sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

MENOS JÓVENS

Ultimamente muito se tem falado em Portugal sobre os idosos que morrem sós em suas casas e que pelo abandono a que estão sujeitos, só ao fim de dias, semanas, meses e até anos, são descobertos os seus corpos já em decomposição. As instituições, desde Governo e Câmaras Municipais a Misericórdias e Associações, desdobram-se agora em encontrar soluções para minorar esta fatalidade de quem envelhece e fica entregue à sua triste condição.


Perguntaram-me há dias se isto também se passava em Cuba ou como era encarado por lá o problema.

Pelo que conheço, dificilmente poderão ocorrer situações semelhantes em Cuba, atendendo ao enorme respeito que toda a sociedade tem pelos menos jovens, devido à sua educação, cultura e estrutura familiar baseada na entreajuda de cada núcleo.

Lembro-me até de ter sido mal interpretado – porque era um comentário de apreciação positiva - quando em determinada ocasião comparei os cubanos à etnia cigana que acompanha de forma exuberante os seus entes mais chegados quando estes estão hospitalizados.


Por outro lado, os médicos de família têm a responsabilidade de acompanhar e vigiar permanentemente a saúde dos cidadãos que lhes estão atribuídos e monitorizados (entre 400 a 600 a cada um), sabendo-se a cada momento qual a situação em que se encontram e se necessitam de cuidados especiais.

Também os CDR (Comités de Defesa da Revolução) que abarcam pequenas zonas de intervenção têm um importante papel na observação local das condições de cada morador, lançando o alerta sempre que seja notada a ausência prolongada e sem justificação de qualquer um.

A atenção em Cuba à chamada terceira idade passa também pelo reforço de alimentação em determinados produtos (leite, por exemplo) e em actividades lúdicas e físicas de acordo com a sua mobilidade. É frequente ver-se às primeiras horas da manhã em parques e jardins alguns grupos de idosos a praticarem exercícios acompanhados por monitores especializados, destacados para os acompanharem e ajudarem nestas práticas quotidianas que lhes proporcionam maior mobilidade.

Mas existem também milhares de “Círculos de Abuelos” espalhados por todo o país e que não são mais do que instituições idênticas às dos “Círculos Infantis” onde os familiares deixam os seus idosos pela manhã e os recolhem depois do seu dia de trabalho.

Não quero com isto dizer que não possa existir alguma ocorrência, principalmente em locais mais remotos, mas se atendermos a que a expectativa de vida em Cuba era de apenas 59 anos antes do triunfo da Revolução e que hoje ultrapassa já os 77 anos, temos de concluir que muito se tem feito nesta área, dando-se grande importância às especialidades médicas da Gerontologia e da Geriatria, pois envelhecer de forma saudável é também um indicador de desenvolvimento e de respeito pelos Direitos humanos.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 10/02/2012)

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