quinta-feira, 17 de setembro de 2015


PAPA FRANCISCO EM CUBA

A propósito da próxima visita Papal e ao contrário do que muitas vezes é apregoado, em Cuba existe uma ampla liberdade religiosa que se expressa tanto em documentos de força legal, como na existência de um diversificado universo religioso em que os cubanos praticam e organizam as suas crenças através de variadas instituições e organizações religiosas, considerando o Vaticano que mais de 60% da população é católica.

A Constituição da República de Cuba, aprovada por plebiscito popular em 1976 com os votos favoráveis de 97,7% do eleitorado, estabelece em cinco dos seus artigos a separação entre a Igreja e o Estado, garantindo a igualdade de todas as manifestações religiosas perante a Lei e o direito de todos os cidadãos a professar o culto religioso da sua preferência, a mudar a sua crença ou até a não ter nenhuma.

O Estado não subvenciona nenhuma instituição religiosa nem interfere no seu funcionamento interno, sendo as mesmas as proprietárias e administradoras dos seus bens móveis e imóveis, incluindo os templos e outros edifícios.

A República de Cuba e o Estado do Vaticano mantêm relações diplomáticas ao nível de Embaixada e de Nunciatura Apostólica desde 1935 sem qualquer interrupção, possuindo a Igreja Católica em Cuba um Cardeal e quinze Bispos, distribuídos pelo dobro das dioceses que existiam antes do triunfo da Revolução, o que revela bem a total independência e liberdade com que se tem desenvolvido por todo o país com mais de 600 templos em pleno funcionamento, de onde sobressaem, entre outros, a Catedral de Havana, a Catedral de Santiago de Cuba e o Santuário Nacional de “Nuestra Señora de la Caridad del Cobre” onde se venera a imagem mariana encontrada em 1612 por três escravos que procuravam sal na Baía de Nipe, a maior de Cuba, situada na costa norte da região oriental da Ilha.

Tal como os seus antecessores, o Papa Francisco iniciará a sua visita pela cidade de Havana onde presidirá à missa a celebrar na Praça da Revolução que estará repleta de crentes e não crentes para o homenagear e ouvir as suas palavras. Ainda em Havana, o Papa terá um encontro privado com o clero, com o presidente Raul Castro e muito provavelmente com o líder histórico da Revolução Fidel Castro.

Seguirá depois para Holguin, cidade que pela primeira vez recebe um Papa e terminará esta peregrinação após assinalar o 100.º aniversário da declaração da Virgem da Caridade do Cobre como Padroeira de Cuba, despedindo-se na cidade de Santiago de Cuba de onde viajará para os EUA.

Pelo importante papel que o Papa Francisco teve no restabelecimento das relações entre Cuba e os EUA, espera-se que o Sumo Pontífice possa sensibilizar as autoridades norte-americanas para que ponham fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro, o qual é rejeitado pela esmagadora maioria da comunidade internacional, pelo povo americano e até pelo próprio presidente Obama que o considera obsoleto e injusto por provocar danos de carácter humanitário.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)




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