SEM MONCADA
TERIA HAVIDO REVOLUÇÃO?
Chegados
a 26 de Julho, data histórica do assalto ao Quartel Moncada efectuado há 64
anos por um pequeno grupo de jovens comandados por Fidel, colocaram-me a
questão sobre se teria havido Revolução sem este acto heróico. Respondi que
pode ser que sim, mas também pode ser que não, já que o movimento
revolucionário necessitava de uma acção com bastante impacto junto da sociedade
para que o entusiasmo da população não desmerecesse e acreditasse que era
possível derrotar uma oligarquia corrupta ao serviço de interesses
estrangeiros.
Moncada
foi sem dúvida o despoletar da Revolução e por isso sempre serão lembrados como
mártires e heróis nacionais todos aqueles que perderam a vida em combate
directo ou assassinados pelos esbirros do regime, que sem compaixão pelos
feridos, acabaram por os torturar e matar friamente. A derrota militar, com
todas as suas consequências, acabou por constituir uma enorme vitória política
que viria a dar corpo ao Movimento 26 de Julho como vanguarda da luta popular
alargada a todo o país, que como se viu mais tarde, seria imparável e de
extrema utilidade no apoio aos combatentes da Sierra Maestra e para as batalhas
que se seguiram.
Uma
outra questão é imaginar o que teria acontecido se Fidel e os companheiros
tivessem saído vitoriosos de Moncada, ocupando os objectivos que estavam
previamente planeados. O mais provável era que conseguiriam resistir durante
alguns dias, mas inevitavelmente teriam de se retirar para a Sierra e esperar a
ofensiva governamental, tal como viria a suceder 4 anos mais tarde, evitando-se
assim a prisão e o exílio dos que sobreviveram. Mas a vitória política teria
sido a mesma? Não, certamente.
Fidel
sabia que em qualquer uma das situações o seu instinto o conduziria a uma
solução e que as suas convicções seriam imbatíveis porque, como pensava, “todos
os inimigos podem ser vencidos” ou, como diria José Marti, o seu mentor
intelectual, “trincheiras de ideias valem mais que trincheiras de pedras”.
Acredito
que sem Moncada a Revolução teria na mesma existido, com outros contornos é
certo, com mais ou menos sacrifícios, mas a situação que se vivia nessa época
era intolerável e o povo não poderia continuar a ser explorado e a viver
oprimido por um governo sem escrúpulos.
Fidel,
o grande timoneiro e Comandante eterno, soube interpretar os desejos do seu
povo e com os atributos que lhe eram reconhecidos, entregou toda a sua vida a
uma causa, repousando hoje muito perto do local onde tudo começou e onde se
jogou o destino da Nação.
Ao
comemorar-se o 26 de Julho como Dia da Rebeldia Nacional, festeja-se não só um
acontecimento histórico, mas fundamentalmente a heroicidade de todo um povo que
tem sabido resistir a todos os constrangimentos e sacrifícios que lhe são
exigidos, em prol da sua soberania e independência.
(Celino
Cunha Vieira - Cubainformación)
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