HABANOS DAY – 10 ANOS DE FESTA CUBANA
Organizado pela Embaixada de Cuba em Portugal com a
colaboração da Empresa Empor, representante dos Habanos SA e detentora da prestigiada
marca portuguesa “Casa Havaneza”, realizou-se há dias a 10ª edição do “Habanos
Day”, evento que já se tornou uma referência para os apreciadores de puros
habanos a nível nacional e internacional.
Este evento, presidido pela Senhora Embaixadora Mercedes
Martinez que destacou a comemoração dos 500 anos da cidade de Havana e o
centenário das relações diplomáticas entre Cuba e Portugal, teve como um dos
principais oradores Oscar Ricote, Director de Qualidade de Havanos SA que se
deslocou a Portugal propositadamente, tendo efectuado uma excelente
apresentação sobre todo o processo de feitura de um habano, desde a preparação
da terra até ao consumidor final.
Tivemos assim oportunidade para uma pequena conversa
com Pedro Ramos Rocha, Director-Geral da Empor, o qual nos explicou as origens
deste evento que teve como inspiração, embora que em ponto reduzido, o maior
evento mundial que se realiza anualmente em Cuba durante uma semana, o
“Festival del Habano”, tentando em Portugal reproduzir apenas num só dia essa
experiência, transmitindo aos participantes a cultura e as tradições cubanas.
C – Segundo sabemos, de ano para ano tem vindo a
aumentar o número de participantes. No ano passado foram 180, este ano que
número se atingiu?
PR – Este ano tivemos mais de 200 participantes.
C – Notou-se uma maior participação feminina em
relação a anos anteriores. Isso revela que também existem mais consumidoras?
PR – Eu não diria “consumidoras” mas sim aficionadas e
amantes da cultura cubana. O “Habanos Day” é o maior acontecimento nacional
relacionado com a cultura do charuto, evidenciando uma atmosfera única e
excepcional, sendo isto o que atraí novos participantes a este evento.
C – No “Havanos Day” colaboram outras empresas,
principalmente as que representam as bebidas com que se fazem as “alianças” e
estando em Portugal, o vinho do Porto não poderia faltar. Que características
tem esta bebida para potenciar o prazer de fumar um habano?
PR – Escolher um habano é uma questão de dia, local e
estado de espírito. As possibilidades de combinação são inúmeras, tudo depende
única e exclusivamente do gosto pessoal do aficionado. O vinho do Porto e os
habanos são produtos da mais elevada qualidade que partilham entre si as suas
origens típicas e o amor e dedicação com que são produzidos; dois produtos
únicos e inigualáveis.
Regra geral, o cenário mais tradicional para
seleccionar uma maridagem “perfeita” é propor dois produtos de fortalezas
similares, para assim garantir que nenhum dos 2 anule o outro. Considerado por
muitos apreciadores uma excelente harmonização com habanos, o vinho do Porto
tem diversas categorias, cada uma delas com os seus sabores e aromas próprios.
Uma maridagem “perfeita” é quando encontramos o par ideal, no qual a união seja
equilibrada, isto é, o habano não pode anular o vinho do Porto e vice versa.
Nesse sentido, por terem estilos próprios e diferenciados podemos dividi-los em
4 grupos distintos:
Branco – O vinho do Porto branco pode apresentar
aromas florais e frutados nos vinhos mais jovens e aromas mais complexos nos
mais envelhecidos. Sugestão de harmonização, habanos de sabor/fortaleza suave.
Tawnys – São vinhos de qualidade elevada obtidos pela
mistura da colheita de diversos anos resultando numa cor mais clara, notas de
frutos secos e persistência aromática. Sugestão de harmonização para Tawnys
inferiores a 10 anos (inclusive), charutos de sabor/fortaleza forte. Para
Tawnys superiores a 10 anos, habanos de sabor/fortaleza médio.
LBV (Late Bottle Vintage) – Provenientes de uma
só colheita são engarrafados entre o 4º. e o 6º. ano após a colheita. Tem
aromas mais frutados e são mais encorpados na boca. Sugestão de harmonização,
habanos de sabor/fortaleza médio a forte.
Vintage – É um vinho de qualidade excepcional
proveniente de um só ano. São engarrafados entre o segundo e o terceiro ano
pós-colheita. Tem uma tonalidade escura e são bastante encorpados. Com o
envelhecimento em garrafa diminui a adstringência, aumentando a complexidade
aromática e gustativa. Sugestão de harmonização para Vintages mais recentes,
charutos de sabor/fortaleza forte. Para vintages mais velhos, habanos de
sabor/fortaleza médio a forte.
Apenas temos que ter em atenção que o casamento deverá
ser feito entre produtos de fortalezas similares (possivelmente teremos mais
dificuldades nos Rubys, Tawnys inferiores a 10 anos e nos Vintages mais
recentes).
C – Pese embora todas as campanhas mediáticas para
desincentivar os fumadores, a par dos pesados impostos que os governos aplicam,
parece que tem aumentado o consumo de tabaco. É assim?
PR – Não. Há que destrinçar os fumadores
compulsivos de cigarros dos outros que fumam charutos esporadicamente ou só em
momentos especiais. Existe uma quebra no mercado dos charutos Premium (100%
tabaco, elaborados à mão) devido ao aumento dos preços que derivam
constantemente do brutal incremento das cargas fiscais. O aumento de imposto
não leva a que as pessoas fumem menos, mas sim que fumem pior, coisas com menos
qualidade. As pessoas começam a tentar adquirir charutos no mercado paralelo
que na maior parte das vezes é produto falsificado.
C – Tendo a Empor inaugurado recentemente uma loja “La
Casa Del Habano” na cidade do Porto, isso deve-se a uma maior procura dos
consumidores do norte?
PR – Não, deve-se a um compromisso e a um objectivo de
disponibilizar aos nossos clientes do norte uma Casa Del Habano. O espaço fica
perto da Avenida dos Aliados, mais propriamente no Edifício Trindade Domus. A
loja tem poltronas que propiciam conforto para quem quiser apreciar o seu
habano num ambiente cubano e uma variedade de bebidas e acessórios de fumador.
Esta prestigiada rede internacional de lojas
especializadas distingue-se, sobretudo, pelo seu serviço premium e diferenciado
a cada cliente, pela sua oferta variada em habanos e pelas condições para a conservação
do produto.
Oferece também uma gama de serviços e produtos
personalizados e o espaço serve como facilitador para quem se interessa pelo
assunto e quer aprender mais sobre os produtos, culturas e lendas que envolvem
este universo encantador que gira em torno da ‘fumaça cubana’.
C – Sendo o Pedro Rocha um especialista em tabaco,
pode-nos explicar porque se considera o tabaco cubano como o melhor do mundo?
PR – Não sou um especialista em Tabaco, sou um
apreciador e amante do mundo dos charutos.
Houve um italiano que escreveu “que quem, numa vida,
sentir cinco ou seis vezes o sentimento de felicidade plena, devia
considerar-se realizado. Um grande charuto aproxima-nos disso”.
No prazer que o charuto nos oferece, existe algo
indefinido que nunca deixou de me desconcertar.
O charuto é feito para todos os prazeres, para todos
os sentidos, para o olfacto, o palato, o tacto, a visão e para a audição. Um
grande charuto traz consigo a promessa de um prazer total. Degustar um bom
charuto é reencontrar alguns ritmos esquecidos, restabelecer uma comunicação
consigo próprio. Aliás, se o charuto tiver um segredo, é este: nos gestos,
dignos, ponderados do fumador de charutos. Observo mais que um hábito: observo
uma cerimónia.
Da mesma forma que um bom vinho é definido pelas suas
vinhas, o carácter do charuto está intimamente ligado ao solo onde é cultivado
o tabaco, ao conhecimento secular dos agricultores e dos torcedores, ao árduo
labor das pessoas que diariamente trabalham na sua manufactura. E é a união
destes factores que origina a perfeição de um charuto. É por isso que, noutros
lugares podem ter sido adquiridas algumas qualidades e até sementes de Tabaco
Negro Cubano, mas nunca o dom da natureza dos solos e do clima de Cuba poderá
ser encontrado noutro local.
Outro rasgo distintivo é a definição do termo habano.
Todos os habanos são cubanos, porém nem todos os charutos confeccionados em
Cuba são habanos.
Este título, habanos, é a Denominação de Origem
Protegida (D.O.P.) reservada para uma selecção das mais proeminentes marcas
cujos tabacos são confeccionados seguindo as mais rigorosas normas a partir de
folhas de tabaco, semeadas em zonas determinadas, também protegidas com denominação
de origem.
(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)