Ainda não há muitos anos Cuba estava praticamente isolada dos restantes países da América latina, não por ser essa a sua vontade, mas porque os governos desses países estavam completamente subjugados e reféns das políticas dos EUA que os obrigava a manterem esse distanciamento, sob pena de virem a sofrer as mesmas consequências de um cruel e assassino bloqueio económico e financeiro, tal como o fazem em relação a Cuba, já lá vão mais de 50 anos.
Felizmente para esses países e para os seus povos, a pouco e pouco têm vindo a libertar-se da pata opressora e hoje, conquistada alguma liberdade, já podem desafiar o vizinho imperialista sem receio de invasões militares ou de outras sanções, já que consolidaram a sua independência e se uniram em torno de interesses comuns, quer ao nível económico e comercial, quer ao de aspectos políticos e sociais.
Na última cimeira realizada há dias em Cartagena, na Colômbia, pela primeira vez a América latina se opôs a uma só voz contra a exclusão de Cuba na OEA (Organização de Estados Americanos) de onde foi afastada em 1962, lembrando que hoje quem está isolado são os dois países do norte face a uma América latina cada vez mais influente no mundo, a partir do momento em que travou a exploração de que vinha a ser alvo desde a época colonial e passou a controlar parte dos seus recursos naturais em prol da melhoria das condições de vida dos seus povos.
Desde Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes) a Simón Bolívar e a José Marti, muitos foram os que lutaram e morreram pela independência dos seus países, lançando as bases ideológicas e democráticas para a união de uma América de expressão latina que pudesse defender os seus valores e as suas múltiplas culturas.
Na cimeira de Cartagena pouco ou nada se falou sobre os principais problemas da humanidade, referindo Fidel, numa das suas últimas reflexões, que “é urgente encarar as questões relacionadas com as alterações climáticas, a segurança e a alimentação da crescente população mundial”, lembrando que “os povos esperam dos dirigentes políticos respostas claras e estes problemas”.
Já na cimeira do Rio de Janeiro realizada há 20 anos, Fidel alertava para as graves consequências das alterações climáticas que adviriam no futuro, caso não fossem tomadas com urgência medidas sérias para alterar o rumo das constantes agressões ao meio ambiente provocadas pelos países mais industrializados. Se bem se recordam, na altura poucos deram importância a esta antevisão do líder histórico da Revolução cubana e hoje assistimos às maiores catástrofes naturais de que há memória, com consequências que se traduzem na perda de vidas humanas e materiais, na destruição de infra-estruturas básicas e na falta de alimentos para as populações mais carenciadas.
Na cimeira de Cartagena perdeu-se mais uma boa oportunidade para debater questões importantes, acabando apenas por vir a ser lembrada no futuro como a cimeira dos escândalos sexuais provocados pelos membros dos serviços secretos norte-americanos.
(Por Celino Cunha Vieira, in Semanário
Comércio do Seixal e Sesimbra de 21/04/2012)
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