quarta-feira, 20 de agosto de 2014


ORDEM DOS MÉDICOS PORTUGUESES
Ou será Sindicato?

Mais uma vez vem o Dr. José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos Portugueses, fazer declarações à imprensa em relação à contratação de médicos cubanos pelo Ministério da Saúde a fim de os integrar no SNS em locais que após vários concursos públicos as vagas ficaram por preencher, como muito bem sabe o senhor bastonário, não precisando que o Ministro lhe indique onde há falta destes profissionais qualificados.

Não se vislumbra exactamente o que move o bastonário que com estas atitudes se imiscui na esfera dos Sindicatos, mas uma coisa é certa: não é assim que defende os doentes nem o Serviço Nacional de Saúde, pois se não fossem os médicos cubanos, milhares de utentes ficariam sem assistência ou então teriam de recorrer aos serviços privados.

Parece até que o Dr. José Manuel Silva defende sim o SPS (Serviço Privado de Saúde) já que este ataque cerrado à colocação destes médicos cubanos deve estar a prejudicar o negócio de clínicas e consultórios privados. Não é por acaso que um importante grupo económico mexicano quer adquirir uma posição maioritária no BES Saúde, porque o lucro está assegurado enquanto existirem pessoas no nosso país que colaborem nestes esquemas.

O bastonário deixa até escapar o comentário de que uma parte do dinheiro pago pelo Estado Português serve para financiar o regime cubano. E das duas uma: ou o bastonário é por princípio anti-cubano primário e para ele tudo é permitido em política, metendo-se onde não deve, ou então desconhece que o remanescente desse dinheiro é integralmente dirigido ao sistema de saúde em Cuba, que como se sabe, necessita de se financiar para poder renovar equipamentos e adquirir materiais no estrangeiro a fim de poder dar uma cada vez melhor assistência gratuita aos seus utentes.

Quando o Dr. José Manuel Silva afirma que centenas de médicos especialistas portugueses têm emigrado, não refere quantas centenas saíram do SNS para os hospitais e clínicas privadas onde podem ganhar o que querem, fazendo aquilo que poderiam fazer nos serviços públicos. Quando reivindica as mesmas condições para os médicos portugueses, não diz que os médicos cubanos são especialistas em Medicina Interna e que nenhum especialista português está disposto a fazer a sua carreira profissional em locais isolados e distantes dos centros urbanos, trabalhando de dia e de noite de acordo com as necessidades das populações que abnegadamente devem servir, tal como fazem os cubanos.

Considerará o bastonário quanto custa a formação integral de um médico que em Cuba é totalmente suportada pelo Estado e que por isso a saúde está completamente vedada à iniciativa privada porque é um direito adquirido por todos os cidadãos e um dos princípios da Revolução?

Porque quero acreditar na honestidade do Dr. José Manuel Silva e que tudo isto é fruto do seu desconhecimento da realidade, desafio-o para ir comigo a Cuba, onde terei todo o gosto em lhe demonstrar que está redondamente enganado.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)



quarta-feira, 13 de agosto de 2014


FELICIDADES COMANDANTE

Dia 13 de Agosto comemora-se em Cuba e em muitos países do mundo o 88.º aniversário do Comandante Fidel Castro e o reconhecimento de uma vida totalmente dedicada ao seu país, resistindo de forma heróica a todas as contrariedades que intransigentemente teve de enfrentar na defesa do seu povo.

Haverá certamente quem discorde das suas opções, mas ninguém pode ficar indiferente a uma figura que marcou significativamente a história das últimas décadas, sendo respeitado e admirado pela sua cultura, lucidez e antevisão da política internacional que mais cedo ou mais tarde têm vindo a dar-lhe razão, bastando para isso relembrar os seus destemidos discursos nos principais fóruns internacionais.

Nascido de uma família abastada para a época, Fidel poderia ter comodamente usufruído dessa condição para viver rodeado de luxos e “lutando” apenas para se tornar mais rico e poderoso economicamente, como muitos outros da sua geração o fizeram, alheando-se das tremendas desigualdades sociais que existiam em Cuba e que só viriam a ter fim no 1.º de Janeiro de 1959.

Mas o sangue galego que lhe corre nas veias impulsionaram-no para outras batalhas, preferindo seguir e pôr em prática o pensamento de José Marti entregando-se de corpo e alma à luta revolucionária que permitisse a total independência do seu país.

Iniciando-se na política através das movimentações estudantis durante a década de quarenta na Universidade de Havana, não mais parou, mesmo depois de se ter licenciado em Direito em 1950 com 24 anos. Daí para cá já todos conhecem o seu percurso até à renúncia de todos os cargos que ocupava, dedicando-se hoje muito mais à leitura e à escrita que tanto prazer lhe dão e que antes por falta de tempo não lhe permitiam que o fizesse.

Os principais líderes políticos que visitam Cuba têm passagem obrigatória pela sua residência para lhe prestarem homenagem e trocar algumas impressões, ouvindo as suas sempre actualizadas opiniões que se baseiam num profundo conhecimento e experiência.

Fidel é daquelas pessoas que se ama ou se odeia, mas estou certo que a esmagadora maioria dos cubanos o admira e lhe quer muito, agradecendo-lhe eternamente tudo o que através do seu sacrifício e da sua liderança foi conquistado pela Revolução. 

FELICIDADES COMANDANTE!


(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014


PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE

Para que se tenha uma pequena ideia de como era tratada a cultura em Cuba até ao triunfo da Revolução em 1959, basta apenas lembrar que apenas existiam sete Museus em todo o país e a maioria deles privados, fazendo parte de um património particular só acessível às elites da época, onde a população não podia usufruir de um importante espólio histórico e cultural que deveria ser acessível a todos.

Hoje o panorama é bem diferente, existindo cerca de 250 entre nacionais e municipais, fruto de algumas aquisições, mas principalmente das doações voluntárias da população, destacando-se o Museu da Revolução, o Museu da Cidade, o Museu da Alfabetização, o Museu de Belas Artes e o Museu Napoleónico, considerado o 2.º mais importante do mundo a seguir ao de Paris.

Mas existem muitos outros que pelas suas particularidades também são de realçar, como o Museu Indocubano que conta com mais de 22.000 peças pré-coloniais, o Museu San Severino em Matanzas designado pela UNESCO como parte da Rota dos Escravos, assim como o Museu da Pirataria em Santiago de Cuba, instalado no “Castillo del Morro”. 

Para além dos Museus, é de salientar que a UNESCO tem distinguido vários locais de Cuba como Património da Humanidade, tais como, entre outros, o Centro Histórico de Havana Velha e o seu Sistema de Fortificações Coloniais (1982), a Cidade de Trinidad e o Vale dos Engenhos (1988), o Parque Nacional do Desembarque do Granma (1999), o Centro Histórico da Cidade de Cienfuegos (2005) e o Centro Histórico da Cidade de Camaguey (2008).

Um aspecto a destacar desta riqueza nacional é a interligação que existe com o sector da Educação, pois não se trata apenas de exibir valiosas peças museológicas ou preservar os locais para turista ver, como também de contribuir para o desenvolvimento do saber e do pensamento do povo, incutindo-lhe o gosto pelos aspectos históricos e culturais. Por isso e de modo continuado são realizadas visitas escolares dos vários graus de ensino, bem como organizadas conferências e exposições temporárias, resultando num dinamismo constante daqueles espaços.

Como reconhecimento desta demonstração efectiva da rede cultural, do seu funcionamento e do seu equilíbrio, foi atribuído pelos países Europeus o Prémio “Eureka” à “Oficina do Historiador da Cidade” pelo excelente trabalho de recuperação de um património que é de todos e que tem de ser preservado.

Só a Cidade de Havana tem mais de duas centenas de edifícios coloniais classificados, pelo que considero imprescindível e recomendo a quem estuda arquitectura, urbanismo ou história de arte, que reserve algum tempo para uma visita de carácter educativo quando forem passar férias a Cuba.

Como muitas vezes tenho afirmado, Cuba não é só sol, praia e rum. Cuba tem muitos outros aspectos importantes a explorar e quem o faz, fica sempre com vontade de voltar.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)