sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015


COLÓQUIO SOBRE SAÚDE

Integrado no VIII Encontro Intercultural de Saberes e Sabores que decorreu no Pavilhão do Alto do Moinho em Corroios - Seixal, realizou-se um Colóquio subordinado ao tema “Cuba – Cooperação Internacional e Acesso à Saúde”promovido pela Associação de Amizade Portugal-Cuba e tendo como orador Melne Martinez, 1.º Secretário da Embaixada de Cuba, destacando-se entre outras presenças, a da Senhora Embaixadora Johana Tablada e da Senhora vice-Presidente da Câmara Municipal do Seixal, Vereadora Corália Loureiro.

De salientar a clara exposição de Melne Martinez que começou por afirmar que a saúde foi uma das primeiras prioridades do governo cubano saído da Revolução, já que dos 6.286 médicos existentes, cerca de 3.000 abandonaram o país. Hoje a realidade é bem diferente, licenciando-se anualmente nas suas 24 faculdades mais de 11.000 novos médicos, entre eles mais de 5.000 cubanos e os restantes de 59 países da América Latina, África, Ásia e até dos Estados Unidos da América, a quem são concedidas bolsas de estudo para que se formem gratuitamente, em igualdade de circunstâncias com os estudantes cubanos, regressando às suas comunidades para que prestem assistência ao seu povo.

Com 1 médico por cada 148 habitantes, Cuba é, segundo a Organização Mundial de Saúde, a nação mais bem dotada neste sector, contando o país com 161 hospitais e 452 unidades policlínicas, tendo como opção uma rigorosa política de prevenção, já que a saúde primária é fundamental para que se possa diminuir a curativa. Por isso a taxa de mortalidade infantil situa-se nos 4,9 por mil (60 por mil em 1959) e a esperança de vida dos cubanos está nos 78,8 anos (60 anos em 1959), o que de acordo com as Nações Unidas, estes índices são similares e até superiores aos de muitas nações mais desenvolvidas.

Muitos destes médicos têm integrado desde 1963 brigadas internacionalistas de apoio a vários países do mundo onde fazem falta pela escassez de recursos ou de primeira intervenção em caso de catástrofes, contabilizando-se até aos dias de hoje mais de 130.000 profissionais de saúde que já prestaram a sua colaboração em outras nações.

Desde 1976 Cuba já fundou escolas de medicina em vários países considerados do 3.º mundo, onde permanecem centenas de cubanos (médicos, enfermeiros e técnicos) que aí ministram as suas aulas para formarem localmente novos profissionais.
  
Em virtude de um acordo de saúde bilateral vigente desde 2009, prestam neste momento os seus serviços em 40 localidades de Portugal 70 médicos cubanos e cada vez são mais os portugueses que viajam para Cuba com a finalidade de aproveitarem as facilidades do turismo de saúde em tratamentos especializados.

No campo internacionalista há também que destacar a “Operación Milagro” a qual já permitiu a mais de 2 milhões de pessoas de cerca de 35 países recuperarem ou melhorarem a sua visão graças aos especialistas cubanos.

Os médicos nascem do povo, não de elites e por isso têm uma forte capacidade de adaptação, ultrapassando as maiores dificuldades e estabelecendo uma relação médico-doente fluida e amistosa que é reconhecida pelas comunidades onde estão inseridos.

A formação de um médico cubano leva-o a que em consciência não veja o doente como uma mercadoria ou um cliente, mas sim como um cidadão que tem direito à saúde desde que nasce até que morre, sem distinções de qualquer espécie. E isso faz toda a diferença.

(Celino Cunha Vieira)