quinta-feira, 15 de abril de 2010

EM DEFESA DE CUBA

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A propósito da Resolução de 11 de Março do Parlamento Europeu sobre Cuba, os intelectuais, académicos, lutadores sociais, pensadores críticos e artistas da Rede “Em Defesa da Humanidade”, manifestamos:

1. Que partilhamos a sensibilidade mostrada pelos parlamentares europeus acerca dos prisioneiros políticos. Como eles, pronunciamo-nos pela imediata e incondicional libertação de todos os presos políticos, em todos os países do Mundo, incluindo os da União Europeia.

2. Que lamentamos profundamente, tal como eles, o falecimento do preso comum Orlando Zapata, porém, não admitimos que a sua morte, primeira “…em quase quarenta anos” de acordo com o próprio Parlamento, seja deturpada com fins políticos muito distintos e contrários aos da defesa dos direitos humanos.

3. Que instar "…as instituições europeias, dêem o seu apoio incondicional e alento sem reservas ao início de um processo pacífico de transição política para uma democracia multipartidária em Cuba", não é apenas um acto de interferência, que nós reprovamos em virtude do nosso compromisso com os princípios da não intervenção e autodeterminação dos povos - defendidos também pela ONU - e contra a colonização, mas que pressupõe um modelo único de democracia que, por certo, cada vez se mostra mais insuficiente e questionável. A procura e o aprofundamento da democracia supõe, entre outras coisas, transcender os seus níveis formais e inventar novas formas autenticamente representativas, que não necessariamente limitadas ao pluripartidarismo que, como bem se sabe, encobre frequentemente o facto de que as decisões sobre os grandes problemas mundiais são tomados unilateralmente por pequenos grupos de interesses, com enorme poder, sobre os regimes partidários.

4. Que pretender justificar uma intromissão nos assuntos políticos internos do povo cubano, manipulando mediaticamente o caso de Orlando Zapata - delinquente comum e de maneira nenhuma preso político - coincide com as políticas que estão sendo aplicadas na América Latina, para deter e distorcer os processos de transformação e emancipação que estão em curso e se soma ao criminoso bloqueio a que tem sido submetido o povo cubano, só pelo simples facto de não aceitar imposições e defender o seu direito a decidir o seu destino com dignidade e independência.

5. Que partilhamos as preocupações manifestadas por parlamentares no respeito pelos direitos humanos em Cuba, mas que seja extensivo a todos os países do Mundo. Assim como se preocupam com o criminoso que morreu (em quarenta anos que não há história semelhante) também convidamos a exigir pôr um fim à ocupação de Gaza e da perseguição ao povo palestiniano, que tem causado milhares de mortes; o fim da ocupação do Iraque e no Afeganistão semeando a morte e o terror nas aldeias e cidades; os bombardeamentos nesses lugares com o argumento de defender a democracia); o fim da dupla ocupação do Haiti; o encerramento da prisão de Guantanamo e a entrega desse mesmo território ao seu legítimo dono que é Cuba; a devolução das Ilhas Malvinas à Argentina; e, por conseguinte, o fim de um bloqueio que viola os direitos humanos do povo cubano, o qual pode pôr em dúvida a qualidade moral de quem exige tratamento humano para um criminoso, quando se o nega ao povo cubano por inteiro.
O assédio económico e mediático a que está sendo submetida Cuba, mesmo antes da morte do prisioneiro comum Orlando Zapata, constitui um atentado contra os direitos humanos e políticos de um povo que decidiu criar um caminho diferente.
Exigimos respeito aos processos internos do Povo Cubano para definir e exercer a sua democracia, consequentemente com os princípios universais da não intervenção, acordados pelas Nações Unidas.



Para manifestar o seu apoio a este Manifesto "EM DEFESA DE CUBA", pode fazê-lo em nome pessoal ou de uma organização em:



www.porcuba.org


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