quinta-feira, 6 de agosto de 2015


NOVOS VENTOS PARA CUBA

A eventual candidata democrata às próximas eleições presidenciais nos EUA, Hillary Clinton, reafirmou na passada semana em Miami que se deve aproveitar a oportunidade da normalização das relações com Cuba para acabar de vez com o bloqueio económico, financeiro e comercial que vigora há mais de meio século e que fracassou completamente, deixando os EUA isolado numa região em que corre o perigo de perder a sua influência se não mudar de estratégia. Por aqui se constata que a aproximação a Cuba visa apenas os seus interesses políticos e não uma verdadeira vontade de estabelecer um sincero relacionamento entre os dois países.

Muitos amigos me têm questionado sobre as transformações que inevitavelmente se irão operar em Cuba após o levantamento do bloqueio, receando que a influência americana venha a alterar os princípios fundamentais da Revolução e que o país acabe por copiar os piores exemplos de uma sociedade consumista e de enormes desigualdades sociais.

Pelo que conheço de um povo que foi educado numa base de fortes convicções revolucionárias assente em princípios éticos transmitidos ao longo da sua história e consubstanciados pelos mais variados exemplos de actos heróicos, será muito difícil que Cuba deixe de ser o que é, para o bem ou para o mal, de acordo com o entendimento que cada um tenha do país, mas nunca abdicando da sua independência e soberania nacional.

Claro está que com o fim do bloqueio algumas transformações se virão a operar, principalmente no plano económico e comercial, já que Cuba terá mais fácil acesso aos mercados externos sem quaisquer restrições, podendo mais rapidamente modernizar o país e melhorar as condições de vida de todos os cidadãos. Mas não se pense que tudo irá ser fácil e que de um dia para o outro tudo será diferente, pois a recuperação terá de ser segura, cabendo a todos a responsabilidade de contribuir para uma maior eficiência em cada sector produtivo.

Mesmo as novas gerações que não passaram pelo “período especial” estão empenhadas em dar continuidade à Revolução e reconhecem em Fidel o grande timoneiro de um país que soube resistir a todas as vicissitudes, podendo hoje com orgulho olhar com renovadas esperanças para um futuro mais próspero.

Haverá certamente quem discorde de muitas opções que Fidel teve de tomar, mas ninguém pode ficar indiferente a uma figura que marcou significativamente a história das últimas décadas, sendo respeitado e admirado em cada recanto do mundo pela sua cultura, lucidez e antevisão da política internacional que ao longo dos tempos os acontecimentos lhe têm vindo a dar razão.

Fidel é daquelas personalidades que se ama ou se odeia, mas estou certo que a esmagadora maioria dos cubanos o admira e lhe quer muito. Por isso no próximo dia 13 de Agosto, data em que cumprirá 89 anos, será um dia de festa e de grande alegria não só em Cuba como também noutras paragens, onde brindaremos pela sua saúde e desejos de muitos mais anos de vida.

FELICIDADES COMANDANTE!

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)