sábado, 19 de maio de 2018


JOSÉ MARTI

Assinala-se amanhã, 19 de Maio, a data em que em 1895, com apenas 42 anos de idade, José Marti morreu em combate pela independência de Cuba face ao domínio espanhol, tendo sido mutilado pelos soldados inimigos e exibidos os seus restos mortais à população.

Filho de pais espanhóis, Marti nasce em Havana no dia 28 de Janeiro de 1853 e ainda bem jovem, influenciado pelas ideias separatistas do seu professor o poeta Rafael Maria Mendive, publica aos 16 anos o seu primeiro manifesto patriótico em verso, o “Abdala”, estabelecendo como prioridade para a sua vida acabar com o absurdo de às portas do século XX ainda os países da América Latina serem governados por europeus, iniciando a sua luta pela independência de todas as colónias, incluindo a cubana.

Preso várias vezes por motivos políticos, é deportado para Espanha, onde faz os seus estudos superiores primeiro em Madrid e depois em Saragoça, licenciando-se em Direito, Letras e Filosofia. Muda-se para França, depois para o México, onde casa com Cármen Bazón e em seguida para a Guatemala, onde, dotado de uma vastíssima cultura geral, lecciona na Universidade Nacional, acabando por se radicar em Nova Iorque, trabalhando como jornalista, a par da sua actividade de poeta e escritor, publicando centenas de poemas, novelas e dramas, para além de cartas e artigos de jornal. A letra da música “Guantanamera”, conhecida internacionalmente como símbolo da Ilha, foi retirada do seu poema “Versos Sensillos” dedicado ao amor, à mulher e à pátria.

Ao escrever “Nuestra América”, publicado em Janeiro de 1891 num jornal mexicano, José Martí trás para a ordem do dia, o problema da identidade latino-americana que, para ele, passava num primeiro momento, pela organização da guerra contra os espanhóis e, num segundo momento, por um processo educacional que garantisse a dignidade de todos, contra a emergente pretensão de domínio vinda do norte.

Ao perceber essa realidade, Martí propõe a união dos povos latinos como o caminho necessário à integração continental num processo que desencadeasse o despertar contra a opressão social e cultural. Em rigor, Martí propõe a união dos latino-americanos, mas conservando a autonomia e as particularidades de cada país para fazer frente ao neocolonialismo.

Segundo Martí, as administrações das futuras repúblicas independentes teriam de conhecer com profundidade os elementos de que era constituída a sua terra, pois só assim seriam capazes de governar no sentido de se obter uma vida digna.

Assim sendo, a história deveria ser estudada, não só para a conhecer, mas também para a confrontar com os seus problemas, pois, somente conhecendo-a e tornando-a conhecida, a mesma seria respeitada.

Martí, profundamente ligado ao seu tempo, não abria mão da procura constante do crescimento do seu povo. Entendia que era preciso empreender uma cruzada para revelar aos homens a sua natureza e, através dos estudos científicos, promover a independência pessoal e social de Cuba e de toda a América Latina.

Para que os ideais de José Marti não fossem esquecidos e para perpetuar a sua obra, foi construído em Havana um Memorial situado na Praça da Revolução, onde através de exposições permanentes e temporárias se pode conhecer um pouco melhor a sua personalidade, constituindo passagem obrigatória para quem visita a capital cubana.

A sua visão do mundo em pleno século XIX, levou-o a profetizar tudo aquilo que viria a ocorrer no século seguinte, legando-nos um vasto rol de pensamentos e de princípios que ainda hoje estão plenamente actuais.

Desde os domínios coloniais, passando pelo poderio bélico, económico e financeiro das grandes potências, os problemas que se colocam aos pequenos países continuam a ser os mesmos e Cuba, com o desmoronamento em 1989 do bloco socialista, passou por um período tremendamente crítico na década de noventa, o qual só foi superado por possuir um povo digno, abnegado e heróico, tal como Marti.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)




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