quinta-feira, 12 de agosto de 2021

 

13 DE AGOSTO – ANIVERSÁRIO DE FIDEL

Por ocasião do 90.º aniversário do Comandante-em-Chefe Fidel Castro, não tive oportunidade de escrever e de lhe endereçar as minhas felicitações, mas hoje, passados cinco anos em que ele continua bem vivo nos nossos corações, não posso deixar de manifestar a eterna saudade (que lo estrañamos), sentimento esse repartido pelos milhões dos seus admiradores não só em Cuba, como também espalhados por todo o mundo.

Diz-se que não existem insubstituíveis, mas existem pessoas de tão elevado valor que nos fazem muita falta, como um pai ou uma mãe, deixando-nos orfãos e com falta de rumo para a vida, com um futuro incerto e sem destino traçado. Fidel é igual a Fidel e mesmo que queiramos fazer comparações, não encontramos quem se possa assemelhar e ele, dando toda a sua vida na defesa intransigente dos princípios Martianos, à sua dedicação à causa pública e social, à soberania e independência nacional e à Revolução que sempre necessita ser melhorada e aperfeiçoada, porque nunca está acabada, tal como ele sempre afirmou.

E a melhor homenagem que se pode fazer a Fidel é seguir os seus ensinamentos, sem desvios de qualquer espécie, compreendendo as dificuldades que a cada momento o país atravessa, ajudando a superá-las e não a agravar ainda mais os problemas que surgem do exterior com o objectivo de desestabilizar a Nação Cubana.

Hoje, mais do que nunca, é preciso que haja unidade para ultrapassar uma pandemia que afecta a saúde e toda a economia do país, como se já não bastasse o criminoso bloqueio comercial, económico e financeiro por parte dos EEUU. E se como alguns afirmam que este bloqueio em nada prejudica Cuba, então que se acabe com ele de uma vez por todas, deixando que sejam os cubanos a decidirem dos seus destinos.

As novas gerações saberão dar continuidade ao que se iniciou mesmo antes de Moncada em 1953 e com o Movimento 26 de Julho, porque o seu patriotismo há-de estar acima de outros interesses, estando preparados para assumirem as responsabilidades que o futuro lhes reservará.

Viva Fidel, que sempre será um exemplo e estará sempre no nosso pensamento.


(Celino Cunha Vieira – Cubainformación)


sexta-feira, 23 de julho de 2021

 

DIA NACIONAL DE CUBA


Cumpre-se no próximo dia 26 de Julho o 68.º aniversário sobre os assaltos ao Quartel Moncada em Santiago de Cuba e ao Quartel Carlos Manuel de Céspedes em Bayamo, sendo este o Dia da Rebeldia Cubana, homenageando-se assim aqueles que sobreviveram e os que deram a vida para que acabasse a ingerência estrangeira e a exploração de todo um povo oprimido e sem qualquer direito a poder escolher os seus destinos.


Hoje, quando todos deveriam estar unidos para poderem combater a pandemia e ultrapassar as dificuldades agravadas pelo criminoso bloqueio económico, comercial e financeiro unilateralmente imposto pelos Estados Unidos da América, assiste-se infelizmente à incompreensão de alguns que se deixam manipular por uma feroz campanha mediática que cobardemente aproveita sempre as situações de maior fragilidade em Cuba para formar e financiar agitadores no plano interno e externo, com vista a denegrir o prestígio das autoridades legítima e democraticamente sufragadas por quase a totalidade daqueles que estão no pleno gozo dos seus direitos, ou seja, por mais de 85% dos eleitores. Quem não conhece, que se dê ao trabalho de consultar a última versão da “Ley Electoral” aprovada em 13 de Julho de 2019, para poder ajuizar sobre a sua justiça e democraticidade.


É verdade que não se pode negar que existem muitas dificuldades agravadas pelo bloqueio e pela pandemia, ressalvando-se ainda que Cuba não tem, por exemplo, ajudas financeiras a fundo perdido da Comunidade Europeia ou de qualquer outra organização como tem Portugal, não pode contar com as receitas geradas pelo turismo pelos motivos conhecidos e por conseguinte, pela falta de divisas que lhe permitam fazer face a importações que têm de ser pagas na hora.


A maioria da comunicação social internacional bem tem aproveitado as falsas notícias, não se dando ao trabalho de comprovar a sua veracidade, omitindo as notícias verdadeiras para assim criar na opinião pública a sensação de que existe um grande movimento de contestação.


Todos têm direito a uma opinião, que não tem forçosamente de ser unânime, até porque onde há dois cubanos existem dois pontos de vista diferentes, mas não se pode admitir é que façam o jogo daqueles que querem destruir uma Pátria com séculos de história e que o povo muitos sacrifícios teve de suportar para conquistar definitivamente a sua independência.


Até se pode aceitar que quem não conhece Cuba possa estar equivocado, mas não se pode negar os enormes prejuízos económicos que o bloqueio tem provocado ao longo dos 60 anos da sua existência, com um forte impacto negativo no dia-a-dia de toda a população. Os assuntos cubanos devem ser tratados pelos cubanos e quem estupidamente apela a qualquer tipo de intervenção estrangeira em Cuba, deveria sim era apelar ao fim do bloqueio – tal como o tem feito a quase unanimidade dos países na Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas – e ajudar a reconstruir o País em paz, com espírito aberto e sentido revolucionário.


(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)






sexta-feira, 14 de maio de 2021


 

LIBERTAÇÃO

Passa exactamente a 15 de Maio, o 66.º aniversário sobre a libertação do Presídio Modelo na Isla de Pinos - actual Isla de la Juventud - de Fidel e dos restantes companheiros que sobreviveram aos assaltos do Quartel Moncada e do Quartel Carlos Manuel de Céspedes. Isto só foi possível graças a uma amnistia a que o governo de Baptista se viu obrigado a fazer pelas pressões a que foi sujeito a nível interno e até externo, já que os Moncadistas conquistaram um prestígio invejável pela coragem demonstrada e pelas razões políticas que lhes assistiam.

Todo o grupo esteve os quase 2 anos que aí passou isolado dos outros prisioneiros em instalações anexas aos blocos centrais onde se encontravam os detidos por crimes comuns. Há uns anos tive o privilégio de conhecer o local, parar e estremecer de emoção junto às camas que tinham sido ocupadas por Fidel, por Raul, por Ramiro, por Almeida e por todos os outros que aproveitaram esse tempo de clausura para se reorganizarem com vista a estabelecer o plano que viria a concretizar-se mais tarde na expedição e desembarque do iate Granma nas praias da costa sul da então província cubana do Oriente.

Logo nesse mesmo dia de liberdade, Fidel deu uma conferência de Imprensa e lançou um manifesto a todo o povo cubano onde expressava desde logo a intenção de continuar a luta de inspiração Martiana, dando desde aí o mote para a constituição organizada do futuro Movimento 26 de Julho, como símbolo e vanguarda da luta política e da luta armada com vista ao triunfo da Revolução.

Conhecendo-se hoje a história e tudo o que se passou a partir daí, só podemos cada vez mais admirar quem deu toda uma vida por um ideal com a entrega total a uma causa, deixando um legado às novas gerações, que seguindo o exemplo destes verdadeiros heróis, têm a obrigação de preservar e defender a soberania e independência nacional, não se deixando manipular por fantoches pagos e ao serviço de interesses obscuros.

Cuba apenas necessita que acabe de uma vez por todas o criminoso embargo comercial, financeiro e económico para que possa desenvolver todas as suas potencialidades, pois mesmo com todas as contrariedades tem conseguido resistir , apesar das grandes dificuldades que lhes são impostas pelos sucessivos governos dos EUA. Basta de bloqueio!

MR.BIDEN, PLEASE END THE EMBARGO ON CUBA.


(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)


quinta-feira, 22 de abril de 2021

 

ATENTADO HÁ 45 ANOS

Mais um ano se passou sobre a morte de Adriana Corcho e Efrén Monteagudo, vítimas do criminoso atentado perpetrado no dia 22 de Abril de 1976 contra a embaixada de Cuba em Lisboa, sendo mais uma vez homenageados e recordados com muita saudade por portugueses e cubanos residentes em Portugal.

Desde o triunfo da Revolução são incontáveis as acções terroristas sofridas quer em território Cubano quer em outras partes do mundo, executadas por mercenários ao serviço de movimentos subsidiadas pelos sucessivos governos dos Estados Unidos da América (EEUU) através de departamentos estatais mascarados de organismos humanitários.

É inadmissível que se queira avaliar o desenvolvimento de um país que sofre de um terrível bloqueio comercial, económico e financeiro desde há mais de 60 anos por parte do seu vizinho norte-americano, com claro desrespeito pela soberania e independência conquistada pelos seus heróis e mesmo depois da rejeição desse bloqueio pela quase unanimidade da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Independentemente do regime político que só ao povo cubano diz respeito e que tem maturidade e cultura suficiente para definir os seus destinos, muitos dos índices avaliados internacionalmente por reconhecidos organismos, Cuba está muito acima de alguns países considerados do primeiro mundo, levando-nos a pensar no que poderia ser se não tivesse o peso do injusto e criminoso bloqueio.

Espera-se que o Presidente Biden retome rapidamente as relações encetadas por Obama e que os dois países possam respeitar-se mutuamente e desenvolver uma cooperação que seja benéfica para ambas as partes, sem complexos ou reservas mentais de qualquer ordem.

Tal como Adriana e Efrén, muitos outros deram a vida por Cuba, merecendo a sua memória que tudo façamos para que o seu exemplo não tenha sido em vão, desejando um futuro promissor para todos aqueles que ao longo dos anos muitos sacrifícios têm suportado.

(Celino Cunha Vieira – Cubainformación)




segunda-feira, 27 de julho de 2020


PORTUGAL NUNCA ESQUECE O 26 DE JULHO

Devido ao confinamento que ainda existe em Portugal, infelizmente não é possível este ano que Cubanos e Portugueses amigos de Cuba possam comemorar o 26 de Julho à imagem do que têm feito quer nas instalações da Embaixada, quer noutros locais do país, tal como aconteceu no passado ano de 2019 no Município de Grândola, terra emblemática ligada à Revolução dos Cravos pela canção da autoria de Zeca Afonso e que ainda hoje é cantada como símbolo da liberdade.

Deste modo e não querendo deixar passar em claro este importante dia, pedimos à Senhora Embaixadora Mercedes Martinez Valdés uma declaração dirigida aos seus compatriotas radicados em Portugal e aos portugueses amigos de Cuba.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)


Queridos compatriotas en Portugal,
Queridos amigos de Cuba en Portugal y en el mundo:

Estamos a escasas horas de celebrar el 67 aniversario del asalto al cuartel Moncada, y aunque la pandemia no nos permita celebrar nuestro encuentro histórico  de cada 26 de julio con la “Generación del Centenario”, para los cubanos de esta Revolución no hay pandemia ni ciclón, que reduzca la relevancia de la gesta del 26 de julio de 1953, cuando un grupo de jóvenes, liderados por Fidel Castro, escribieron una importante página de nuestra historia, que nos enseñó en lo adelante, a convertir los reveses en victorias y marcó la ruta para levantar esta Patria de todos, con sus firmes banderas de soberanía e independencia.

Unidos y con el ejemplo de los asaltantes al Moncada, nos enfrentamos a cada provocación externa, a cada calumnia, a cada intento por asfixiarnos, contra ese bloqueo injusto, inhumano por inhabilitar la economía, el comercio, las finanzas, por paralizar la vida de todo un pueblo que responde con opciones y fórmulas propias a los desafíos agrícolas, a la falta de insumos y de combustible, a la escasez de materias primas para obtener mayores resultados científicos en la producción de medicamentos, a la infamia contra el personal médico que lucha dentro y fuera del país por salvar vidas frente al mortal COVID-19, y a cada freno impuesto por mantener los servicios básicos de nuestra población.

Con la grandeza de este pueblo, de su juventud que ha asumido protagonismos importantes en esta etapa de difíciles tareas, de sus hijos que fuera y dentro del país, continúan amando a su tierra, y de los amigos en Portugal y en todo el mundo, que con aliento nos enaltecen el espíritu rebelde legado por los jóvenes del Moncada, continuaremos, porque pudimos enfrentar y controlar la pandemia, porque podremos enfrentar y controlar la crisis.

Gracias compatriotas y amigos por su acompañamiento en estos difíciles momentos, porque como recientemente se publicara en nuestro periódico oficial: “(…) dura es nuestra lucha, pero más duro es el temple de nuestras almas”.

¡Gloria eterna a los mártires y héroes del Moncada!

(Mercedes Martinez Valdés)



terça-feira, 19 de maio de 2020




A MORTE DE JOSÉ MARTI HÁ 125 ANOS

Há precisamente 10 anos, Fidel escrevia este texto sobre a transcendência histórica da morte de José Marti.

“Deixando de lado os problemas que hoje afligem a espécie humana, a nossa Pátria teve o privilégio de ser berço de um dos mais extraordinários pensadores deste hemisfério: José Martí.
Hoje, 19 de Maio, comemora-se o 115º Aniversário de sua gloriosa morte.
Não seria possível avaliar a magnitude da sua grandeza sem ter em conta que aqueles com os quais escreveu o drama da sua vida também foram figuras tão extraordinárias como Antonio Maceo, símbolo perene da firmeza revolucionária, protagonista do Protesto de Baraguá, e Máximo Gómez, internacionalista dominicano, mestre dos combatentes cubanos nas duas guerras pela independência nas quais participaram. A Revolução Cubana, que durante mais de meio século tem resistido os embates do império mais poderoso que tem existido, foi fruto dos ensinamentos daqueles predecessores.
Apesar da ausência de quatro páginas do diário de Martí nos materiais ao alcance dos historiadores, o que consta daquele diário pessoal escrito minuciosamente e de outros documentos seus daqueles dias, é mais do que suficiente para conhecer os detalhes do acontecido. Mesmo como nas tragédias gregas, foi uma discrepância entre gigantes.
Nas vésperas da sua morte em combate escreveu ao seu amigo próximo Manuel Mercado: “Já corro todos os dias o perigo de dar minha vida pelo meu país e por meu dever — visto que o entendo e tenho ânimos com que realizá-lo — de impedir a tempo com a independência de Cuba que os Estados Unidos da América se estendam pelas Antilhas e caiam com essa grande força, sobre nossas terras da América. Tudo o que fiz até hoje, e farei, é para isso. Em silêncio teve que ser e como indirectamente, porque existem coisas que para consegui-las têm que andar ocultas, e de proclamarem-se no que são, colocariam dificuldades duras demais para alcançar sobre elas o fim.”
Quando Martí escreveu estas palavras lapidares, Marx já tinha escrito O Manifesto Comunista em 1848, isto é, 47 anos antes da morte de Martí, e Darwin tinha publicado A origem das Espécies em 1859, para citar apenas as duas obras que, no meu entender, exerceram maior influência na história da humanidade.
Marx era um homem tão extraordinariamente desinteressado, que o seu trabalho científico mais importante, O Capital, talvez nunca tivesse sido publicado se Federico Engels não reunisse e ordenasse os materiais aos quais o seu autor consagrou toda a sua vida. Engels não só se ocupou dessa tarefa, como também foi autor de uma obra intitulada Introdução à Dialética da Natureza, onde já faz referência ao esgotamento da energia solar.
O homem ainda não conhecia como liberar a energia contida na matéria, descrita por Einstein na sua famosa fórmula, nem dispunha de computadores que pudessem realizar bilhões de operações por segundo, capazes de recepcionar e transmitir, ao mesmo tempo, os bilhões de reações por segundo que têm lugar nas células das dezenas de pares de cromossomos com que contribuem a mãe e o pai em partes iguais, um fenómeno genético e reprodutivo do qual eu tive noção após o triunfo da Revolução, na busca de melhores características para a produção de alimentos de origem animal nas condições do nosso clima, que se estende através de suas próprias leis hereditárias às plantas.
Com a educação incompleta que recebíamos os cidadãos de maiores recursos nas escolas, geralmente privadas, considerados os melhores centros de ensino, virávamos analfabetos, com um pouco de maior nível do que aqueles que não sabiam ler nem escrever ou daqueles que freqüentavam as escolas públicas.
Por outro lado, o primeiro país do mundo onde se tentou aplicar as idéias de Marx foi na Rússia, o menos industrializado dos países da Europa.
Lenine, criador da Terceira Internacional, considerava que no mundo não existia organização mais leal às idéias de Marx do que a facção Bolchevique do Partido Operário Social-democrata da Rússia. Embora boa parte daquele imenso país vivesse em condições semi-feudais, a sua classe operária era muito activa e sumamente combativa.
Nos livros que Lenine escreveu depois de 1915, foi incansável crítico do chauvinismo. Na sua obra O imperialismo, fase superior do capitalismo, escrita em Abril de 1917, meses antes da tomada do poder como líder da facção Bolchevique daquele Partido perante a facção Menchevique, demonstrou igualmente que foi o primeiro em compreender o papel que deviam desempenhar os países submetidos ao colonialismo, como a China e outros de grande peso em diversas regiões do mundo.
Ao mesmo tempo, a valentia e audácia de Lenine ficaram demonstradas quando aceitou deslocar-se desde a Suíça até às imediações de Petrogrado no comboio blindado que lhe proporcionou o exército alemão, por conveniência tática, pelo que os inimigos dentro e fora da facção Menchevique do Partido Operário Social-democrata da Rússia não demoraram em acusá-lo de espião alemão. Se não tivesse usado o famoso comboio, o final da guerra o surpreenderia na longínqua e neutral Suíça, com o qual o minuto óptimo e adequado se perderia.
De alguma maneira, por acaso, dois filhos da Espanha, graças às suas qualidades pessoais, começaram a desempenhar papéis relevantes na Guerra Hispano-Norte-americana: o chefe das tropas espanholas na fortificação de El Viso, que defendia o acesso a Santiago desde a altura de El Caney, um oficial que combateu até ser ferido de morte, causando aos famosos Rough Riders — ginetes duros, norte-americanos organizados pelo nessa altura Tenente-Coronel Theodore Roosevelt, que o precipitado desembarque tiveram que fazê-lo sem os seus fogosos cavalos — mais de trezentas baixas, e o Almirante que, cumprindo a estúpida ordem do Governo espanhol, zarpou da baia de Santiago de Cuba com a infantaria de marinha, uma força selecta, e saiu com a esquadra da única forma possível, que foi desfilar com cada navio, um por um, saindo pelo estreito acesso em frente da poderosa frota ianque, que com os seus couraçados em linha disparavam os seus potentes canhões sobre os navios espanhóis os quais possuíam menor velocidade e blindagem.
Logicamente, os navios espanhóis, as suas dotações de combate e a infantaria de marinha foram afundados nas profundas águas da fossa de Bartlett. Apenas um conseguiu chegar a poucos metros da margem do abismo. Os sobreviventes daquela força foram presos pela esquadra dos Estados Unidos da América.
A conduta de Martinez Campos foi arrogante e vingativa. Cheio de rancor pelo seu fracasso na tentativa de pacificar a Ilha como em 1871, apoiou a política ruim e rancorosa do Governo espanhol. Foi substituído no comando de Cuba por Valeriano Weyler; ele, com a cooperação dos que enviaram o couraçado Maine na busca de justificativas para intervir em Cuba, decretou a concentração da população, que provocou enorme sofrimento ao povo de Cuba e serviu de pretexto aos Estados Unidos da América para estabelecer o seu primeiro bloqueio económico, provocando uma enorme escassez de alimentos e a morte de um sem-número de pessoas.
Dessa maneira foram viabilizadas as negociações de Paris, onde a Espanha renunciou a todo o direito de soberania e propriedade sobre Cuba, depois de mais de 400 anos de ocupação em nome do Rei da Espanha em meados de Outubro de 1492, depois de Cristóvão Colombo ter asseverado: “esta é a terra mais bela que os olhos humanos viram”.
A versão mais conhecida da batalha que decidiu a sorte de Santiago de Cuba é a espanhola, e sem dúvida houve heroísmo se são analisados o número e as patentes dos oficiais e soldados, que na mais desvantajosa das situações defenderam a cidade, fazendo honra à tradição de luta dos espanhóis, que defenderam o seu país contra os aguerridos soldados de Napoleão Bonaparte em 1808, ou a República espanhola contra a investida nazi-fascista em 1936.
Uma ignomínia adicional caiu sobre o comité norueguês que outorga os prêmios Nobel, na busca de pretextos ridículos para conceder essa honra, em 1906, a Theodore Roosevelt, eleito duas vezes Presidente dos Estados Unidos da América, em 1901 e 1905. Nem sequer foi esclarecida a sua verdadeira participação nos combates de Santiago de Cuba comandando os Rough Riders, e pôde existir muito de lenda na publicidade que recebeu posteriormente.
Eu só posso dar testemunho da forma em que a heróica cidade caiu nas mãos das forças do Exército Rebelde no Primeiro de Janeiro de 1959.
Foi então que as idéias de Martí triunfaram na nossa Pátria!”
Fidel Castro Ruz



(Celino Cunha Vieira – Cubainformación)



quarta-feira, 18 de dezembro de 2019


HABANOS DAY – 10 ANOS DE FESTA CUBANA

Organizado pela Embaixada de Cuba em Portugal com a colaboração da Empresa Empor, representante dos Habanos SA e detentora da prestigiada marca portuguesa “Casa Havaneza”, realizou-se há dias a 10ª edição do “Habanos Day”, evento que já se tornou uma referência para os apreciadores de puros habanos a nível nacional e internacional.

Este evento, presidido pela Senhora Embaixadora Mercedes Martinez que destacou a comemoração dos 500 anos da cidade de Havana e o centenário das relações diplomáticas entre Cuba e Portugal, teve como um dos principais oradores Oscar Ricote, Director de Qualidade de Havanos SA que se deslocou a Portugal propositadamente, tendo efectuado uma excelente apresentação sobre todo o processo de feitura de um habano, desde a preparação da terra até ao consumidor final.

Tivemos assim oportunidade para uma pequena conversa com Pedro Ramos Rocha, Director-Geral da Empor, o qual nos explicou as origens deste evento que teve como inspiração, embora que em ponto reduzido, o maior evento mundial que se realiza anualmente em Cuba durante uma semana, o “Festival del Habano”, tentando em Portugal reproduzir apenas num só dia essa experiência, transmitindo aos participantes a cultura e as tradições cubanas.

C – Segundo sabemos, de ano para ano tem vindo a aumentar o número de participantes. No ano passado foram 180, este ano que número se atingiu?

PR – Este ano tivemos mais de 200 participantes.

C – Notou-se uma maior participação feminina em relação a anos anteriores. Isso revela que também existem mais consumidoras?

PR – Eu não diria “consumidoras” mas sim aficionadas e amantes da cultura cubana. O “Habanos Day” é o maior acontecimento nacional relacionado com a cultura do charuto, evidenciando uma atmosfera única e excepcional, sendo isto o que atraí novos participantes a este evento.

C – No “Havanos Day” colaboram outras empresas, principalmente as que representam as bebidas com que se fazem as “alianças” e estando em Portugal, o vinho do Porto não poderia faltar. Que características tem esta bebida para potenciar o prazer de fumar um habano?

PR – Escolher um habano é uma questão de dia, local e estado de espírito. As possibilidades de combinação são inúmeras, tudo depende única e exclusivamente do gosto pessoal do aficionado. O vinho do Porto e os habanos são produtos da mais elevada qualidade que partilham entre si as suas origens típicas e o amor e dedicação com que são produzidos; dois produtos únicos e inigualáveis.

Regra geral, o cenário mais tradicional para seleccionar uma maridagem “perfeita” é propor dois produtos de fortalezas similares, para assim garantir que nenhum dos 2 anule o outro. Considerado por muitos apreciadores uma excelente harmonização com habanos, o vinho do Porto tem diversas categorias, cada uma delas com os seus sabores e aromas próprios. Uma maridagem “perfeita” é quando encontramos o par ideal, no qual a união seja equilibrada, isto é, o habano não pode anular o vinho do Porto e vice versa. Nesse sentido, por terem estilos próprios e diferenciados podemos dividi-los em 4 grupos distintos:

Branco – O vinho do Porto branco pode apresentar aromas florais e frutados nos vinhos mais jovens e aromas mais complexos nos mais envelhecidos. Sugestão de harmonização, habanos de sabor/fortaleza suave.

Tawnys – São vinhos de qualidade elevada obtidos pela mistura da colheita de diversos anos resultando numa cor mais clara, notas de frutos secos e persistência aromática. Sugestão de harmonização para Tawnys inferiores a 10 anos (inclusive), charutos de sabor/fortaleza forte. Para Tawnys superiores a 10 anos, habanos de sabor/fortaleza médio.

LBV  (Late Bottle Vintage) – Provenientes de uma só colheita são engarrafados entre o 4º. e o 6º. ano após a colheita. Tem aromas mais frutados e são mais encorpados na boca. Sugestão de harmonização, habanos de sabor/fortaleza médio a forte.

Vintage – É um vinho de qualidade excepcional proveniente de um só ano. São engarrafados entre o segundo e o terceiro ano pós-colheita. Tem uma tonalidade escura e são bastante encorpados. Com o envelhecimento em garrafa diminui a adstringência, aumentando a complexidade aromática e gustativa. Sugestão de harmonização para Vintages mais recentes, charutos de sabor/fortaleza forte. Para vintages mais velhos, habanos de sabor/fortaleza médio a forte.

Apenas temos que ter em atenção que o casamento deverá ser feito entre produtos de fortalezas similares (possivelmente teremos mais dificuldades nos Rubys, Tawnys inferiores a 10 anos e nos Vintages mais recentes).

C – Pese embora todas as campanhas mediáticas para desincentivar os fumadores, a par dos pesados impostos que os governos aplicam, parece que tem aumentado o consumo de tabaco. É assim?

PR –  Não. Há que destrinçar os fumadores compulsivos de cigarros dos outros que fumam charutos esporadicamente ou só em momentos especiais. Existe uma quebra no mercado dos charutos Premium (100% tabaco, elaborados à mão) devido ao aumento dos preços que derivam constantemente do brutal incremento das cargas fiscais. O aumento de imposto não leva a que as pessoas fumem menos, mas sim que fumem pior, coisas com menos qualidade. As pessoas começam a tentar adquirir charutos no mercado paralelo que na maior parte das vezes é produto falsificado.

C – Tendo a Empor inaugurado recentemente uma loja “La Casa Del Habano” na cidade do Porto, isso deve-se a uma maior procura dos consumidores do norte?

PR – Não, deve-se a um compromisso e a um objectivo de disponibilizar aos nossos clientes do norte uma Casa Del Habano. O espaço fica perto da Avenida dos Aliados, mais propriamente no Edifício Trindade Domus. A loja tem poltronas que propiciam conforto para quem quiser apreciar o seu habano num ambiente cubano e uma variedade de bebidas e acessórios de fumador.

Esta prestigiada rede internacional de lojas especializadas distingue-se, sobretudo, pelo seu serviço premium e diferenciado a cada cliente, pela sua oferta variada em habanos e pelas condições para a conservação do produto.

Oferece também uma gama de serviços e produtos personalizados e o espaço serve como facilitador para quem se interessa pelo assunto e quer aprender mais sobre os produtos, culturas e lendas que envolvem este universo encantador que gira em torno da ‘fumaça cubana’.

C – Sendo o Pedro Rocha um especialista em tabaco, pode-nos explicar porque se considera o tabaco cubano como o melhor do mundo?

PR – Não sou um especialista em Tabaco, sou um apreciador e amante do mundo dos charutos.

Houve um italiano que escreveu “que quem, numa vida, sentir cinco ou seis vezes o sentimento de felicidade plena, devia considerar-se realizado. Um grande charuto aproxima-nos disso”.

No prazer que o charuto nos oferece, existe algo indefinido que nunca deixou de me desconcertar.

O charuto é feito para todos os prazeres, para todos os sentidos, para o olfacto, o palato, o tacto, a visão e para a audição. Um grande charuto traz consigo a promessa de um prazer total. Degustar um bom charuto é reencontrar alguns ritmos esquecidos, restabelecer uma comunicação consigo próprio. Aliás, se o charuto tiver um segredo, é este: nos gestos, dignos, ponderados do fumador de charutos. Observo mais que um hábito: observo uma cerimónia.

Da mesma forma que um bom vinho é definido pelas suas vinhas, o carácter do charuto está intimamente ligado ao solo onde é cultivado o tabaco, ao conhecimento secular dos agricultores e dos torcedores, ao árduo labor das pessoas que diariamente trabalham na sua manufactura. E é a união destes factores que origina a perfeição de um charuto. É por isso que, noutros lugares podem ter sido adquiridas algumas qualidades e até sementes de Tabaco Negro Cubano, mas nunca o dom da natureza dos solos e do clima de Cuba poderá ser encontrado noutro local.

Outro rasgo distintivo é a definição do termo habano. Todos os habanos são cubanos, porém nem todos os charutos confeccionados em Cuba são habanos.

Este título, habanos, é a Denominação de Origem Protegida (D.O.P.) reservada para uma selecção das mais proeminentes marcas cujos tabacos são confeccionados seguindo as mais rigorosas normas a partir de folhas de tabaco, semeadas em zonas determinadas, também protegidas com denominação de origem.


(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)


segunda-feira, 9 de setembro de 2019




ABEL PRIETO EM PORTUGAL



Na sua recente passagem por Lisboa, tivemos oportunidade de trocar algumas impressões com Abel Prieto, ex-presidente da União de Escritores e Artistas de Cuba, ex-ministro da Cultura, actual director da Oficina do Programa Martiano e Presidente da Sociedade Cultural José Marti.




C – Quando se começou a ouvir falar de Abel Prieto, dizia-se ser “l’enfant terrible” do regime, trazendo ideias e conceitos inovadores no que se refere à cultura e à política do pais em geral. No fundo não seria apenas um jovem a dizer as coisas de uma maneira diferente, mas mantendo os mesmos ideais de Marti e da Revolução Cubana?

AP – Eu creio, Celino, que tentei fazer primeiro na Unión de Escritores e Artistas de Cuba, UNEAC, e depois no Ministério da Cultura, coisas que tinham muito que ver com as ideias de Fidel, quer dizer, tive o privilégio de trabalhar nessa época muito perto de Fidel, inclusive nos anos mais duros, nos anos noventa, nos anos mais amargos, em que Fidel se aproximou muito à cultura, aos artistas, aos escritores e em especial à UNEAC. Creio que seria muito pretensioso atribuir-me, digamos, caminhos novos, caminhos Inéditos ou renovadores. O que pude fazer fiz sempre seguindo o que Fidel ia desenhando e sonhando



C – Para Fidel, a cultura é essencial para transformar as pessoas, para a emancipação humana. De acordo com ele, “sem cultura, não existe liberdade possível”. Foi este conceito que te “obrigou” a permanecer tantos anos como Ministro da Cultura?

AP – Efectivamente, para Fidel pode mudar-se o ser humano e as suas condições de vida. Se é um camponês podes entregar-lhe a terra, se é uma pessoa que não tem onde viver podes dar-lhe um apartamento, podes dar-lhes melhores condições de vida material, mas esse ser humano não se converte num revolucionário se não muda a sua consciência, se não muda as suas ideias. Daí essa frase que tu citas a par daquela ideia Martiana de que “para ser livre há que ser culto”; Fidel a reitera com essa frase, “sem cultura não há liberdade possível”.

Sem cultura tu podes ser manipulado. É o que ocorreu com esta reviravolta à direita na América latina e lamentavelmente também em muitos lugares do mundo, tem que ver com pessoas que são manipuladas de uma maneira muito perversa. Hoje a manipulação com todos estes temas e dados recolhidos nas redes sociais, leva à caracterização do eleitorado por perfis. Percebes como a tradicional manipulação dos meios alcançou um nível de sofisticação realmente assustador? Chamar democracia a umas eleições trabalhadas desse modo é quase uma piada macabra.

Realmente Fidel está convencido desse poder emancipador que tu mencionas na tua pergunta. Convencido de que a cultura está associada à qualidade de vida, não confundindo qualidade de vida com a posse de bens materiais.

Ele estava convencido que o melhor antídoto face ao que chamamos habitualmente consumismo, quer dizer, a ideia desse apetite por possuir, de comprar, de usar, descartar e comprar de novo, essa lógica de desperdício, essa lógica do uso irresponsável dos recursos deste planeta, vai levar-nos ao suicídio colectivo.

De qualquer modo ele considerava que a melhor maneira de combater essa ideia tem a ver com a felicidade, tem a ver com a realização pessoal, tem a ver com a plenitude do ser humano.

O melhor antídoto frente a isso era a posse de uma espiritualidade, de um desfrute, de uma plenitude em termos de poesia, de música, em termos do desfrute das artes, do desfrute do prazer da inteligência e do prazer do conhecimento.

Fidel insistia em que estudar era prazenteiro. Aprender coisas novas era não só acumular informação, como era realizar-se plenamente como ser humano e convertê-lo em algo prazenteiro.

Para Fidel e não só, para Marti e para muitos grandes pensadores da nossa América e de todo o mundo, o conhecimento inclui também uma componente de plenitude e de prazer profundo, real e permanente, não conjuntural nem efémero.



C – Dos variados encontros e longas conversas que tiveste com Fidel, conta-nos um episódio que revele o seu carácter e a importância que ele dava à cultura.

AP – De entre os episódios que vale sempre a pena recordar, corria o ano de 1993 e em que tu acompanhaste de perto o que se passava em Cuba, sabes que foi um ano duríssimo, com o colapso dos transportes urbanos, com uma enorme contracção quanto à oferta alimentar para a população, com limitações gravíssimas em todos os sectores e como dizia a nossa gente com os “alumbrones” em vez dos “apagones” pelos pequenos períodos em que havia electricidade, foi na verdade um momento muito difícil. Nesse ano, no Congresso da UNEAC, Fidel disse: “a cultura é o primeiro que há que salvar”. Vê que coisa tremenda. Num momento do “período especial” em que nos faltava o combustível, nos faltava a alimentação, nos faltava o essencial, ele destaca a cultura como o mais importante.

Claro que ele não nos estava a falar de arte nem de literatura. Ele estava a referir-se a um conceito de cultura mais abrangente que tem que ver com a nação, tem que ver com a identidade, tem que ver com o que somos, como cubanos, o destino do nosso povo, da nossa história, da nossa luta e por aí te revela a transcendência que ele dava à cultura.

Ele estava convencido que a cultura influi nos valores das pessoas. Por exemplo, numa “escola de conducta” ao que chamamos uma escola onde há adolescentes que cometeram delitos, esses jovens são submetidos a um esforço particular para a sua reeducação, para a sua reinserção social, pois nós pensamos que todo o ser humano tem salvação. Inclusive nas prisões, que em muitos países não passam de armazéns de gente descartável, nós preocupamo-nos em realizar trabalhos culturais, existindo até um movimento de teatro de reclusos, tertúlias literárias, etc. Fidel estava convencido que a cultura influi na componente moral do ser humano e na sua capacidade de viver harmonicamente com os demais, ajudando a modificar eventuais comportamentos marginais.



C – A propaganda mafiosa apoiada e difundida por alguns meios de comunicação internacional querem fazer passar a imagem da falta de liberdade de expressão em Cuba. Que nos pode dizer sobre isto o cidadão que por mais de duas décadas teve responsabilidades nesta área?

AP – Quanto à liberdade de expressão, tu conheces bem a cultura cubana e sabes que se há algo que a caracteriza é precisamente a sua liberdade absoluta, a sua liberdade para investigar e aprofundar os nossos problemas. Particularmente, falámos há momentos do cinema cubano, que não foi concebido como arte de propaganda, mas sim como arte para experimentar, para ter a componente crítica e nos colocar perante os nossos problemas quotidianos, ajudando-nos a entendê-los e a solucioná-los.

O filme Fresa e Chocolate, por exemplo, constituiu um importantíssimo papel no combate aos preconceitos contra a homossexualidade, gerando muitos debates em defesa da cubania e ajudando a modificar algumas mentalidades.

As nossas artes gozam de uma extraordinária liberdade e os seus autores exercem essa liberdade com responsabilidade e com um altíssimo nível de compromisso com o que estamos defendendo em Cuba.

Acaba de se realizar o Congresso da UNEAC que foi muito participado e crítico, com a intervenção de vários delegados, sentindo-se uma forte unidade e a vontade de um trabalho mais profundo e revolucionário. A sessão de encerramento contou com a presença do presidente Miguel Diaz-Canel que destacou a importância da cultura cubana e que esta tem de ter um peso social cada vez maior para ajudar o país.



C – Durante a presidência de Obama pareceu que havia alguma vontade de abertura dos EUA para com a cultura cubana. Qual é a situação actual?

AP – É verdade que com Obama se restabeleceram relações, mas embora tenham sido insuficientes porque não suprimiu a proibição de viagens a Cuba, pelo menos sempre autorizava as de carácter cultural, educativo, religioso, científico, etc. Agora com Trump até isso foi proibido com a aplicação integral da Lei Helms-Burton que é uma ofensa a Cuba e ao mundo porque representa o cúmulo da extraterritorialidade, constituindo uma lei imperial inaceitável que tem a ver com a recolonização de Cuba.

De qualquer modo, tu sabes porque conheces bem o nosso país e o nosso povo, nós sobrevivemos a muitas tentativas de nos asfixiar, mas unidos sabemos resistir e dar as devidas respostas, tal como o fazemos desde há 60 anos.

Já este ano tivemos o referendo sobre a nova Constituição o qual teve uma participação maciça de apoio tanto à direcção histórica de Fidel, Raul, Ramiro e tantos outros que assaltaram Moncada ou combateram na “Sierra Maestra”, como à nova direcção presidida por Diaz-Canel, com quadros jovens mas bem preparados para ocuparem cargos de muita responsabilidade, trabalhando no duro dia e noite, pondo o povo como centro do seu esforço e do seu empenho.

 

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)



terça-feira, 30 de julho de 2019



O 26 DE JULHO EM PORTUGAL

Este ano comemorámos o Dia da Rebeldia Nacional no Município Alentejano de Grândola, mais propriamente na Freguesia de Santa Margarida da Serra, onde para além de muitos amigos e do colectivo da Embaixada de Cuba em Portugal, tivemos o privilégio de contar com a actuação do “Grupo Coral Grândola Vila Morena” e do “Quarteto Amigos de Abril” que interpretaram alguns temas tradicionais da música portuguesa de intervenção, terminando com o “Hasta Siempre Comandante” e a “Guantanamera”.

O jornalista e poeta Fernando Fitas brindou-nos com um seu poema inédito com o título “ACORDAR EM MONCADA A UTOPIA”, escrito propositadamente para esta ocasião, que se transcreve na íntegra.

“Não pegámos em armas. Neste lado de cá do oceano
não tivemos o mar, não tivemos um barco.
Faltou-nos o talento para entrar em Moncada e penetrar na serra
ou de viver o tempo das épicas jornadas que inundavam as ruas,
geravam revoluções e tomavam cidades,
para sentir o alento de quantas madrugadas
despontavam nas mãos de quem nada dispunha,
senão a frialdade de um sorriso emprestado,
o néon de bordéis e um charuto apagado nos lábios da ternura,
mas ousara intentar a luz de uma outra era,
atravessando os trilhos dessa Sierra Maestra,
tocando com as mãos o anelo de festa
que transformara Havana no quartel general da liberdade.
Assim, neste oceano triste que nos coube,
retemos entre os dedos a memória de um verso
e um dedal de rum na boca da esperança,
para tomar de assalto a ousadia,
convocar a terreiro a utopia,
essa aresta de vento na fímbria do olhar
e transgredir ainda celebrando-a”.

Para além de Marti e de Fidel, foram também lembrados e homenageados todos aqueles que participaram no dia 26 de Julho de 1953 nos assaltos aos Quarteis Moncada e Céspedes, assim como os que ao longo da Revolução têm dado o seu valioso contributo para que Cuba continue livre e independente.

(Celino Cunha Vieira – Cubainformación)