sábado, 12 de março de 2011

PROTESTOS EM CUBA


Há dias e em jeito de provocação, perguntaram-me se os protestos e manifestações que têm ocorrido nos países do norte de África não se poderiam também estender a Cuba.

Com o mesmo sentido provocatório e socorrendo-me do que escreveu o meu amigo Roberto Suárez, respondi que tudo era possível desde que fossem consideradas algumas questões, tais como:

- Por que os cubanos não se revoltam contra os serviços de saúde gratuitos?

- Por que não vêm para a rua exigir o pagamento das vacinas que são dadas a toda a população desde a sua nascença?

- Por que não protestam contra a educação gratuita em todos os níveis de ensino, preferindo o analfabetismo e a ignorância?

- Por que não exigem o encerramento das numerosas escolas de ensino especial para crianças deficientes?

- Por que os cubanos não desfilam contra o fomento da cultura e do desporto que só serve para perder tempo?

- Por que admitem que milhares de jovens da América Latina e de África estudem gratuitamente medicina em Cuba?

- Por que suportam que milhares de médicos e enfermeiros cubanos prestem assistência sanitária em muitas dezenas de outros países mais pobres?

- Por que não incluem novamente na sua Constituição o direito dos EUA ocuparem militarmente o território, restabelecendo o domínio absoluto como no tempo de Batista?

- Por que os cubanos não entregam as suas riquezas nacionais e a sua economia aos monopólios norte-americanos?

- Por que o povo cubano não exige a exploração do homem pelo homem e a descriminação em relação às mulheres e aos não-brancos?

- Por que insistem os cubanos em manter a justiça social e a igualdade entre os seres humanos e não aceitam as desigualdades entre ricos e pobres?

- Por que os cubanos não eliminam o respeito pela soberania dos países e a autodeterminação dos povos?

- Por que os cubanos não valorizam nem aceitam que os seus concidadãos se possam vender a uma potência estrangeira para provocar a derrota da Revolução?

- Em resumo, por que os cubanos, a sua esmagadora maioria, continua teimosamente a preferir a coerência e a dignidade?


(In Semanário Comércio do Seixal e Sesimbra de 11/03/2011)

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