quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

OS OITO ESTUDANTES DE MEDICINA

Cumpriram-se 140 anos sobre a data histórica de 27 de Novembro de 1871 em que oito jovens estudantes de medicina foram injustamente fuzilados pelo poder colonial, sob a simples acusação de terem profanado o túmulo de um cidadão espanhol. Claro que o principal motivo não foi este, mas sim o do incómodo que o movimento estudantil provocava ao apoiar o levantamento do herói nacional Carlos Manuel de Céspedes na luta pela independência de Cuba que se iniciara três anos antes na antiga província de Oriente.

A partir do momento em que numerosos estudantes universitários abandonaram as suas aulas em Havana e organizaram várias expedições armadas para se juntarem aos independentistas, as hostilidades do governo colonial espanhol face à Universidade foi sendo incrementada e à medida que aumentava o apoio dos estudantes à luta dos patriotas cubanos a repressão agudizou-se. Em lugares públicos frequentados por estudantes ocorreram uma série de distúrbios que se saldaram em mortos e feridos, chegando-se a tais extremos que em determinado momento a Universidade chegou a ser encerrada temporariamente.

Neste contexto, um grupo de 45 estudantes do curso de medicina foram presos infundadamente por um acto que não cometeram, ao serem acusados de terem partido um vidro do mausoléu do jornalista espanhol Gonzalo de Castañon Escarazo, entretanto morto em duelo por um independentista cubano que o desafiou, por o jornalista se ter referido publicamente às mulheres cubanas da emigração, qualificando-as de prostitutas.

Como represália e após um obscuro processo jurídico caracterizados por inúmeras manipulações, de maneira arbitrária, um conselho de guerra ditou a sentença e 35 estudantes foram condenados a penas variadas, 2 absolvidos e 8 condenados à morte por fuzilamento.

Por coincidência, também neste mesmo dia 27 de Novembro, mas no ano 2000, teve início em Miami o processo jurídico cheio de contradições contra os Cinco Heróis Cubanos que ainda se encontram injustamente presos por combaterem o terrorismo.

Desde que foi cometido aquele horroroso crime, todos os anos e na mesma data, os estudantes universitários, os jovens e a população em geral concentram-se nas escadarias da Universidade de Havana e daí saem desfilando pelas ruas entoando o canto vibrante aos heróis e aos mártires, até ao monumento que foi erigido em memória dos oito estudantes situado no próprio local onde foram executados, frente à Fortaleza de La Punta, colocando oferendas florais e assumindo o compromisso de defender a Pátria e a Revolução face a qualquer tentativa de agressão a Cuba.

O simbolismo desta homenagem anual aos jovens que sonhavam salvar vidas e morreram na flor da idade perdurará e servirá sempre de exemplo para a revolucionária juventude cubana na defesa do seu presente e do seu futuro.

(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 09/12/2011)

Sem comentários: