quinta-feira, 24 de julho de 2014


HINO DO MOVIMENTO 26 DE JULHO

Prestes a comemorar-se o Dia Nacional da Rebeldia Cubana que este ano terá as suas cerimónias oficiais em Artemisa, mais uma vez se evocará a memória de todos aqueles que pertenceram ao Movimento 26 de Julho, data que significou há 61 anos o assalto ao Quartel Moncada em Santiago de Cuba e ao Quartel Carlos Manuel de Céspedes em Bayamo, iniciando-se aí a luta armada que viria a culminar com o triunfo da Revolução, apoiada desde a primeira hora pela intensa luta política que era travada na clandestinidade.

Nos dias que antecederam os preparativos para a operação militar comandada por Fidel Castro e sabendo este que um dos combatentes era aficionado de música, desafiou Agustin Diaz Cartaya para compor uma marcha com um texto que expressasse elevados sentimentos de patriotismo, alegria e celebração pelas vitórias militares alcançadas. Segundo contou o compositor, era a primeira vez que deixava de se sentir como um marginal, descriminado pela sua cor de pele ou baixa escolaridade, sabendo que a responsabilidade que lhe estava a ser pedida pelo seu Chefe, viria a ter, com os anos, uma enorme importância histórica.

E assim nasceu a música e a letra do Hino da Liberdade que passou a acompanhar nos bons e nos maus momentos todos aqueles que lutaram contra a tirania e que hoje aqui transcrevo o original numa tradução livre:

“Marchando vamos na direcção de um ideal / sabendo que temos de triunfar em prol da paz e prosperidade / lutaremos todos pela liberdade. Em frente cubanos que Cuba premiará o nosso heroísmo / pois somos soldados que vamos libertar a Pátria / limpando com fogo que arrase com esta praga infernal / de governantes indesejáveis e de tiranos insaciáveis que a Cuba afundaram no mal. O sangue que no Oriente se derramou / nós não o devemos esquecer / por isso unidos temos de estar / recordando aqueles que mortos estão. A morte é vitória e glória que no fim a história sempre recordará / a tocha que airosa vai iluminando os nossos ideais pela liberdade. O povo de Cuba mergulhado na sua dor / sente-se ferido e decidido a encontrar sem tréguas uma solução que sirva de exemplo a esses que não têm compaixão / e convictos arriscaremos por esta causa até a vida / e que viva a Revolução”.

Após a fracassada acção nos combates de 1953 e em homenagem a todos aqueles que tombaram na luta ou que foram assassinados, Fidel pediu a Cartaya para modificar algumas passagens da letra para que se glorificasse o sacrifício dos mártires e o sangue derramado pelo ideal da liberdade, passando a ser cantada nas prisões e trauteada durante os julgamentos que se seguiram, vindo a marcha desde então e até à actualidade a ser conhecida como o Hino do Movimento 26 de Julho, que depois do Hino Nacional é a peça mais tocada em paradas militares e em outras cerimónias.

Caso estas singelas linhas tenham despertado no leitor a vontade de escutar este precioso Hino, podem fazê-lo na internet como “himno del 26 de julio”. Vão ver que vale a pena.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)

sexta-feira, 11 de julho de 2014


OBAMA, HILLARY E O BLOQUEIO A CUBA

Já escrevi várias vezes sobre o criminoso bloqueio comercial, económico e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba desde há mais de 50 anos, consequência de uma política que está completamente ultrapassada e que já nem sequer tem a concordância dos vários sectores empresariais que também são prejudicados com tal imposição.

Agora interessante é o que Hillary Clinton, ex-Secretária de Estado no primeiro mandato de Barack Obama vem revelar no seu livro “Decisões Difíceis” recentemente publicado, afirmando que no final do mandato o presidente lhe perguntou se não deveriam reconsiderar a questão do bloqueio a Cuba, já que este nunca cumpriu os objectivos para que fora criado e que a sua manutenção prejudica as relações dos EUA com os outros países da América Latina.

Pela primeira vez uma alta personalidade do poder norte-americano vem publicamente dizer aquilo que todos sabem em Washington e no resto do mundo: as sanções impostas com a finalidade de dominar um pequeno país têm sido inúteis, apesar de todo o sofrimento que tem causado à população cubana.

Concretamente, pouco lhes importa os prejuízos pessoais ou económicos que o bloqueio tem provocado a Cuba, mas sim os seus próprios interesses e por isso a preocupação em rever esta fracassada e ilegal política de ingerência e autoritarismo, aplicada contra um país soberano e independente, á revelia de todas as recomendações das Nações Unidas e do Direito Internacional.

Com a entrada em vigor da nova Lei de Investimento Estrangeiro, com a evolução da Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel e com a reestruturação de toda a economia cubana, os meios empresariais norte-americanos começam a perceber que estão a perder oportunidades e por isso a contestar o seu governo, com a consequente ameaça – embora que velada – da retirada de apoios financeiros em futuras campanhas eleitorais. Prevendo-se que Hillary venha a ser a candidata dos democratas às presidenciais de 2016 e sabendo-se como o poder económico se sobrepõe ao poder político nos EUA, outra solução não existe a não ser abrandar ou mesmo até eliminar esse ridículo bloqueio.

Na verdade, as empresas norte-americanas estão a ser completamente ultrapassadas na zona por consórcios internacionais, assistindo ao interesse dos investidores em grandes projectos quer em Cuba, quer em outros países da América Latina. E se o novo porto de águas profundas de Mariel em que podem vir a transitar mais de dois milhões de contentores por ano já era importante pelas condições geográficas e logísticas muito favoráveis como plataforma de apoio ao Canal do Panamá, muito mais importante estrategicamente será no futuro com a abertura do Canal da Nicarágua, cujas obras se prevê tenham início ainda este ano e que após a sua conclusão irá concorrer directamente com o do Panamá.

Enquanto isto, as autoridades cubanas continuam serenamente a avaliar passo a passo o evoluir da sua economia, fazendo os necessários reajustamentos, de modo a projectar o futuro com toda a segurança e nunca abdicando dos princípios da Revolução.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)


quarta-feira, 2 de julho de 2014


MEMORIAL JOSÉ MARTI

Quando se visita Havana, um dos locais de passagem obrigatória é a emblemática Praça da Revolução, não só pelo seu simbolismo histórico, como também pela realização dos mais variados eventos políticos, religiosos ou culturais, a que acorrem centenas de milhar de cubanos para neles participarem.

Talvez seja dos locais da capital mais fotografados, principalmente por ostentar em toda a fachada de um edifício a famosa imagem de Che Guevara e em outro a de Camilo Cienfuegos, que servem de cenário para provar a passagem do visitante por Cuba.

Mas a Praça da Revolução, uma das maiores do mundo com os seus 72.000 m2, tem muito mais que isto e o Memorial José Marti impõe-se em toda a sua dimensão e esplendor, homenageando o Pai da Pátria e o seu Herói Nacional.

Após importantes obras de restauro e conservação de todo o monumento, foram inauguradas em 27 de Janeiro de 1996 por Fidel Castro as instalações interiores da sua base em forma de estrela com cinco pontas, as quais contam com valiosas exposições sobre Marti em três salas permanentes, uma sala para exposições temporárias, um impressionante mural com frases extraídas do pensamento ideológico martiano e um auditório onde se realizam palestras, encontros e manifestações de carácter cultural.

Este monumento, cuja construção demorou 5 anos, pode ser visitado todos os dias da semana até às 17 horas e aos domingos até às 14 horas, sendo constituído por uma torre com 109 metros de altura. No seu interior tem um elevador que conduz os visitantes ao seu ponto mais alto de onde se avista toda a cidade e arredores, numa extensão de 50 km.

Para os portugueses em particular e para os europeus em geral, a obra e o pensamento de Marti são muito pouco conhecidos, valendo a pena visitar o Memorial para se ficar com uma ideia da sua importância para Cuba e para toda a América Latina, onde, a par de outros libertadores como Simón Bolívar ou José de San Martin, teve um papel fundamental para a consciencialização dos povos, com o objectivo da conquista da independência de cada país em relação à coroa espanhola que os colonizava e oprimia.

O seu pensamento sobre o mundo e sobre os homens e mulheres que o habitam têm uma profunda actualidade, onde se constata a visão que possuía em relação aos tempos futuros e às consequências que daí adviriam.

José Julián Marti, que morreu em combate com apenas 42 anos de idade, deixou uma vasta obra que é hoje ensinada nas escolas e universidades cubanas, constituindo um exemplo de lealdade, honestidade e patriotismo, que é merecedor de toda a nossa admiração.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)