Cuba entrou no seu 52.º ano após o triunfo da Revolução e as transformações que se estão a operar têm suscitado algumas dúvidas nos espíritos daqueles menos bem informados e que apenas fazem uma análise da situação baseada no que a comunicação social tendenciosamente transmite.
Nem se entende bem que os que antes criticavam por não existir iniciativa privada em Cuba, sejam agora os mesmos que criticam por ela ser permitida e incentivada. Felizmente que a Revolução Cubana é dinâmica e que o povo, em comunhão com os seus dirigentes, sabe corrigir os erros e encetar a cada momento as experiências que as circunstâncias aconselham, com o supremo objectivo da sua independência e de uma sociedade mais justa e igualitária, ao contrário do que acontece em Portugal.
No momento, uma das principais apostas é a de fomentar a criação de pequenas empresas que pela sua natureza específica não se justifica que continuem a ser tuteladas e pagas pelo Estado, absorvendo capitais que fazem falta noutros sectores, podendo assim, quem o desejar, desenvolver o seu próprio negócio, criando postos de trabalho e contribuindo para a economia do país.
Esta medida, que já há muito vinha sendo reclamada por uma vasta camada da população é das que maior impacto irá ter, já que estão reunidas todas as condições para o livre exercício de algumas profissões no sector dos serviços que antes lhes estava negado.
Também na agricultura e na pecuária, de forma isolada ou através de cooperativas, a produção pode ser substancialmente aumentada, tendo os seus promotores a possibilidade de escoar os produtos para os organismos estatais ou directamente para a população, contribuindo assim para a diminuição das importações de bens alimentares e consequente poupança de divisas.
Mas não se espere que estas transformações ocorram de um dia para o outro e que as dificuldades desapareçam num ápice, porque ainda há muito a fazer e a evoluir para que os resultados apareçam.
A discussão das definições estratégicas da política económica e social tem vindo a ser realizada com todo o povo, pois sem a sua cabal aceitação nenhuma medida poderá ter o êxito que se deseja, ao contrário daquilo que os detractores costumam insinuar, porque em Cuba a democracia é participativa e todos têm o direito de livremente exprimirem as suas opiniões e apresentar as suas propostas.
É um facto que o modelo económico que vigora há mais de 50 anos não poderia continuar a ser aplicado na sua plenitude, pelo simples motivo de que os mecanismos da globalização o impedem e os mercados financeiros não estão disponíveis para compensarem os défices governamentais tal como o fazem com outros países.
Mas Cuba vencerá mais esta batalha sem necessitar de renegar os princípios da Revolução e de todos aqueles que deram a vida pela sua soberania.
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