quinta-feira, 5 de março de 2015


O ENVIADO MUITO ESPECIAL A CUBA

Quando no passado dia 17 de Dezembro os presidentes de Cuba e dos EUA fizeram uma declaração de princípios sobre o relacionamento entre os dois países, todo o mundo rejubilou, pois nos tempos que correm já ninguém compreende que ainda exista um bloqueio económico, comercial e financeiro com fins meramente políticos e que prejudicam os dois povos. Como resultado, realizaram-se já duas rondas de conversações em que o respeito mútuo imperou, avançando-se na convergência de alguns pontos essenciais para o reatar de normais relações diplomáticas.

Mas há sempre quem se oponha e que queira que tudo continue na mesma para que não percam as benesses de que usufruem, nomeadamente os auto denominados “opositores” quer os que estão em Cuba quer os que estão comodamente instalados nos EUA dirigindo organizações que têm sido subsidiadas pelos sucessivos governos norte-americanos para actuarem contra Cuba, provocando acções de desestabilização interna e actos de puro terrorismo.

Não é por mero acaso que se assiste a uma nova campanha mediática que tem por finalidade interferir nas conversações e criar na opinião pública a imagem de um país de forte repressão onde não há liberdade e as pessoas vivem numa profunda miséria. Para essa campanha, Portugal contribui através das nossas taxas que são canalizados para a RTP, mandando o enviado especial Carlos Daniel a Cuba para que este retransmitisse as opiniões de uma ínfima minoria, demonstrando um enorme sectarismo e prestando-se a um ridículo papel de porta-voz de uma pseudo-oposição que é rejeitada pela esmagadora maioria do povo cubano.

Quando o enviado especial afirma, por exemplo, que a exibição do filme “Fresa e Chocolate” esteve vários anos proibida no país, mente descaradamente ou se ignora é porque é um mau jornalista, já que esse filme como tantos outros, foi produzido e co-financiado pelo Instituto Cubano de Arte e Indústrias Cinematográficas, tendo sido rodado em 1994 e estreado em várias salas cubanas no dia 20 de Janeiro de 1995, obtendo desde aí para cá vários prémios nacionais e internacionais. E se alguém tem dúvidas sobre a liberdade dos autores, basta ver muitas outras películas, igualmente financiados pelo Estado Cubano, em que a crítica é bem patente, incidindo sobre as verdadeiras realidades, sem tabus nem constrangimentos de qualquer espécie.

O enviado especial da RTP mostrou uma pequena casa degradada, desarrumada e particularmente suja, como se isso fosse o padrão das casas onde vivem os cubanos e o desmazelo e a sujidade tivessem alguma coisa a ver com as dificuldades por que todos têm passado. Existem sim casas sem luxo, mas muito dignas e asseadas.

Também mostrou umas senhoras vestidas de branco que são pagas por um país estrangeiro para desfilarem junto às principais embaixadas sedeadas em Havana e, contradição das contradições, ninguém os incomodou, podendo dizer para as câmaras do senhor Carlos Daniel aquilo que muito bem quiseram. Até por lá apareceu um tal Fariñas que se tivesse vergonha na cara agradecia ao Estado Cubano e aos Médicos e Enfermeiros que o salvaram de uma morte quase certa quando estava em prisão domiciliária por delitos comuns (esfaquear os seus semelhantes nada tem a ver com dissidência política) resolvendo fazer uma greve de fome e considerar-se opositor de consciência, tal como muitos dos familiares das tais senhoras que estão presos por delitos que são condenáveis em qualquer parte do mundo num Estado de Direito.

O enviado muito especial da RTP, como jornalista, mostrou a sua total falta de isenção e tal como já li por aí, “se Cuba carimbasse a cara de gente parva à saída do país, o rapaz chegava a Portugal irreconhecível”.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)




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