quinta-feira, 27 de novembro de 2014


OS CINCO HERÓIS

Numa recente viagem que efectuei a Havana tive o privilégio de conhecer pessoalmente Fernando González e abraçar novamente René e sua Esposa, bem como Elizabeth Palmeiro, Esposa de Ramón, num breve encontro que tivemos na sede do Instituto Cubano de Amizade com os Povos, onde trocámos algumas impressões sobre o passado, o presente e o futuro, tendo em vista a libertação dos outros três Heróis que ainda se encontram presos nas cadeias dos EUA.

Na ocasião, Fernando agradeceu todas as manifestações de solidariedade dos portugueses e das mais variadas entidades e organizações que se têm manifestado ao longo dos anos a favor da causa dos CINCO, em conjunto com o movimento internacional que constantemente apela a que se faça justiça a António, Gerardo e Ramón.

Mas nós é que temos de agradecer a estes homens, às suas esposas, aos seus filhos e aos restantes familiares todos os sacrifícios a que têm sido sujeitos, revelando uma enorme coragem para suportarem, entre outras coisas, uma separação forçada e desumana, numa afronta aos mais elementares direitos humanos perpetrada por um país que se diz de liberdade.

As suas fortes convicções por um mundo melhor e menos violento, o seu patriotismo e a sua dignidade, para além da nossa admiração, deveriam servir também de exemplo para todos nós, ajudando-nos a reflectir sobre qual o nosso contributo para uma sociedade menos egoísta e com outros valores mais elevados.

A simplicidade e a simpatia de Fernando e de René, que muitos conheceram aquando da sua visita a Portugal, cativa-nos de tal modo que parece já os conhecermos desde sempre e que também fazem parte da nossa família, tal é o grau de intimidade com que fazem o favor de nos receber, partilhando connosco as suas inquietações pela saúde e bem-estar dos seus “irmãos” ainda encarcerados e à mercê das arbitrariedades de um poder que injustamente os mantém longe do seu país, pela simples razão de terem cometido o “crime” de combaterem o terrorismo.

A condenação dos CINCO foi e é apenas de cariz político, servindo para uma cruel vingança contra uma nação que nunca se vergou nem vergará perante uma potência, seja ela qual for, porque preza e defende a sua independência conquistada à custa de muito sangue derramado e mantida com as mais ferozes provações e sacrifícios.

O Presidente Obama conhece bem o caso dos CINCO e está nas suas mãos fazer justiça, justificando o Prémio Nobel da Paz que recebeu.

Eu, que tive já a honra de conhecer pessoalmente dois Heróis, não vejo o dia em que irei conhecer os outros três, pois tenho a certeza que esse dia está para chegar em breve e que os irei abraçar, juntando-me à festa de todo um povo que os espera ansiosamente.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)


quarta-feira, 5 de novembro de 2014


EMBAIXADORA DE CUBA NA TV

Assistimos há dias, na sequência da votação na Assembleia-geral das Nações Unidas contra o Bloqueio a Cuba, a duas entrevistas à Embaixadora Johana Tablada de La Torre; uma na TVI conduzida por Henrique Garcia que de uma forma isenta fez as perguntas pertinentes ao tema deixando a entrevistadora explanar a sua opinião e outra na SIC Notícias por Nuno Rogeiro, em que este mostrou claramente a sua obsessão na defesa da política dos EUA, tentando justificar o embargo ao tecer comentários inapropriados e fazendo eco do disco já riscado da “falta de democracia em Cuba”.

Não esperava este senhor era encontrar uma mulher culta e bem preparada que corajosamente o enfrentou, tendo rebatido todas as suas tendenciosas opiniões e levando-o a abordar temas que inicialmente ele não tinha previsto e que lhe causaram algum incómodo.

Para o senhor Nuno Rogeiro e para muitos outros que se pautam pela mesma cartilha, para haver democracia têm de existir muitos partidos políticos, mesmo que ideologicamente não se distingam uns dos outros, para que em alternância dividam entre si o “bolo” do Estado e tudo fique na mesma, dando ele até o exemplo dos Democratas e dos Republicanos que desde há mais de 50 anos mantêm a mesma política face a Cuba e diria eu, até em relação ao seu próprio país.

Desconhece, ou quer desconhecer, que existem muitas outras formas de democracia, em que esta pode ser exercida assente numa base de participação popular e universal, com escolhas directas dos seus representantes e não por indicação das cúpulas partidárias que com o dinheiro das subvenções que saiem do Orçamento de Estado, ou seja, dos impostos que o povo paga, constroem luxuosas campanhas eleitorais para tentarem obter mais votos que o parceiro do lado, mas as “moscas” são as mesmas.

Na resposta ao senhor Nuno Rogeiro que afirmou terem sido os Estados Unidos que deram a liberdade a Cuba ao derrotarem os Espanhóis, a Senhora Embaixadora contestou essa falta de respeito por todos aqueles que ao longo de 30 anos (1868-1898) lutaram pela sua independência e que os EUA aproveitando o incidente do “Maine” (barco americano que supostamente os Espanhóis fizeram explodir) lançaram uma guerra contra Espanha com vista a anexarem Cuba, Puerto Rico e Filipinas, o que conseguiram com o Tratado de Paris, ocupando Cuba apenas entre 1898 e 1902 porque os patriotas não desmobilizaram nem aceitaram deixar de ter um domínio colonial para o substituir por outro.

Infelizmente ainda existem muitos Nunos Rogeiros que acreditam e defendem que o mundo gira à volta dos EUA e que todos lhe devem vassalagem, tendo de se sujeitar à sua vontade e aos seus caprichos, mas Cuba, fiel à sua história e aos seus princípios não admite ingerências e estará sempre na primeira linha de ajuda a todos aqueles que são oprimidos e explorados, estejam eles onde estiverem.

E como muitas vezes a Embaixadora tem afirmado, é cada vez mais crescente na opinião pública norte-americana a vontade de pôr fim ao Bloqueio e de que se iniciem conversações bilaterais com vista ao normal restabelecimento de relações entre os dois países e isso só depende do governo dos EUA. É que Cuba sempre esteve e está na disposição de o fazer, desde que as mesmas se realizem num plano de respeito e igualdade entre nações soberanas e independentes.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)