sexta-feira, 19 de dezembro de 2014


ESPERANÇA NUMA PAZ DURADOURA

Quem me conhece sabe bem que não morro de amores pela política interna e externa dos EUA, mas no passado dia 17 de Dezembro gostei de ouvir o Presidente Obama, principalmente depois de libertar os 3 heróis cubanos que estavam presos por combaterem o terrorismo que a administração norte-americana financia e permite que actue desde o seu território contra Cuba.

De entre as várias medidas anunciadas por ele, incluem-se a do restabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países e a sua proposta ao Congresso para pôr fim ao injustificado e criminoso bloqueio económico, comercial e financeiro, já que, como reconheceu, não deu os resultados desejados em mais de 50 anos de existência. Ou seja, mesmo com todas as dificuldades, o povo cubano tem sabido resistir de forma exemplar e nunca abdicando dos seus princípios revolucionários, acaba de conquistar uma enorme vitória ao ver reconhecida a sua razão perante um adversário tão poderoso, em contradição com o que vimos e ouvimos nos meios de comunicação social em que até parecia exactamente o contrário.

Mas, no calor da alegria que se instalou em todos nós pelo regresso a casa de António, Gerardo e Ramón, mal nos apercebemos que a aparente mudança e a boa vontade do Presidente Obama não reflecte totalmente o que saiu no comunicado da Casa Branca, onde se afirma que a falta de relações com Cuba provocou um isolamento regional e internacional dos EUA, restringindo a sua capacidade para influenciar o curso dos acontecimentos no hemisfério ocidental. Melhor dizendo, os EUA chegaram à conclusão de que a sua política de genocídio em relação a um país da América Latina prejudicava os seus interesses, já que os outros estão com Cuba, condenando unanimemente o bloqueio.

No comunicado fala-se também em direitos humanos e liberdades fundamentais, assim como no financiamento do Congresso Americano para apoiar os programas da democratização em Cuba, parecendo quererem continuar com as acções subversivas através dos “pseudo-dissidentes” que a troco de uns dólares dizem o que lhes mandam e até o contrário se for preciso, dependendo das promessas e de quem lhes pagar mais.

As manifestações e os movimentos de solidariedade com Cuba espalhados por todo o mundo continuarão vigilantes e activos porque sabem que vencer uma batalha não é ganhar a guerra e ainda há muito por conquistar no plano económico e no desenvolvimento do país que sofreu as mais cruéis perseguições durante mais de 5 décadas, sabendo resistir de cabeça bem levantada e com toda a dignidade.

O momento é de exaltação e de esperança numa paz duradoura para os dois povos com respeito mútuo pela soberania e independência de cada país, mas há que estar sempre alerta e nunca baixar a guarda porque os inimigos da Revolução ainda espreitam nalgumas esquinas, mascarados de cordeiros mas de dentes bem afiados para poderem caçar alguma presa distraída.

Junto a minha alegria à de todos vós, desejando-lhes Boas Festas e que o próximo ano nos traga um mundo melhor e mais justo.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)




BOAS FESTAS

Nesta época em que os católicos comemoram o nascimento de Cristo e nos países que adoptaram o calendário romano se fazem as festas da passagem de mais um ano, lembro-me sempre daqueles que por uma ou outra razão não podem estar junto dos seus familiares e amigos, para em conjunto confraternizarem e fazerem votos para os vindouros 365 dias.

E se existem alguns nestas circunstâncias que por questões de trabalho ou de saúde estarão forçosamente ausentes, também há aqueles que serão os principais prejudicados pelas irresponsáveis e vergonhosas greves anunciadas para os transportes aéreos, esquecendo-se egoisticamente os sindicatos dos direitos dos passageiros e de quem lhes paga os ordenados.

Mas também nesta quadra me lembro de quem está preso injustamente, como é o caso de António Guerrero, Gerardo Hernández e Ramon Labañino, três dos cinco cubanos que há mais de 16 anos sofrem nas cadeias dos EUA a privação da liberdade pelo único “crime” de combaterem o terrorismo, dependendo do Presidente Obama um acto de humanidade para que eles possam finalmente regressar a Cuba.

Para todos aqueles que semanalmente nos lêem o meu desejo de Boas Festas e que o novo ano vos traga muitas felicidades.

Última hora: já depois de ter escrito estas notas chegou-nos a agradável notícia da libertação de António, Gerardo e Ramón, que finalmente chegaram a Cuba, comungando com eles e com todo o povo cubano o nosso sentimento de alegria.


(Celino Cunha Vieira)


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014


CIMEIRA DA COMUNIDADE DO CARIBE

Terminou há dias em Havana a 5ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade do Caribe – CARICOM – a qual foi constituída em 1973 por 14 países e 6 territórios autónomos, vindo o bloco económico a admitir Cuba em 1998 como observador e mais tarde a estabelecer acordos de livre comércio com Cuba e com a República Dominicana. Este conjunto de países fazem também parte da Comunidades de Estados Latino Americanos e do Caribe – CELAC – num total de 33 países dos 35 que constituem todo o Continente.

Vem isto a propósito para relembrar o total isolamento de Cuba no início da década de 90, não por vontade própria, mas porque a grande maioria dos países estavam subjugados à vontade e à política externa dos EUA que directa ou indirectamente manobrava os governos da totalidade dos países latino-americanos, que obedeciam às ordens e colaboravam no boicote decretado unilateralmente contra Cuba.

Felizmente para todos, em especial para esses países que conseguiram sair dessa dependência neo-colonialista, hoje o panorama é bem diferente e podem decidir os seus destinos com total liberdade e soberania, cumprindo os desejos e os ensinamentos de Bolívar e de Marti por uma América livre e unida por laços profundos de amizade e de cooperação, já que o povo tem as mesmas origens, as mesmas dificuldades e os mesmos desejos.

O desenvolvimento que se tem operado na região é significativo e com o fortalecimento destas organizações só poderemos esperar uma melhor qualidade de vida para as populações que tão sacrificadas foram e que na actualidade começam a ter os seus direitos assegurados com a ajuda daqueles que mesmo estando sós, conseguiram manter os seus princípios revolucionários, como é o caso de Cuba, que tem colaborado com outros países, principalmente nas áreas da educação e da saúde, enviando dos seus melhores técnicos para cumprirem missões internacionalistas nos lugares mais recônditos e de difícil acesso, ajudando a minorar as carências de que são vítimas as populações.

Por isso, na declaração final desta Cimeira, os participantes reconhecem que a cooperação entre Cuba e os países da Comunidade do Caribe, em sectores tais como a saúde, o desenvolvimento dos recursos humanos, a construção e o desporto, contribuiu de maneira efectiva para o crescimento e bem-estar dos seus povos, expressando o sincero agradecimento ao governo de Cuba pelo seu constante apoio.

Na mesma declaração exigem o fim imediato do bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelo governo dos EUA contra Cuba e, especialmente, do seu carácter extraterritorial e de perseguição financeira contra as transacções cubanas, assim como a retirada de Cuba da lista de Estados patrocinadores do terrorismo e que o governo dos EUA deixe de executar acções encobertas para subverter a legalidade e a ordem interna da República de Cuba, que constituem violações da soberania e do direito à autodeterminação do seu povo.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014


VOTAR EM HAVANA

Já aqui escrevi sobre a votação que está a decorrer até ao dia 7 de Dezembro (próximo domingo) para a eleição das 7 Cidades mais Maravilhosas do Mundo em que Havana é uma das 14 finalistas, depois de indigitadas em 2012 mais de 1.200 cidades de aproximadamente 220 países, que foram sendo votadas em várias etapas até se chegar à fase final.

Havana, que acaba de completar 500 anos desde a sua fundação, merece, como qualquer outra esta distinção, mas atendendo às vicissitudes porque o país tem passado e à excelente recuperação do seu centro histórico levada a cabo pelo Gabinete do Historiador dirigido por Eusébio Leal, é sem dúvida um bom exemplo do que se pode fazer com parcos recursos, mas com muita imaginação, muito trabalho e muito amor.

O tremendo esforço que tem sido feito para preservar e manter a traça de edificações em ruínas transformando-as em modernas instalações destinadas gratuitamente a importantes sectores sociais como infantários, centros de dia ou lares para idosos com unidades de cuidados paliativos, para além de novos museus, galerias de arte, restaurantes temáticos ou hotéis de charme, constitui uma notável obra digna de ser apreciada e reconhecida.

Havana, classificada como Património da Humanidade pela UNESCO desde 1982, é uma das cidades mais bonitas do mundo, com um passado que a honra, mas sobretudo com um presente em que harmoniosamente se misturam culturas e estilos arquitectónicos que chamam a atenção pela sua diversidade e contraste entre o antigo e o moderno, entre o clássico e o contemporâneo.

Quem conheceu a cidade há alguns anos e a visita hoje, terá uma agradável surpresa ao percorrer as principais ruas e largos do seu centro histórico, onde o movimento constante e os atractivos de cada recanto despertam a atenção do visitante.

Curiosamente Portugal está bem representado, pois muitos dos azulejos que indicam o nome das ruas foram executados no nosso país pela Fábrica de Olaria da Viúva Lamego, pelo painel representando Eça de Queiroz numa das paredes da “Casa de las Infusiones” e pela estátua de homenagem a Luís de Camões, onde recentemente tive a oportunidade de ver muitos visitantes estrangeiros pararem junto a ela ouvindo as explicações dos guias locais sobre o vulto da nossa história, enchendo-nos de orgulho pela atenção que lhe é dada e justificando plenamente a iniciativa da sua colocação num local tão nobre de Havana.

Por todos estes motivos, votar em Havana para a eleger como uma das 7 Cidades mais Maravilhosas do Mundo é quase uma obrigação de todos os portugueses, podendo fazê-lo através da página www.new7wonders.com.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)