalo de Castañon Escarazo, entretanto morto em duelo por um independentista cubano que o desafiou, por o jornalista se ter referido publicamente às mulheres cubanas da emigração, qualificando-as de prostitutas.

Como represália e após um obscuro processo jurídico caracterizados por inúmeras manipulações, de maneira arbitrária, um conselho de guerra ditou a sentença e 35 estudantes foram condenados a penas variadas, 2 absolvidos e 8 condenados à morte por fuzilamento.

Por coincidência, também neste mesmo dia 27 de Novembro, mas no ano 2000, teve início em Miami o processo jurídico cheio de contradições contra os Cinco Heróis Cubanos que ainda se encontram injustamente presos por combaterem o terrorismo.

Desde que foi cometido aquele horroroso crime, todos os anos e na mesma data, os estudantes universitários, os jovens e a população em geral concentram-se nas escadarias da Universidade de Havana e daí saem desfilando pelas ruas entoando o canto vibrante aos heróis e aos mártires, até ao monumento que foi erigido em memória dos oito estudantes situado no próprio local onde foram executados, frente à Fortaleza de La Punta, colocando oferendas florais e assumindo o compromisso de defender a Pátria e a Revolução face a qualquer tentativa de agressão a Cuba.

O simbolismo desta homenagem anual aos jovens que sonhavam salvar vidas e morreram na flor da idade perdurará e servirá sempre de exemplo para a revolucionária juventude cubana na defesa do seu presente e do seu futuro.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 09/12/2011)

domingo, 27 de novembro de 2011

MARABANA

Mais de 2.500 atletas, entre eles 239 estrangeiros oriundos de 59 países, participaram na XXV edição da Maratona Internacional de Havana que se realizou no passado domingo, com a partida dada às 7 da manhã frente ao Capitólio Nacional para o percurso de 42,195 quilómetros pelas ruas da capital cubana e que contou, tal como em anos anteriores, com a certificação da Federação Internacional.

E se hoje trago o tema da “Marabana”, não é só porque se trata de uma excelente prova nesta modalidade do atletismo, considerada uma das melhores da América Latina, é também porque Portugal e em particular o Seixal, já esteve representado nesta prova através de uma equipa dos Serviços Sociais das Autarquias e porque o seu director, Carlos Gatorno Correa, nos honrou com a visita ao Concelho numa das suas passagens pelo nosso país.





Tive a oportunidade de acompanhar os nossos atletas que, não obstante uma outra maratona, esta aérea, tiveram um comportamento bastante digno e não fossem as peripécias por que passaram, bem como o calor e a humidade que se faziam sentir, certamente teriam regressado ao Seixal com as medalhas mais importantes de cada categoria etária.

A odisseia começou na partida do avião de Lisboa para Madrid que um forte nevoeiro atrasou significativamente, originando que o grupo perdesse a ligação a Havana. Obrigados a permanecer nesse dia na capital espanhola, tiveram como alternativa voarem no dia seguinte para Caracas na Venezuela e daí para Havana onde viriam a chegar cerca das 22 horas, esperando-os eu no aeroporto José Marti para os acompanhar nesta aventura.

Após um jantar ligeiro foi já de madrugada que fizemos de carro o reconhecimento do percurso, tendo-os deixando no hotel para poderem descansar as pouco mais de 4 horas que faltavam para alinharem à partida.



Se considerarmos os dois dias de viagem, a diferença horária que provoca o “jet-lag” e as condições climáticas de um país tropical, só podemos admirar o espírito de sacrifício destes atletas amadores, reconhecendo que foram autênticos heróis num país que é uma potência desportiva e onde as dificuldades são superadas pelo querer e pela garra da sua população.

Depois seguiram-se uns dias mais calmos para recuperação, vindo o grupo a efectuar algumas visitas a complexos desportivos e a confraternizar com o director da “Marabana” Carlos Gatorno e pelo Vice-Ministro dos Desportos, o campeão olímpico Alberto Juantorena.

Certamente que esta experiência os marcou significativamente e sempre que encontro algum elemento deste grupo recordamos algumas peripécias com saudades desses tempos, até porque todos tínhamos quase menos vinte anos.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 25/11/2011)

sábado, 19 de novembro de 2011

FEIRA INTERNACIONAL DE HAVANA

Terminou há dias a 29ª edição da FIHAV (Feira Internacional de Havana) no recinto da ExpoCuba, a qual, como em anos anteriores, se revestiu de um enorme êxito, quer pelo número de expositores, quer pela afluência de visitantes nacionais e estrangeiros, vindo a crescer de ano para ano e sendo considerada a maior feira comercial e industrial de toda a América Latina

Quer em representação do Município do Seixal, quer por opção pessoal, tive já por mais de uma vez o privilégio de visitar esta feira anual e mesmo nos anos mais difíceis
para Cuba, durante o período especial nos anos 90, a FIHAV sempre representou um marco importante para os negócios na zona do Caribe, pois ao contrário do que muitos pensam, ali não são expostos apenas produtos cubanos, sendo na sua grande maioria uma mostra constituída por empresas estrangeiras que procuram novas oportunidade de apresentar aquilo que têm para oferecer aos mercados.

Este ano o certame ocupou uma área total de 18.000 metros quadrados divididos por 25 pavilhões e as 1.500 empresas estrangeiras oriundas de 60 países de todo o mundo ocuparam 13.000 metros quadrados, tendo-se efectuado contratos directos que ascendem a mais de 300 milhões de dólares, iniciando-se aí também negociações para futuras transacções comerciais que se podem desenvolver e ampliar.

Mesmo com as grandes dificuldades económicas provocadas pela crise internacional, a participação de 2.746 exposito
res estrangeiros que foram credenciados, demonstra bem o prestígio que a FIHAV já alcançou, mantendo a confiança das empresas no retorno do investimento efectuado para poderem estar presentes durante os cinco dias em que se realizou o evento.

Dos 60 países representados, a Espanha foi o que mais se destacou pela área ocupada e empresas representadas, tendo recebido prémios especiais em diferentes categorias os pavilhões da Alemanha, de Itália, da Bélgica, do Brasil, da China e da Venezuela.

Num mundo global em que as empresas cada vez mais têm de recorrer à internacionalização, a FIHAV reveste-se de extraordinária importância para a conquista de mercados em desenvolvimento e seria bom que Portugal pudesse também participar mais activamente num futuro próximo, pois a nossa economia bem necessita.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 18/11/2011)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

DELIBERAÇÃO NA ONU

Salvo raríssimas excepções, mais uma vez a comunicação social omitiu que o bloqueio económico e comercial imposto unilateralmente a Cuba pelo governo dos Estados Unidos da América foi tema de votação na Assembleia Geral das Nações Unidas, em que dos 191 países presentes, 186 manifestaram-se inequivocamente a favor do fim dessa medida arbitrária e desumana. Suécia e Líbia faltaram à votação que contou com 2 votos contra dos EUA e de Israel e a abstenção das Ilhas Marshall, da Micronésia e de Palau.

Como sempre e pela vigésima vez consecutiva, o governo dos EUA não dá qualquer importância às decisões da ONU que lhe sejam desfavoráveis, mantendo a mesma política que já prejudicou Cuba ao longo de todos estes anos em mais de 975 mil milhões de dólares, para além de outros prejuízos indirectos.

Apesar da retórica oficial que pretende convencer a opinião pública internacional de que o actual governo norte-americano tem introduzido uma política de mudanças positivas, Cuba continua sem poder ter relações comerciais com subsidiárias de empresas norte-americanas em países terceiros e os empresários de outras nações interessados em investir em Cuba são sistematicamente ameaçados e incluídos em listas negras, para além de que o país continua sem poder exportar e importar produtos e serviços dos Estados Unidos, assim como não pode utilizar o dólar norte-americano em negócios internacionais ou possuir contas com essa moeda em bancos de outros países.

O bloqueio viola o Direito Internacional, é contrário aos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e constitui uma transgressão ao direito à paz, ao desenvolvimento e à segurança de um Estado soberano. É, na sua essência e objectivos, um acto de agressão unilateral e uma ameaça permanente contra a estabilidade de um país. O bloqueio constitui uma violação massiva, flagrante e sistemática dos direitos humanos de todo um povo, violando também os direitos constitucionais do povo norte-americano ao proibir a sua liberdade de viajar a Cuba.

O pecado que Cuba cometeu foi ter feito uma Revolução, terminar com o domínio neo-colonial imposto pelos EUA durante mais de meio século, ter recuperado os seus recursos naturais que estavam nas mãos de estrangeiros, ter eliminado o analfabetismo, ter dado educação e saúde a todo o povo, ter devolvido aos cidadãos a sua soberania e orgulho nacional e praticar desinteressadamente o internacionalismo preconizado por José Marti, ajudando outros povos a superar as dificuldades que enfrentam.

Quando terminará este bloqueio contra Cuba? Não é possível prever, mas Cuba continuará a avançar na saúde pública, na educação, na economia, nas conquistas sociais, no espírito patriótico e de solidariedade do seu povo e seguirá resistindo como sempre o fez e fará.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 11/11/2011)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

DIA DA CULTURA CUBANA

O dia 20 de Outubro ficou para sempre marcado desde 1868 quando em Cuba as tropas comandadas por Carlos Manuel de Céspedes tomaram a cidade de Bayamo na luta pela independência da coroa espanhola, sendo entoando pela 1.ª vez “La Bayamesa” que logo foi adoptado pelos combatentes e pela população como Hino Nacional.

Escrito pelo advogado Pedro Figueredo Cisneros (Perucho), as suas inspiradas estrofes guiaram o povo que se levantou para lutar pela liberdade e desde então é a marcha patriótica, símbolo da rebeldia, que tem acompanhado desde há mais de 140 anos todos os cubanos nas suas guerras, nos seus triunfos, nas suas alegrias ou tristezas e sempre nos momentos mais memoráveis.





Os seus primeiros versos dizem:


Ao combate correi, bayameses,
que a Pátria vos contempla orgulhosa
não temais uma morte gloriosa
que morrer pela Pátria é viver.
Em cadeias viver é viver
em afronta e opróbrio sumido,
do clarim escutai o som
às armas, valentes, correi,

Desta histórica data viria a escrever José Marti: “Para que o cantem todos os lábios e o guardem em todas as casas, para que corram as lágrimas dos que o ouvirem em combate pela primeira vez; para que se estimule o sangue das veias juvenis, o hino em cujos acordes, na hora mais bela e solene da nossa Pátria, se levantou o orgulho adormecido no peito dos homens”.

Foi assim que em 1980 o governo decretou que esta data passaria a ser comemorada anualmente como o “DIA DA CULTURA CUBANA”, realizando-se diversas actividades não só dentro do país, como também noutros locais onde existem representações diplomáticas.

Este ano em Portugal, pela primeira vez por iniciativa dos cubanos residentes no nosso país e contando com o apoio e patrocínio da Embaixada de Cuba em Lisboa, está marcada uma festa que se realizará amanhã, dia 22 de Outubro a partir das 12 horas na Costa da Caparica, com o mote “Orgulho de ser Cubano” onde se desenvolverá durante todo o dia para além do fraternal convívio, um vasto programa que inclui a gastronomia típica e actividades artísticas como música, dança e artes plásticas.

Celebrar em Portugal o DIA DA CULTURA CUBANA é também reafirmar o compromisso de defender a soberania de um povo e a forma de engrandecer a cultura e a história legada pelos antepassado
s que com o sangue derramado, escreveram tão belas páginas heróicas de patriotismo para que hoje fosse possível terem orgulho em serem cubanos.



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

CRIME EM BARBADOS

Cumpriram-se na passada semana 35 anos sobre o atentado terrorista em Barbados contra um avião comercial da “Cubana de Aviación” que provocou a morte de 73 pessoas e até hoje, um dos mentores desse desprezível acto vive em liberdade nos EUA, nunca tendo sido julgado por este e outros crimes que cometeu.

Os autores materiais que trabalhavam para Luís Posada Carriles receberam em 1976 a quantia de 26 mil dólares para realizarem o atentado. Carriles era então agente da CIA e entre outros trabalhos sujos serviu vários anos como especialista do pentágono em países da América central, sendo ainda hoje reclamado pela justiça venezuelana por ter torturado prisioneiros políticos durante a sua permanência naquele território como assessor da contra-inteligência.

Enquanto Quatro Heróis Cubanos continuam presos na Florida e um em liberdade condicional por combaterem o terrorismo, Carriles apenas foi detido uma vez nos EUA por entrada ilegal no país durante o mandato de George W. Bush, tendo sido libertado de imediato pelo Tribunal porque o “activista anticastrista” não era considerado violento e muito menos terrorista, quando o último balanço efectuado sobre os danos humanos provocados por actos terroristas contra Cuba, perpetrados por indivíduos como este e por organizações apoiadas e financiadas pelos sucessivos governos dos EUA, cifra-se em 3.478 mortos e mais de 2.100 incapacitados.

Esta guerra subversiva a que Cuba está sujeita desde há mais de 50 anos sem qualquer trégua, já passou por 11 administrações norte-americanas e por outros tantos presidentes, sem que haja a coragem política de lhe pôr fim e cumprir as resoluções das Nações Unidas que anualmente têm sido aprovadas quase por unanimidade, estando agendada para o corrente mês de Outubro mais uma proposta sobre a “Necessidade de pôr fim ao Bloqueio Económico Comercial e Financeiro imposto pelos Estados Unidos sobre Cuba”.

Muitas têm sido as transformações operadas na Ilha, principalmente nos últimos meses com reformas estruturais que são fruto da participação activa de todo um povo que deseja uma sociedade mais moderna e evoluída, não abdicando dos seus princípios programáticos nem dos ideais da Revolução.

Como disse José Marti, “A liberdade custa muito caro e temos de nos resignar a viver sem ela ou de nos decidirmos a pagar o seu preço”.

Pelo que conheço, Cuba e os cubanos não se resignam e pagarão o preço que for necessário, até com a própria vida, para manterem a sua soberania e independência.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 14/10/2011)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

NOVA INJUSTIÇA

René González Sehwerert, um dos Cinco Heróis antiterroristas cubanos, sairá da prisão no próximo dia 7 de Outubro, depois de ter cumprido na totalidade a brutal e injusta condenação que lhe foi imposta.

No passado dia 16 de Setembro, a Juíza Joan Lenard, do Distrito Sul da Florida, rejeitou a Moção apresentada por René em 16 de Fevereiro de 2011 para que lhe fosse permitido regressar a Cuba e unir-se à sua família, sendo assim obrigado a permanecer nos Estados Unidos durante mais três anos no regime de liberdade condicional.

A decisão da Juíza não tem justificação nem qualquer sentido, já que René pode ter a sua vida em perigo e à mercê dos mercenários e organizações terroristas que ele denunciou por prepararem actos violentos contra Cuba.

Na contestação à Moção, a Juíza cita a sentença imposta a René no ano de 2001, que incluiu o absurdo requisito especial e adicional de o proibir, após a sua saída da prisão, de “se associar ou visitar lugares específicos onde se sabe que estão ou frequentam indivíduos ou grupos tidos como terroristas…”. Como é possível cumprir com esse requisito, se René é obrigado a residir precisamente no mesmo território que esses indivíduos protegidos pelo Governo dos Estados Unidos e que conspiram contra Cuba?

Ainda que seja impossível reparar a injustiça já consumada depois de tantos anos da indevida prisão, nesta altura, a única acção minimamente digna do Governo dos Estados Unidos seria a de autorizar o imediato regresso de René a Cuba, pondo também fim às sentenças contra Gerardo, Ramón, António e Fernando, permitindo o retorno definitivo de todos à sua Pátria.

A causa dos Cinco Heróis cubanos é conhecida em todo o mundo e o povo cubano agradece profundamente a todas aquelas pessoas e associações que têm reclamado o fim a tanta injustiça, aos chefes de Estado e de Governo, aos altos funcionários governamentais, assim como a reconhecidas personalidades que de forma pública ou privada têm pedido a libertação dos Cinco.

É preciso exigir com toda a energia que não se cometa mais uma injustiça e denunciar que se algo acontecer a René toda a responsabilidade será do Governo dos Estados Unidos, que prefere tomar o caminho de proteger os terroristas que vivem no seu território, em vez de libertar de vez aqueles cujo único crime foi o de defenderem o seu pais de actos violentos preparados desde Miami.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 04/10/2011)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

TURISTA 2 MILHÕES

Enquanto a Organização Mundial de Turismo prevê para este ano um decréscimo de 5% no fluxo turístico em todo o planeta, Cuba atingiu no 1.º semestre um aumento de 10,6% em relação ao mesmo período do ano transacto, perspectivando-se que este bom desempenho se mantenha ou melhore até Dezembro, atendendo a que com 32 dias de antecedência em relação a 2010, chegou à Ilha no passado dia 17 o turista 2 milhões.

Este significativo aumento representou também uma maior captação de divisas que se traduziram em mais 13%, fruto das novas medidas económicas e do incremento das actividades privadas com novas ofertas para quem visita Cuba.

Com a colaboração e o estabelecimento de acordos com as principais cadeias hoteleiras internacionais, Cuba tem vindo a melhorar unidades antigas e a construir algumas novas em pólos de grandes potencialidades, aumentando o número de camas disponíveis para o turismo.

O Canadá consolidou-se como o principal país emissor e o Reino Unido como o mais importante da Europa, seguido de Itália, Espanha e França. Os portugueses viajaram menos este ano e Cuba não foi dos principais destinos, embora a sua promoção tenha sido talvez superior à de anos anteriores, mas a condição económica inviabilizou os desejos de muitos que se limitaram a fazer “férias cá dentro”.

Embora o governo dos Estados Unidos proíba e sancione os seus cidadãos por viajarem a Cuba em turismo, o bloqueio é sistematicamente furado por turistas americanos que utilizando escalas diversas acabam por chegar à Ilha sem serem detectados pelas autoridades do seu país, livrando-se da multa que “democraticamente” lhes seria imposta.

Um dos aspectos mais interessantes é o de que muitos dos visitantes o fazem regularmente, repetindo ano após ano este tranquilo destino de grande riqueza histórica, cultural e humana.

Como já várias vezes tenho dito, Cuba não é só praia, rum e charutos, é também o país da solidariedade social, da saúde, da educação, das artes e do desporto, onde com toda a segurança o visitante circula livremente por onde quer, fazendo novos amigos no convívio com um povo simples, alegre e hospitaleiro.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 23/09/2011)

domingo, 18 de setembro de 2011

CONVITE

Correndo o risco de me repetir, não posso deixar passar em claro uma data marcante para os muitos milhares de pessoas que em todo o mundo têm vindo a apelar para a libertação dos Cinco Heróis Cubanos, sendo difícil pensar e aceitar que no passado dia 12 se cumpriram já 13 anos desde a sua injusta prisão.

Não pode haver maior exemplo de hipocrisia da suposta guerra contra o terrorismo por parte do governo dos Estados Unidos da América do que o caso destes cinco patriotas que apenas cometeram o delito de quererem defender o seu povo e o seu país dos planos que se preparavam em Miami para espalhar uma onda de terror em Cuba.

Mesmo depois de aliciados a renunciarem aos seus princípios com a promessa de serem libertados, têm continuado ao longo dos anos a resistir e a lutar para que se faça justiça com a verdade, porque sabem das razões que lhes assistem e da grande onda de solidariedade que existe em todo o mundo.

A luta pela liberdade imediata dos Cinco Heróis Cubanos tem vindo sempre a crescer e cada vez existem mais pessoas a interessarem-se pelo caso, embora as grandes empresas mediáticas continuem a ocultar as verdadeiras razões da sua prisão para que a opinião pública, por desconhecimento, não pressione as autoridades americanas com o fim de acabar com esta injustiça e que lhes permita regressarem ao seu país e às suas famílias.

Este ano, o aumento do Movimento Internacional de Solidariedade com esta causa reflectiu-se em muitos tipos de acções, sendo um exemplo disso a campanha de “o 5 de cada mês pelos 5” quando nesse dia pessoas de todo o mundo contactam a Casa Branca pedindo a sua libertação incondicional. O Presidente Obama, Prémio Nobel da Paz, tem poderes suficientes para inverter a injustiça cometida e até que isso suceda, faxes, cartas, correios electrónicos e telefonemas não acabarão de lhe chegar mensalmente.

Um novo filme documentando meio século de hostilidades contra Cuba, com o título “Que o verdadeiro terrorista por favor se ponha de pé” realizado pelo cineasta Saul Landau foi apresentado no Teatro Brava de S.Francisco, onde se explica claramente as razões e a necessidade da presença dos Cinco em Miami para monitorizarem os grupos terroristas contra Cuba.




Em Portugal, o Comité Português para a Libertação dos Cinco tem vindo a realizar acções de sensibilização para esta causa em vários pontos do país, promovendo na próxima semana com o apoio do Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho um encontro debate de solidariedade, com entrada livre, que terá lugar na sexta-feira dia 23 de Setembro de 2011 pelas 21 horas no pavilhão do CCRAM, contando com a participação do Presidente da Câmara e da Assembleia Municipal do Seixal e como convidado especial o Embaixador de Cuba em Portugal.

Aqui fica o convite.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 16/09/2011)

sábado, 10 de setembro de 2011

O QUE ELES NÃO DIZEM

Não é de estranhar que os aspectos positivos que ocorrem em Cuba ou que estejam relacionados com este país sejam pura e simplesmente omitidos – para não dizer censurados – pela comunicação social internacional, pois a suposta independência jornalística que gostam de apregoar só se aplica aos assuntos que lhes são permitidos divulgar, servindo apenas de marionetas suspensas nos cordéis do poder, que em troca da sua sobrevivência económica se deixam manietar e subjugar.

Isto porque não vimos nas nossas televisões ou jornais nacionais qualquer referência à Organização dos Direitos das Crianças “Save The Children” que considerou a Suiça como o 1.º país do mundo – entre 161 analisados – onde as crianças doentes correm menor risco de morte, ocupando Cuba o 8.º lugar dessa lista à frente, por exemplo, da Alemanha (10.º), Rússia (11.º), França (12.º), Reino Unido (14.º) ou Estados Unidos (15.º).

O estudo baseou-se em três principais indicadores, tais como a proporção dos profissionais de saúde por cada 1.000 habitantes, a proporção entre crianças vacinadas e a proporção de partos assistidos clinicamente. De salientar que Cuba tem uma das mais baixas taxas do mundo de mortalidade infantil e que a esperança de vida tem vindo a aumentar anualmente, cifrando-se hoje ao mesmo nível dos países mais ricos e desenvolvidos.

Enquanto a Organização Mundial de Saúde chama a atenção para o excessivo consumo de tabaco que mata mais de cinco milhões de pessoas por ano, prevendo-se que este número possa ascender aos oito milhões até 2030, também não vimos qualquer notícia sobre a apresentação em Cuba da primeira medicação terapêutica do mundo contra o cancro do pulmão, um dos de maior incidência entre fumadores. Após os ensaios clínicos bem sucedidos que provam a eficácia do fármaco desenvolvido por um grupo de investigadores do Centro de Imunologia Molecular de Havana, estes já estudam como usar o mesmo princípio do medicamento no tratamento de outras doenças do foro oncológico.

De acordo com declarações da Doutora Gisela González, responsável pelo projecto, o medicamento não previne a doença, mas melhora consideravelmente o estado dos doentes graves, oferecendo a possibilidade de converter o cancro avançado numa doença crónica controlável, gerando anticorpos contra as proteínas desencadeadoras do descontrole nos processos de proliferação celular.

É com estas pequenas grandes conquistas que Cuba dá e continuará a d
ar resposta aos seus detractores que mais dia menos dia acabarão por concluir de que lado está a razão.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 09/09/2011)

sábado, 27 de agosto de 2011

FELICIDADE IVETTE

Termina hoje a sua missão de Primeira Secretária da Embaixada de Cuba em Lisboa a Dr.ª Ivette Garcia González, regressando ao seu país para continuar a dar o seu valioso contributo à Revolução nas tarefas que lhe estiverem reservadas, na certeza de que as irá desempenhar com o mesmo entusiasmo e dedicação que demonstrou em Portugal.

Quem ao longo dos últimos anos conviveu mais de perto com a Companheira Ivette, sabe bem como ela sempre se mostrou disponível para tudo o que estivesse relacionado com Cuba, nunca se escusando a comparecer no mais simples e recôndito local do nosso país para prestigiar com a sua presença qualquer actividade e para esclarecer todas as questões que lhe fossem colocadas.

Personalidade de uma extraordinária simpatia e cultura geral, a Dr.ª Ivette Garcia facilmente granjeou muitos amigos por todos os locais onde passou, deixando em todos nós um vazio pela falta da sua presença física no nosso país, mas na convicção de que em Cuba ou em qualquer outro local do mundo não nos esquecerá e que continuará disponível para nos atender.

Em meu nome pessoal e em nome da Associação Portuguesa José Marti desejamos-lhe as maiores felicidades pessoais e profissionais, esperando que nos continue a acompanhar, mesmo que à distância.


Celino Cunha Vieira

sábado, 13 de agosto de 2011

PARABÉNS, FIDEL!



Hoje, 13 de Agosto, o Comandante Fidel Castro comemora os seus 85 anos de uma vida totalmente dedicada ao seu país, resistindo de forma heróica a todas as contrariedades que teve de enfrentar na defesa do seu povo.

Haverá certamente quem discorde das suas opções, mas ninguém pode ficar indiferente a uma figura que marcou significativamente a história das últimas décadas, sendo respeitado e admirado em cada recanto do mundo pela sua cultura, lucidez e antevisão da política internacional que ao longo dos tempos tem vindo a dar-lhe razão.

Nascido de uma família abastada para a época, Fidel poderia ter comodamente usufruído dessa condição para viver rodeado de luxos e “lutando” apenas para se tornar mais rico e poderoso economicamente, como muitos outros da sua geração o fizeram, alheando-se das tremendas desigualdades sociais que existiam em Cuba e que só viriam a ter fim no 1.º de Janeiro de 1959.

Mas o sangue galego que lhe corre nas veias impulsionaram-no para outras batalhas, preferindo seguir e pôr em prática o pensamento de José Marti entregando-se de corpo e alma à luta revolucionária que permitisse a total independência do seu país.

Iniciando-se na política através das movimentações estudantis durante a década de quarenta na Universidade de Havana, não mais parou, mesmo depois de se ter licenciado em Direito em 1950 com 24 anos. Daí para cá já todos conhecem o seu percurso até à renúncia de todos os cargos que ocupava, dedicando-se hoje muito mais à leitura e à escrita que tanto prazer lhe dão e que antes por falta de tempo não lhe permitiam que o fizesse.

Fidel é daquelas pessoas que se ama ou se odeia, mas estou certo que a esmagadora maioria dos cubanos o admira e lhe quer muito, agradecendo-lhe eternamente tudo o que através da sua liderança foi conquistado pela Revolução.

FELICIDADES COMANDANTE!


sábado, 23 de julho de 2011

A HISTÓRIA ME ABSOLVERÁ



Quando no dia 26 de Julho de 1953 um grupo de 135 jovens comandados por Fidel Castro participou no assalto ao Quartel Moncada em Santiago de Cuba, na tentativa de a partir daí armar a população para derrubar o governo fantoche de Fulgêncio Batista, estavam muito longe de imaginar o que viria a passar-se nos seis anos seguintes. Desta acção resultou a morte da maioria dos revolucionários e a prisão dos restantes, tendo Fidel sido condenado a 15 anos de prisão, em cujo julgamento proferiu a célebre frase de que “a história me absolverá”.

Pese embora a derrota militar sofrida, este dia acabou por marcar definitivamente o rumo do futuro movimento revolucionário que adoptou a sigla M-26, desenvolvendo-se por todo o país acções de sensibilização e recrutamento de apoiantes que na clandestinidade se preparavam para o momento em que os principais líderes seriam libertados, já que a pressão exercida quer por instituições, quer pelo povo anónimo a isso conduziria inevitavelmente.

Por isso, foi com enorme expectativa e interesse que tive a oportunidade de visitar o “presídio modelo” na Ilha da Juventude onde Fidel, Raul e os restantes companheiros estiveram encarcerados, podendo, pelo que vi, imaginar as precárias condições e o total isolamento a que foram submetidos até à sua libertação em 15 de Maio de 1955, beneficiando de uma amnistia presidencial. Nesse mesmo dia e instado pelos jornalistas que o aguardavam, Fidel afirmou: “continuaremos lutando até obter a independência de Cuba”.

Exilando-se no México dois meses após a sua libertação, Fidel inicia de imediato os preparativos para voltar a Cuba com uma expedição de revolucionários, desembarcando do pequeno iate “granma” no dia 2 de Dezembro de 1956 na praia “Las Coloradas” e daí seguindo para a “Sierra Maestra” onde permaneceu dois anos até ao triunfo da Revolução em 1 de Janeiro de 1959.

Se até aí o “Movimento 26 de Julho” tinha desempenhado um extraordinário trabalho na organização política de inspiração Martiana, a partir do início da luta armada passou também à acção militar e ao apoio logístico dos revolucionários que combatiam o exército governamental.

Assim e em homenagem a todos os “Moncadistas” é celebrado em 26 de Julho o Dia Nacional de Cuba com manifestações patrióticas por todo o país, nunca esquecendo aqueles que nesse dia deram a sua vida para que hoje Cuba possa ser livre e independente de qualquer subjugação imperialista.

Como escreveu José Marti, “Pátria é comunhão de interesses, unidade de tradições, unidade de fins, fusão docíssima e consoladora de amores e esperança”.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 22/07/2011)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

EMIGRAÇÃO EM MIAMI

Quando se fala ou escreve sobre os cubanos que vivem em Miami, a tendência é para se especular e pensar que todos são terroristas ou que conspiram contra o seu país natal. Puro engano: a grande maioria emigrou para se juntar a familiares e amigos e ama tanto a sua pátria como qualquer outro que não entrou nessa aventura do sonho americano.

Porém, e ao contrário daquilo que se quer passar para a opinião pública, não é o governo cubano que os impede de viajar para o seu país, mas sim as autoridades norte-americanas que desde há longos anos vêm colocando as mais variadas restrições, umas vezes com mais dureza, outras com mais brandura, mas sempre condicionando a livre circulação, impedindo assim a união de numerosas famílias separadas por questões políticas a que são alheias.

Por estes motivos, no passado sábado dia 9 de Julho, mais de uma centena de carros formaram uma caravana que percorreu as ruas de Miami em protesto pela pressão que a máfia anti-Cubana vem fazendo junto do congressista Mário Diaz Balart, para que este possa servir de “ponta de lança” junto do Congresso Americano a fim de proibir os voos para Havana.

A caravana foi convocada pela “Asociación de Mujeres Cristianas en Defensa de la Família” e apoiada por outras organizações da emigração cubana que repudiam o projecto de lei apresentado pelo congressista Balart para reinstaurar as mesmas restrições impostas em 2004 por George Bush e que haviam sido levantadas pelo Presidente Obama no início do seu mandato.

Claro está que a imprensa local dominada economicamente pelos mafiosos fez silêncio sobre a caravana e os motivos do protesto, assim como omite ou deturpa muitas outras manifestações de patriotas que têm apelado à libertação dos Cinco Heróis Cubanos presos por combaterem o terrorismo ou ao fim do criminoso bloqueio económico e financeiro que até os impede de ajudar os seus familiares que residem em Cuba.

Porque é que o governo norte-americano não concede sequer metade dos vistos a cidadãos cubanos que desejem ir aos EUA, embora por acordos bilaterais se tenha comprometido a isso?

Porque não permite que os seus cidadãos possam visitar Cuba com total liberdade? Por questões de segurança não é certamente porque sabem que existe e que serão muito bem recebidos, pois os cubanos não confundem as pessoas com os adversários políticos e sabem respeitar quem possa ter uma opinião diferente da sua.

Afinal o que receia o governo norte-americano?


(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 15/07/2011)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

FÉRIAS ESCOLARES

Tal como em Portugal, terminou em Cuba o período escolar nas 13.700 escolas espalhadas pelo país, iniciando as suas férias prolongadas mais de 3 milhões de estudantes que só regressarão às aulas no dia 1 de Setembro.

Desde o triunfo da Revolução em 1 de Janeiro de 1959 as transformações do sistema educativo cubano têm sido evidentes, iniciando-se com a campanha de alfabetização que reduziu a 3% o analfabetismo, seguindo-se o plano para elevar o nível escolar ao 6.º e ao 9.º ano, até se atingir o 12.º ou superior, tal como existe nos nossos dias.

Todo este processo foi sendo avaliado ao longo dos anos para que se pudessem corrigir os erros e para se acompanharem as novas tecnologias, iniciando-se na última década a introdução de laboratórios informáticos e módulos de meios audiovisuais em todas as escolas e níveis de ensino, incluindo as escolas especiais para crianças incapacitadas ou de conduta desajustada.

Importante também em todo este processo tem sido a formação dos docentes que de forma contínua tem vindo a melhorar com a adaptação às realidades com base em novos métodos pedagógicos a par das novas tecnologias colocadas ao seu dispor.




Alguns ajustamentos foram efectuados e ao nível do ensino primário as transformações determinaram que cada professor tivesse o máximo de 20 alunos e que fosse secundado com outros professores de educação física, de língua estrangeira, de informática e de artes plásticas, para além de se exigir que dessem uma maior relevância ao conhecimento da história e das ciências a nível local, a fim de que cada criança tenha um particular interesse pelo meio onde vive.

Para a educação técnica e profissional foram também introduzidos novos perfis de cada área de especialização, em particular naquelas em que o país mais está carenciado e onde existem mais ofertas de trabalho.

Um outro pormenor interessante é que para cada nível de ensino é distribuído um uniforme diferente e em Cuba não existe uma única escola particular, religiosa ou de outra índole que exclua uma criança, um adolescente ou um jovem por dinheiro, raça, credo ou género, porque todos, sem excepção, têm garantida a sua educação completamente gratuita até que concluam os seus estudos de nível técnico ou universitário.


(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 08/07/2011)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

CINCO HERÓIS

Embora sejam cada vez mais as vozes e as organizações internacionais que apelam à libertação imediata dos Cinco Heróis Cubanos injustamente presos nos EUA por lutarem contra o terrorismo, o certo é que a situação se mantém inalterada desde há mais de 13 anos, faltando a coragem ao Presidente Obama – Prémio Nobel da Paz – para deixar de se submeter à vontade e à pressão política da máfia de Miami e decidir de uma vez por todas devolver a Cuba os patriotas Gerardo Hernández, Antonio Guerrero, Ramón Labañino, Fernando y René González.


Na declaração final do III Encontro Internacional de Organizações Juvenis de Solidariedade com os Cinco, que se realizou em Havana de 11 a 12 de Junho, os cerca de 180 representantes de 33 países de todos os continentes, exigiram que se ponha fim à cruel prisão. Na ocasião, a jovem Liudmila Álamo, membro do Conselho de Estado da República de Cuba, disse que “é essencial insistir na divulgação do caso referente aos Cinco com a apresentação dos argumentos e das provas da sua total inocência, das razões da sua presença nos EUA, da farsa judicial, das manipulações e das arbitrariedades, para que o mundo possa conhecer a verdade, sensibilizando-se a opinião pública internacional”.

Também no passado fim-de-semana se realizou em S.Paulo a XIX Convenção de Solidariedade a Cuba no Brasil, que denunciou a imoralidade dos EUA quando apregoam serem os máximos defensores da luta contra o terrorismo no mundo, enquanto mantém presos os antiterroristas cubanos.


De salientar que graças à sua perigosa e destemida acção, estes 5 cubanos evitaram muitos actos violentos que poderiam resultar em graves consequências para pessoas inocentes, pois os grupelhos de mercenários apoiados e financiados pela CIA e que actuam em Miami contra Cuba, não têm qualquer respeito pela vida humana.


Entre nós, o Comité Português para a Libertação dos Cinco tem desenvolvido uma intensa actividade de esclarecimento por todo o país, representando o sentimento de todos aqueles que são contra as injustiças e que não se resignam a aceitá-las como desígnio inultrapassável.


No próximo mês de Novembro, de 16 a 20 realizar-se-á em Cuba, na cidade de Holguin, o VII Colóquio Internacional pela Libertação dos Cinco, estando prevista a participação de mais de 400 representantes dos cerca de 50 países que já confirmaram a sua presença. Como o Colóquio é aberto à participação individual, todos aqueles que o desejem, têm aqui uma oportunidade e um forte motivo para irem a Cuba.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 01/07/2011)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

COPPELIA



Há 45 anos era inaugurada a mais famosa geladaria de Cuba, a “Coppelia”, situada em Havana na cêntrica avenida 23 esquina a L, frente ao conhecido Hotel “Habana Libre” e perto do emblemático Hotel “Nacional”, vindo ao longo da sua existência a deliciar as várias gerações de “habaneros” que por lá têm passado.

Um dos grandes prazeres da vida que qualquer cubano tem, em qualquer idade, é sem dúvida o poder deliciar-se com um gelado a qualquer hora, quer de dia quer de noite, antes ou depois das refeições, sendo o mesmo considerado um óptimo suplemento alimentar, além de ajudar a suportar o imenso calor que sempre se faz sentir. Diz-se mesmo que é quase impossível que exista algum “habanero” que não tenha uma história ou uma recordação agradável relacionada com esta monumental geladaria.

O conhecido e galardoado filme “Fresa y Chocolate” começa precisamente numa das esplanadas da “Coppelia”, onde os protagonistas se encontram e se conhecem frente a uma bela taça de gelado.

A denominação “Coppelia” foi retirada da obra de ballet clássico de igual nome, estreada em 1870 na Ópera de Paris, tornando-se um dos bailados mais representados e com maior sucesso desde essa altura. Desafiando o passar do tempo, o edifício de dois pisos é uma obra de arte arquitectónica em forma de aranha construída em betão armado, sendo considerado um dos mais belos edifícios da Ilha, conhecida também como a Catedral do Gelado.

No local onde hoje se encontra a “Coppelia” existiu entre 1886 e 1954 o Hospital Rainha Mercedes que foi demolido para dar lugar a um novo Hospital que nunca viria a ser construído, por haver outros projectos para um terreno situado no coração da cidade. É assim que todo o quarteirão é aproveitado para edificar um frondoso jardim com um lago artificial e algumas instalações ligadas à restauração, até que em 1965 se optou pela solução definitiva da “Coppelia”, tendo demorado a sua construção pouco mais de 6 meses.

Terminada a obra nem sequer houve tempo para a cerimónia inaugural, iniciando-se de imediato a venda à gente curiosa que desde logo começou a degustar a grande variedade de deliciosos gelados com uma oferta inicial de 26 sabores. Desde então “Coppelia” tem-se mantido como preferência do público, nacionais e estrangeiros, que mantém a sua capacidade quase lotada para atender cerca de mil pessoas em simultâneo, mas que mesmo assim e em determinadas horas, provoca infindáveis filas de pessoas que não desistem até conseguirem o tão almejado manjar.

Aqui vos deixo mais uma sugestão, esperando que a possam aproveitar numa próxima visita a Cuba.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 24/06/2011)

sábado, 18 de junho de 2011

CARNAVAIS

Quando me perguntam qual é a melhor época para visitar Cuba, fico sempre sem saber o que responder. Há uns anos não era muito recomendável o mês de Agosto porque as temperaturas muito elevadas a par da humidade do ar a rondar os 90% constituíam um suplício para quem estivesse pouco habituado a essas condições.

Hoje já não é bem assim e as mudanças climáticas que se têm operado em todo o planeta transformaram completamente as estações do ano, sendo indiferente a localização geográfica se situar no hemisfério norte ou no hemisfério sul.

Mas uma coisa é certa: com ou sem chuva, com mais ou menos calor, Cuba tem sempre ao longo do ano condições excepcionais para se poder ir à praia e usufruir daquelas águas claras e de temperatura amena.
As chuvadas, de características tropicais, acabam por refrescar o ambiente e não imaginam como é agradável estar dentro de água durante as fortes descargas, não apetecendo sair de lá, a não ser para tomar um trago de rum ou uma cervejita bem gelada.


A época que se aproxima é também aquela em que a animação de rua mais se evidencia, já que é no Verão – entre Junho e Agosto – que se realizam por todo o país os Carnavais, sendo o mais popular e de maior tradição o de Santiago de Cuba, seguido do de Camaguey e de Havana.


Há quem defenda que estas festas populares remontam aos primeiros tempos da época colonial, quando os escravos negros organizavam danças e marchas colectivas, autorizados pelos seus amos espanhóis que lhes concediam alguns dias em Janeiro, durante os Reis, para que pudessem reproduzir os cantos das suas terras africanas de origem.


Daí para cá as datas foram mudando e para que não se interrompessem as colheitas e se pudesse aproveitar a principal época de férias dos cubanos, os carnavais fixaram-se definitivamente no Verão.


Em Havana, por exemplo, a marginal (malecón) é fechada ao trânsito a partir das 6 da tarde durante o mês de Agosto, para que esta se transforme no imenso palco onde desfilam os grupos formados em cada município e que fazem a festa popular onde não faltam as vendas ambulantes de comidas e de bebidas.


Em cada recanto há música ao vivo ou gravada, onde se dançam os ritmos latinos tão do agrado dos jovens e dos menos jovens que se divertem até de madrugada. Hospitaleiro como é o povo cubano, qualquer estrangeiro facilmente se integra nos desfiles e nos bailaricos, compartilhando da alegria que transborda nestas noites de intensa folia.


O extenso muro do “malecón” serve de bancada privilegiada para quem só pensa em assistir aos festejos, mas também de local para descansar, namorar ou mesmo adormecer embalado pelas vagas que nele vão rebentando.


Por isso, se pensa ir a Cuba brevemente não deixe de participar nos carnavais, aproveitando ao máximo para se divertir.

(in Jornal Comércio do Seixal e Sesimbra de 17/06/2011)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

ERNEST HEMINGWAY


A maior marina de Cuba, em Havana, tem o nome de Hemingway, em homenagem ao grande escritor, autor de “O adeus às armas”, “Por quem os sinos dobram” ou “As neves do Kilimanjaro”, entre outros, e Nobel da Literatura de 1954 depois de ter escrito e publicado dois anos antes o que viria a ser a sua última obra de ficção, “O Velho e o Mar”, inspirado num velho pescador cubano que ele conheceu enquanto aí vivia na sua fazenda “La Vigia”.

Ernest Hemingway, um dos mais prestigiados jornalista e escritor da sua época, nasceu no Estado do Ilinois (USA) em 21 de Julho de 1899 e teve uma vida extremamente atribulada, passando por vários países, entre os quais Inglaterra, França, Itália e Espanha, acabando por se fixar nos seus últimos anos de vida em Key West na Florida e Cuba, mudando-se para Ketchum no Idaho, onde viria a suicidar-se com apenas 61 anos de idade no dia 2 de Julho de 1961.





Conhecido o seu gosto especial pela pesca, em 26 de Maio de 1950 reúnem-se na Baía de Havana 36 dos melhores barcos, entre eles o “Pilar” de sua propriedade, para dar início ao que viria a ser o “1.º Torneio Internacional de Pesca da Agulha Ernest Hemingway” o qual decorre neste momento e até ao dia 11 de Junho na sua 61.ª edição, com a participação de 24 equipas em representação de 14 países, contando as respectivas classificações para a Copa Mundial a realizar no próximo ano no México, por cumprir com todos os parâmetros e princípios éticos de preservação das espécies, onde prevalece a componente ecológica e a necessidade de manter um planeta saudável, sob a supervisão da Associação Internacional de Pescadores Desportivos.




Quem visita Cuba tem ao seu dispor na Marina um excelente complexo turístico situado a oeste de Havana no final da 5ª Avenida, composto para além de todas as infra-estruturas relacionadas com a actividade náutica, também um hotel, vários restaurantes, esplanadas, discoteca ao ar livre e algumas lojas de produtos diversos.

Para os admiradores da obra de Hemingway também é imprescindível uma visita à “Finca La Vigia”, a poucos quilómetros do centro de Havana, adquirida por ele em 1940 por 12.500 dólares e onde escreveu alguns dos seus romances mais famosos. A casa, transformada em museu, preserva grande parte de todos os objectos pessoais do escritor, mantendo-se praticamente intacta desde o seu desaparecimento. Nos jardins, perfeitamente cuidados, está ainda exposto o seu barco “Pilar” que tantos momentos de prazer certamente lhe proporcionaram e onde aprendeu a melhor conhecer o mar com o seu velho amigo Santiago, protagonista do seu último livro.




Mais uma vez aqui vos deixo algumas sugestões, esperando que possam usufruir ao máximo da vossa próxima visita a Cuba.

(In Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 09/06/2011)