PAPA FRANCISCO EM CUBA
A propósito
da próxima visita Papal e ao contrário do que muitas vezes é apregoado, em Cuba
existe uma ampla liberdade religiosa que se expressa tanto em documentos de
força legal, como na existência de um diversificado universo religioso em que
os cubanos praticam e organizam as suas crenças através de variadas
instituições e organizações religiosas, considerando o Vaticano que mais de 60%
da população é católica.
A
Constituição da República de Cuba, aprovada por plebiscito popular em 1976 com
os votos favoráveis de 97,7% do eleitorado, estabelece em cinco dos seus
artigos a separação entre a Igreja e o Estado, garantindo a igualdade de todas
as manifestações religiosas perante a Lei e o direito de todos os cidadãos a
professar o culto religioso da sua preferência, a mudar a sua crença ou até a
não ter nenhuma.
O Estado
não subvenciona nenhuma instituição religiosa nem interfere no seu
funcionamento interno, sendo as mesmas as proprietárias e administradoras dos
seus bens móveis e imóveis, incluindo os templos e outros edifícios.
A República
de Cuba e o Estado do Vaticano mantêm relações diplomáticas ao nível de
Embaixada e de Nunciatura Apostólica desde 1935 sem qualquer interrupção,
possuindo a Igreja Católica em Cuba um Cardeal e quinze Bispos, distribuídos
pelo dobro das dioceses que existiam antes do triunfo da Revolução, o que
revela bem a total independência e liberdade com que se tem desenvolvido por
todo o país com mais de 600 templos em pleno funcionamento, de onde sobressaem,
entre outros, a Catedral de Havana, a Catedral de Santiago de Cuba e o
Santuário Nacional de “Nuestra Señora de la Caridad del Cobre” onde se venera a
imagem mariana encontrada em 1612 por três escravos que procuravam sal na Baía
de Nipe, a maior de Cuba, situada na costa norte da região oriental da Ilha.
Tal como os seus antecessores, o Papa Francisco
iniciará a sua visita pela cidade de Havana onde presidirá à missa a celebrar
na Praça da Revolução que estará repleta de crentes e não crentes para o
homenagear e ouvir as suas palavras. Ainda em Havana, o Papa terá um encontro
privado com o clero, com o presidente Raul Castro e muito provavelmente com o
líder histórico da Revolução Fidel Castro.
Seguirá depois para Holguin, cidade que pela
primeira vez recebe um Papa e terminará esta peregrinação após assinalar o
100.º aniversário da declaração da Virgem da Caridade do Cobre como Padroeira
de Cuba, despedindo-se na cidade de Santiago de Cuba de onde viajará para os
EUA.
Pelo
importante papel que o Papa Francisco teve no restabelecimento das relações
entre Cuba e os EUA, espera-se que o Sumo Pontífice possa sensibilizar as
autoridades norte-americanas para que ponham fim ao bloqueio económico,
comercial e financeiro, o qual é rejeitado pela esmagadora maioria da
comunidade internacional, pelo povo americano e até pelo próprio presidente
Obama que o considera obsoleto e injusto por provocar danos de carácter
humanitário.
(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)
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